Os divórcios

Passamos mais de uma hora do hospital, minha mãe teve um pico de pressão alta, meu pai estava tranquilo, tranquilo até demais. Flávia pediu ao nosso tio irmão de nosso pai, para pegar ela no hospital, ela não conseguiu lidar muito bem com a situação toda.

Eu só não fui também porque ainda não me liberaram.

Vem um ortopedista e me fala que vou ficar com uma tala até meu dedo se reestabelecer no lugar, não era quadro cirúrgico, ainda bem, fui liberada.

Estava no carro com minha mãe, meu pai estava no dele logo atrás. Nós duas num silêncio fúnebre, nem uma música me atrevi a colocar. Quando meu celular notifica uma mensagem.

💬 Danniel - oi, espero que esteja bem. - mensagem de Danniel me pegou de surpresa, eu nem sabia que ele tinha meu número.- Você vai ir pra casa ainda hoje?

Eu- Já estou a caminho de casa. Como Julia está?

Danniel - ela está dormindo, a tarde foi muito agitada.

Já era por volta das 17:00 da tarde.

Eu- você está bem?

Danniel- sim estou.

Danniel - meu pai pediu o divórcio da minha mãe. Como sua mãe está com notícia?

Eu- eu, na verdade, não sei. Eu falei para ela no hospital, ela passou mal, mais foi medicada.

Danniel - então, por um lado sua queda foi boa.

Eu- não foi boa, você sabe que eu quebrei o dedo né.

Danniel - eu pude ver, quando seu pai te levantou do chão.

Eu- queria que minha mãe separasse do meu pai também. Não sei como conviver com ele na mesma casa.

Danniel - Deixa as coisas fluírem. Boa sorte aí com sua família. Tchau!💬

Ele é assim, aparece do nada e some como um mágico num show. Volto minha atenção para minha mãe dirigindo, já estamos próximo de casa, e ela está chorando.

Ana Lúcia - vai ficar tudo bem Lívia, eu irei conversar com seu pai, e vamos decidir o que fazer, não se preocupe.

Eu não respondi, penso que ela disse isso mais para ela, do que para mim.

Chegamos na nossa rua, e vejo nosso vizinho ainda arrumando o carro, dessa vez a esposa dele não está presente, é ele não sabe ser discreto, está fingindo limpar as rodas do carro, olho para casa de Júlia e não vejo movimento nenhum, logo percebo que o carro de Danniel e do tio Gabriel não estão na garagem da casa, eles parecem que não estão.

Descemos e entramos em casa, meu pai entrou logo atrás.

Carlo- vai para o quarto Lívia.

Antes que eu dê um passo para subir minha, mãe quebra o jarro de flores que tinha logo na sala de jantar.

Ana Lúcia - o jarro... não gostava dele, não combinava com a casa. - eu fiquei assustada com aquilo- suba para o quarto Lívia.

Eu subi correndo e vejo que vai iniciar uma conversa nada calma entre eles, entro no quarto e me tranco. Meu coração dói, me sinto sufocada, não consigo nem deitar e fechar os olhos que logo me vem a mesma cena do meu pai e a Soraia na cama. Eu começo a chorar, quando escuto algumas coisas caindo lá em baixo. Queria sair daqui.

Meu celular está tocando, olho a tela e vejo o número de Danniel, atendo logo.

📲 Danniel- Oi Lívia, vim te buscar, desce.

📲 Eu- não quero ver a confusão lá em baixo.

📲 Danniel- vai para o quarto de Flávia, da sacada da janela é melhor de te ajudar a descer.

💭como ele sabe disso? 💭

📲Eu- tá bom. Estou indo.

Encerro a chamada e vou para o quarto da minha irmã. Quando chego perto da janela vejo minha mãe me procurar.

Ana Lúcia - Lívia, liga para Flávia vir arrumar as coisas dela, vamos embora, agora.

Olho assutada para ela que entra no quarto da minha irmã. Ela se aproxima e ver Danniel próximo à janela, dessa vez quem paralisou foi ele.

Eu- mãe como assim vamos embora? agora?

Ana Lúcia - Oi Danniel, a Lívia não vai poder ir com você. Espero que você e seus irmãos fiquem bem, depois do que houve.

Coitado do Danniel paralisou que nem conseguiu responder.

Ana Lúcia - Vamos Lívia liga para Flávia, vamos embora ainda hoje, seu pai e eu estamos nos divorciando.

Aquela frase doeu mais que o tapa que levei do meu pai. E porque nós que vamos embora e não ele. Olho para Danniel e ele me olha com aquele olhar de pena. Da um aceno de tchau e vai embora no escuro do beco que era a sacada da minha irmã.

E nesse dia, fomos embora sem nos despedir. Minha mãe não quis nada do meu pai, e não foi difícil para nos mudarmos, pois ela não tinha emprego, e nós não estudávamos, eu estava decidindo qual faculdade entrar e minha irmã já era modelo, era fácil se deslocar para outra cidade.

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