Camila segurava a pequena bolsa com força enquanto caminhava pela rua movimentada. A cidade era grande demais, barulhenta demais, e cada esquina parecia uma ameaça nova. Mas ela precisava de dinheiro, precisava se manter e começar a construir uma vida longe do passado que a perseguia no interior.
Ela havia feito algumas pesquisas rápidas antes de sair de casa, procurando qualquer oportunidade que pudesse aceitar: panfletos colados em postes, anúncios online, pequenas lojas e restaurantes. Não queria luxo, queria apenas algo que permitisse pagar o aluguel da pensão e comer sem preocupações.
Um pequeno restaurante de entrega chamou sua atenção. O anúncio dizia:
“Entregadora de moto – experiência não necessária. Treinamento incluso.”
Camila sorriu aliviada. “Isso eu consigo”, pensou. A habilidade de dirigir moto no interior, percorrendo estradas de terra e desvios complicados, podia servir perfeitamente na cidade — mesmo que o trânsito fosse mais caótico do que ela jamais imaginara.
Ela entrou no restaurante, um pouco apreensiva. O cheiro de comida quente misturado com café fresco trouxe uma sensação estranha de conforto, lembrando um pouco a cozinha da mãe. Atrás do balcão, um homem de sorriso simpático olhou para ela.
— Olá! Você veio pela vaga de entregadora? — perguntou.
— Sim, senhor — respondeu Camila, tentando manter a postura firme, mas sentindo a ansiedade borbulhar.
— Ótimo! Não se preocupe com experiência. A cidade é confusa mesmo, mas vamos treinar você. Tem que saber usar o GPS, dirigir com cuidado e cuidar da comida. Está pronta para tentar?
— Sim! — disse Camila, sentindo uma pontada de confiança.
Ele entregou a ela um colete da empresa, um capacete e um pequeno manual de rotas. Camila colocou o capacete, ajustou o colete e respirou fundo.
— Só mais uma coisa — disse o homem com sorriso divertido —. Não se assuste se se perder um pouco no começo. Todo mundo se perde. A cidade é um labirinto.
Camila assentiu, determinada. Ela respirou fundo e deu a partida na moto. O GPS começou a emitir instruções, piscando na tela do celular preso ao guidão. Ela sentiu o coração disparar, mas ao mesmo tempo uma sensação de adrenalina e liberdade.
A primeira entrega seria um desafio, mas Camila estava pronta. Ela desviou de carros, pedestres e até de um cachorro que atravessou na frente da moto. Cada curva, cada semáforo, exigia atenção máxima, mas ela conseguiu chegar no destino sem grandes problemas.
Quando finalmente estacionou e carregou a comida para a porta, sentiu que estava começando algo novo. Algo que poderia ser simples, mas que também poderia mudar sua vida.
Camila respirou fundo, tentando se recompor após o caos do trânsito da cidade. Ela apertou o manual da empresa contra o peito por segurança e bateu na porta do apartamento indicado pelo GPS.
A porta se abriu devagar… e ela quase engasgou ao reconhecer o homem que estava à sua frente. Era ele. O mesmo homem do café: elegante, imponente, olhos penetrantes que pareciam avaliá-la em segundos.
Ele não sorriu. Não disse nada. Apenas estendeu a mão para pegar a bandeja, de forma fria e direta, sem nem mesmo olhar para ela por mais de um segundo.
— Aqui está — disse Camila, tentando soar firme, mas a voz saiu trêmula.
Julian pegou a comida sem nenhum comentário, examinando rapidamente o pacote e colocando-o sobre uma mesa de vidro. Cada movimento dele era calculado, eficiente, sem espaço para emoções.
Ela tentou falar novamente, talvez iniciar uma conversa, mas ele interrompeu:
— Assine aqui — disse, entregando uma prancheta com um recibo. Sem emoção, sem um gesto que indicasse gentileza.
Camila assinou, sentindo o coração disparado. Ele a observava apenas o suficiente para garantir que tivesse cumprido o procedimento. Não havia sorriso, não havia gentileza, apenas autoridade e frieza.
Quando a entrega terminou, ela tentou agradecer:
— Obrigada… pelo pedido…
Julian se virou, abriu a porta e fechou atrás de si sem uma palavra, deixando Camila parada na entrada, segurando o capacete, o coração acelerado e a sensação de que ele era misterioso, frio e absolutamente irresistível.
Ela respirou fundo, ainda sentindo o impacto daquele encontro. Mesmo sem demonstrar nada, ele havia deixado uma marca: o frio, a eficiência e a presença dominadora de Julian Blackwell eram impossíveis de ignorar. Camila percebeu que aquela cidade podia ser grande, perigosa e cheia de desafios… mas Julian seria, de alguma forma, uma constante que ela não poderia simplesmente ignorar.
Enquanto voltava para a moto, ajustando o GPS e evitando o trânsito caótico, Camila repetia para si mesma:
" que cara sem noção"
E naquele instante, sem perceber, a história deles começava a se entrelaçar, mesmo com toda a frieza dele.
Julian 30 anos.
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Atualizado até capítulo 28
Comments
j. alves
❤️ lindo 🤌🏻
2025-10-14
1