Sangue e Orgulho

⚔️🔥

Capítulo 3 – “Sangue e Orgulho”

O sol da tarde se escondia atrás dos prédios de concreto, tingindo a cidade com um vermelho quase ameaçador. O vento soprava forte, espalhando o som distante de sirenes e passos apressados.

Ren caminhava ao lado de Aki, o corpo ainda dolorido do treino da manhã.

— Tu pegou leve comigo hoje, né? — ele disse, tentando soar confiante.

Aki riu de canto. — Se eu pegasse leve, tu ainda tava deitado no chão do ginásio.

Ren fingiu indignação, mas por dentro sabia que era verdade. Aki lutava como uma profissional — os reflexos, a precisão, até o olhar frio nos golpes. Ela era diferente de tudo o que ele já tinha visto.

No entanto, o riso desapareceu quando ambos ouviram o som metálico de uma garrafa chutada. Aki parou imediatamente, os olhos se estreitando.

— Sente isso? — ela murmurou.

— O quê? — Ren olhou ao redor.

— Silêncio demais.

Do beco à direita, quatro figuras emergiram. Jaquetas de couro vermelhas, símbolos de lobo nas costas — os Lobos Vermelhos.

Na frente vinha Ryo, o braço direito do chefe da gangue. O mesmo que Aki havia humilhado uma semana antes. Um corte novo atravessava o rosto dele.

— Ora, ora… Olha quem temos aqui. — Ryo sorriu, girando um cano de ferro nas mãos. — A “garotinha dos punhos de ferro” e seu namorado valentão.

Ren corou. — N-namorado?!

Aki cruzou os braços. — Cala a boca, Ryo. Se quiser brigar, fala logo.

Ryo jogou o cano no chão e estalou os dedos. — Hoje, ninguém vai sair andando.

Os três comparsas dele cercaram o beco. Ren sentiu o coração acelerar. Ele engoliu seco e olhou pra Aki, que respirava fundo, tranquila, como se aquilo fosse um treino comum.

— Ren — disse ela, sem virar o rosto. — Fica atrás de mim.

Ele cerrou os punhos. — Não. Dessa vez, eu luto também.

Aki virou o olhar, surpresa. Mas o que viu ali — aquele brilho teimoso nos olhos dele — a fez sorrir.

— Tá bom, herói. Só não morre, tá?

O primeiro golpe veio como um trovão. Um dos Lobos correu com uma corrente, mirando o pescoço de Aki. Ela desviou com um giro e o acertou no abdômen, mandando-o contra a parede.

Outro tentou atacar pelas costas — mas Ren, impulsivo, o interceptou com um soco desajeitado. Doeu mais nele do que no oponente, mas o impacto serviu pra distrair o inimigo tempo suficiente pra Aki derrubá-lo.

— Bom trabalho, aprendiz — ela riu. — Só tenta não quebrar tua própria mão da próxima vez.

— Eu… tô bem — gemeu Ren, balançando a mão vermelha.

Mas a risada acabou rápido. Ryo avançou. Diferente dos outros, ele era forte. Muito. O chão tremeu quando o cano de ferro atingiu o asfalto.

Aki desviou do primeiro golpe, bloqueou o segundo, mas o terceiro acertou de raspão no ombro dela. O som metálico ecoou. Ela cambaleou.

— Aki! — Ren gritou.

Ryo riu alto. — Acha que pode me humilhar e sair viva, hein? Hoje eu quebro teu orgulho, garota!

Ren correu em direção a eles, mas Ryo o atingiu com um chute lateral que o jogou contra a parede. A visão de Ren ficou turva. O gosto de sangue desceu pela garganta.

Ryo levantou o cano novamente, mirando Aki caída.

Mas antes que o golpe descesse, uma voz fraca ecoou:

— Não… encosta… nela.

Ren levantou-se devagar. Os olhos dele, normalmente castanhos, agora tinham um brilho âmbar, quase dourado. A raiva, o medo e a vontade de proteger Aki se misturaram em uma única energia bruta.

Ryo hesitou por um instante. — Que porra é essa…?

Ren deu um passo à frente.

O ar ao redor dele pareceu vibrar.

Quando Ryo tentou atacar, Ren desviou instintivamente — rápido demais pra ser normal — e atingiu o peito do inimigo com um soco direto.

O impacto foi tão forte que o corpo de Ryo voou dois metros antes de cair no chão, o cano girando no ar.

Silêncio.

Aki olhava boquiaberta.

Ren, ofegante, olhou para as mãos, trêmulo. — Eu… o que foi isso?

Aki se aproximou, ainda atordoada. — Ren, teus olhos…

Ele piscou e o brilho desapareceu.

— Meus olhos?

— Brilharam… como fogo.

Mais tarde, na cobertura do prédio onde treinavam, Aki cuidava dos ferimentos de Ren.

O céu noturno estava cheio de estrelas, e a lua iluminava o rosto dela com suavidade.

— Tu devia ter ficado pra trás, sabia? — ela disse, colocando um curativo no braço dele.

— E deixar tu sozinha com quatro caras armados? — ele sorriu. — Nem morto.

Aki balançou a cabeça, mas o canto da boca traiu um leve sorriso.

— Foi idiota. Mas… valente.

Silêncio breve. O vento soprou leve, mexendo o cabelo dela.

Ren olhou pro céu, pensativo. — Aki… aquilo que aconteceu. Eu senti como se… algo dentro de mim acordasse.

Ela ficou séria. — Não era normal. Eu vi o jeito que o ar mudou ao teu redor. Como se tua energia… tivesse viva.

— Energia? Tipo poder?

— Talvez. — Ela levantou-se e olhou para o horizonte. — Meu mestre dizia que algumas pessoas têm “chamas interiores”. Força espiritual que desperta em momentos de desespero.

Ren riu, sem graça. — Então quer dizer que eu sou um anime ambulante agora?

Aki deu um leve tapa na cabeça dele. — Idiota. Isso é sério.

Ele sorriu, e por um momento, os dois ficaram apenas olhando o luar refletido nas janelas distantes.

Mas Aki sabia — algo mudou naquela noite. E não apenas no corpo de Ren.

Na manhã seguinte, a notícia do confronto correu pela cidade.

Os Lobos Vermelhos juraram vingança.

E, do outro lado da cidade, uma figura observava as fotos amassadas no jornal local: Ren e Aki, lado a lado, sujos e feridos.

— Então esse é o garoto com os olhos de fogo… — murmurou o homem, apagando o cigarro. — Interessante. O chefe vai querer saber disso.

Um símbolo desenhado no papel revelava o nome de uma nova ameaça: “Os Dragões de Aço.”

De volta ao telhado, Aki e Ren treinavam novamente.

Ela tentava analisar o que acontecera na luta.

— Tenta lembrar — disse ela. — O que tu sentiu antes de o poder despertar?

Ren fechou os olhos. — Medo. Muita raiva. E… vontade de te proteger.

Ela desviou o olhar, corando levemente. — Tsc… bobo.

Ren abriu os olhos. — Eu quero aprender a controlar isso, Aki. Se eu for mesmo… diferente.

Aki sorriu, um sorriso raro e verdadeiro. — Então vamos descobrir juntos. Mas aviso — eu não pego leve.

— Já percebi isso — ele riu.

Aki respirou fundo, assumindo a postura de combate.

Ren a imitou.

— Certo — ela disse. — Mostra o teu fogo, Ren.

E quando os dois avançaram um contra o outro, sob a luz dourada da manhã, o som dos punhos ecoou como trovões.

Mas, no fundo, nenhum dos dois sabia que aquele treino marcava apenas o início de uma guerra muito maior.

Mais populares

Comments

Aiko

Aiko

Parabéns, autora, você é realmente talentosa!

2025-10-14

1

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!