🔥 Capítulo 4 — “O Fogo e o Coração”
Capítulo 4 — “O Fogo e o Coração”
O sol nascia preguiçoso por trás dos prédios de concreto. A cidade ainda acordava, mas no topo do ginásio abandonado, duas silhuetas já se moviam com energia.
Aki e Ren.
Treinando desde antes do amanhecer.
— De novo! — gritou Aki.
Ren, suado, arfava enquanto tentava reproduzir um golpe de punho que ela acabara de demonstrar.
O resultado? Um chute no próprio pé e um desequilíbrio que o mandou direto ao chão.
THUD!
— Ai… meu orgulho… — ele gemeu, encarando o céu.
Aki suspirou, cruzando os braços. — Tu é mesmo um caso perdido, Ren.
— Ei, pelo menos eu caí de um jeito estiloso! — ele rebateu, erguendo o polegar.
Ela soltou uma risada curta, e por um momento o clima pesado da manhã se dissolveu.
— O treino não é só físico — disse Aki, voltando ao tom sério. — Pra controlar teu poder, tu precisa alinhar a mente com o corpo.
Ren se levantou, limpando o rosto com a camisa. — Mente e corpo… certo. Tipo um Wi-Fi espiritual.
Aki o olhou, confusa. — Um o quê?
— Esquece. — Ele riu. — Continua.
As horas passaram entre suor, risadas e quedas.
Aki era impiedosa, mas paciente. Ela explicava cada movimento, cada respiração, cada momento em que Ren devia sentir o calor interior que despertara na luta.
— O fogo que tu carregas não é inimigo — disse ela, em um intervalo. — Ele é parte de ti. Mas se deixar ele dominar tua raiva, vai te consumir.
Ren a olhou, atento.
— E como eu controlo isso?
— Primeiro, entende o que o acende.
Silêncio.
Ren pensou na luta. No medo de perder Aki. No desejo de protegê-la.
Aquilo havia despertado algo nele.
Ele fechou os olhos, respirando fundo.
Por um instante, o vento parou.
Uma leve faísca dourada dançou em volta da mão dele — pequena, mas quente.
Aki sorriu.
— Aí está.
Ren abriu os olhos e viu a luz desaparecer.
— Eu fiz isso?
— Sim. — Ela cruzou os braços, satisfeita. — Agora, tenta de novo.
Depois de um treino longo, os dois se sentaram no parapeito do telhado, com duas garrafas de água.
Aki bebia em silêncio.
Ren, exausto, olhava o horizonte.
— Tu sempre treina sozinha assim? — perguntou ele.
— Desde pequena — respondeu. — O mestre dizia que o corpo é como uma espada. Se tu não afiar, enferruja.
— Deve ter sido difícil…
Aki deu de ombros. — A solidão também é treino.
Ren ficou em silêncio por um tempo, observando o perfil dela iluminado pelo sol poente.
— Se quiser, eu posso te fazer companhia… nos treinos, quero dizer.
Ela olhou de canto e sorriu levemente. — Tu já faz isso, idiota.
No dia seguinte, o treino ficou mais intenso.
Aki decidiu que Ren precisava aprender a canalizar o fogo interior em movimento.
— Pensa na energia fluindo pelo teu corpo. Sente ela nos pés, nas mãos. Não tenta forçar, apenas direciona.
Ren respirou fundo.
As lembranças da luta voltaram — a raiva, o medo, a vontade de proteger.
O calor cresceu dentro dele, queimando o ar.
Faíscas douradas envolveram seus punhos.
— Isso! — gritou Aki. — Agora, golpeia o alvo!
Ren avançou. O soco atravessou o ar com um som seco e liberou uma onda de calor que rachou o concreto.
Ele olhou, surpreso. — Eu… consegui?
Aki sorriu. — Não está no controle total ainda, mas é um bom começo.
Ren piscou, depois riu. — Aposto que com mais uma semana eu fico mais forte que tu.
Aki arqueou uma sobrancelha. — É mesmo? Então mostra.
O treino virou uma disputa.
Ren tentava superar Aki, mas ela sempre o derrubava no último instante — às vezes com um chute, às vezes com um golpe no ombro.
— Isso foi sujo! — ele reclamou.
— A vida não tem regras — respondeu ela, com um sorriso provocante.
Ren se jogou no chão, fingindo rendição. — Eu desisto! Essa mulher é uma máquina!
Aki cruzou os braços. — Uma máquina que vai te fazer o guerreiro mais forte dessa cidade, se tu não morrer antes.
À noite, o clima era diferente.
Os dois descansavam na cobertura do prédio, sob o brilho suave dos postes.
Ren olhava para as mãos, pensando no que acontecera.
— Aki… — começou ele, hesitante. — Quando tu lutou com o Ryo, tu parecia… fria. Mas quando eu fui atingido, tu ficou furiosa. Por quê?
Ela desviou o olhar, mexendo nos próprios cabelos. — Porque tu é idiota.
— Isso eu já sei. Mas… tem mais, né?
Silêncio.
Aki respirou fundo, olhando o céu. — Eu perdi alguém assim, há muito tempo. Ele tentou me proteger… e morreu.
Ren ficou imóvel.
— Desculpa… eu não sabia.
— Eu também não devia ter deixado tu lutar. Mas tu fez do teu jeito. E… no fim, salvou a gente.
Ren sorriu de leve. — Então estamos quites.
Aki olhou pra ele.
Por um instante, os olhos dela suavizaram — aquele olhar duro deu lugar a algo mais humano, mais frágil.
— Talvez — disse ela baixinho.
Enquanto isso, em outro ponto da cidade, o líder dos Dragões de Aço observava relatórios e fotos sobre o confronto dos Lobos Vermelhos.
— O garoto com olhos dourados… — ele murmurou. — O que mais essa cidade está escondendo?
Um subordinado se aproximou. — Chefe, quer que eliminemos os dois?
O homem sorriu, acendendo um cigarro. — Ainda não. Vamos observar primeiro. Às vezes, o fogo queima sozinho.
De volta ao telhado, Aki e Ren preparavam o último exercício do dia: controle emocional.
Ela colocou uma vela entre eles.
— O objetivo é manter a chama estável. Nem muito forte, nem apagada. É o equilíbrio entre força e calma.
Ren se concentrou.
A chama tremia, oscilava… depois se estabilizou.
Aki observou, impressionada.
— Tu aprendeu rápido.
— É porque tive uma boa professora. — Ele sorriu.
Ela corou, desviando o olhar. — Cala a boca e continua, fogo de palha.
Ren riu alto, e o riso dela o acompanhou — uma risada leve, rara.
Enquanto o vento noturno soprava, Aki olhou para Ren e pensou no que seu mestre dizia:
“Às vezes, o fogo que parece destruir, é o mesmo que forja o aço.”
Ela não sabia ainda, mas o fogo de Ren não era apenas poder — era o elo que uniria seus destinos.
E em algum lugar nas sombras, os olhos frios dos Dragões de Aço observavam…
Esperando o momento certo para atacar.
🔥 Fim do Capítulo 4 — “O Fogo e o
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Atualizado até capítulo 41
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