Continuação

Estou andando fora de mim, nem pensando em nada estou, só estou indo. Quando me assusto com a buzina de um carro, olho para o lado e vejo tio Gabriel pai de Júlia, eles estavam voltando do jogo. E agora.

Gabriel — Lívia vai onde? Quer carona?

Eu fiquei imóvel, sempre fui assim, nunca fui de reagir, nem mesmo quando criança quando Danniel me jogava uma bola ou outros brinquedos, eu via o objetivo vir em minha direção e paralisava, tudo acertava em cheio a minha cabeça. Mas enfim.

Eu _ Tio preciso ligar para minha mãe antes.

Aposto que ele pensou que eu tava drogada, vejo no banco do passageiro Danniel rir da minha cara, e Matteo só olha com aquele olhar de pena de sempre. Estou tremendo não consigo segurar direito meu celular. Tio Gabriel ver que não tô em condições de segurar o celular e desce do carro.

Gabriel _ calma deixa eu te ajudar. Você não parece bem, entra no carro. Você bebeu algo ou usou? - 💭eu sabia que ele pensava que estava drogada 💭.- a Júlia estava com você?

Eu_ tio não vai pra casa. A gente precisa achar a Júlia e chamar minha mãe.

Vejo o olho dele arregalar, claro né, ele pensa que eu tô drogada agora também deve achar que a filha dele está drogada e perdida nessa cidade.

Gabriel- onde a Júlia está?

Vejo Danniel me fuzilar com os olhos saindo de dentro do carro numa velocidade anormal. Ele se aproxima e eu perco o fôlego, e começo a chorar, não sei se estava com medo dele me bater ou se estava desesperada pela situação. Matteo desce do carro e me abraça tentando me acalmar.

Danniel — o que vocês estavam fazendo?

Gabriel — liga para Júlia, Danniel.

Eu- ela deixou o celular dela em minha casa.

Gabriel — o que houve? Por que ela sumiu?

Danniel- calma pai, vamos levar Lívia para casa lá a gente ver o que está acontecendo.

Gabriel — isso, você tem razão, entrem vamos.

Claro que eu não queria voltar, mais precisava ver onde Júlia poderia estar, chegando próximo de casa, estava muito calmo, tudo normal. Claro eu vi o vizinho fingindo arrumar o carro na garagem com a esposa, e claramente o carro não precisava de conserto algum, saio da minha análise com Danniel me chamando para sair de dentro do carro.

Ao sairmos percebo todos correndo casa adentro na casa de Júlia, vejo que tem gritaria e barulho de vidro estilhaçado, entro atrás de Danniel e vejo Julia jogando todos os porta retrato da parede no chão, ela estava gritando. Tio Gabriel agarrar ela pela cintura e puxa, para imobilizar ela, agora com certeza ele pensa que ela está drogada.

Vejo acima da escada Soraia chorando sentada no chão. E Matteo corre onde a mãe pra consolar ela, Danniel permaneceu na minha frente para me proteger de entrar e pisar nos vidros na sala. E escuto o que o tio Gabriel está falando, é sério que ele está rezando, ele acha que ela está possuída. Eu corto a oração gritando.

Eu- ela não está com o demônio, e nem drogada.

Todos olham pra mim, pronto interrompi a oração. E eu continuo.

Eu- Nós pegamos a tia Soraia e meu pai na cama agora pouco. A Júlia está surtando por conta disso.

Quando termino de falar sinto meu rosto queimar, levei um tapa tão forte que quase caí, não caí porque Danniel me segurou. Olho para direção de onde apanhei e levo mais dois tapas, era meu pai, ele veio proteger o segredo dele. Quando ia receber mais um tapa Danniel segurou a mão do meu pai, foi a oportunidade para mim fugir. Quando ia saindo da porta tropeço e caio depois da calçada, olho para minha mão e vejo meu dedo indicador torto, quebrou.

Meu pai veio em minha direção e eu me encolhi, não por dor do meu dedo quebrado, eu achei que ele me bateria mais. Mais ele me apanhou do chão e perguntou se estava doendo. Ali vi meu pai, me levando pro hospital.

No hospital estava em atendimento chorando muito dessa vez de dor. Mais o médico estava imobilizando meu dedo. Quando minha mãe entra desesperada na sala onde estou. Acho que ela descobriu.

Mãe- filha pelo amor de Deus como que você está?

Eu- espero que melhor que você mãe. Como você está?

Mãe- filha você bateu a cabeça? - ela pergunta passando a mão no meu cabelo soltando ele procurando algum hematoma.- tá sentindo tontura filha?

Eu- mãe para, mãe o pai tava te traindo com a Soraia.

Nesse momento eu percebo que ela não chegou a ir em casa, vejo Flávia na porta parada com o que eu disse, ela é outra mosca morta sem reação. Olho pra minha mãe ela empalideceu, falei pra minha irmã chamar um médico. Meu pai tava sentando ao nosso lado numa poltrona de acompanhante, ele levantou e pegou na mão da minha mão e sentou ela na poltrona.

Minha mãe tava chorando agora, não entendendo nada. Eu comecei a falar tudo pra ela. E meu pai ao nosso lado escutando tudo, como se o que eu tava contando fosse história de algum filme.

Todo mundo parece que ficou mudo, minha mãe chorava na poltrona enquanto a enfermeira media a pressão dela, minha irmã chorando segurando o batente da porta, e meu pai parado junto com o médico observando a cena. E eu com o dedo engessado não podia nem ligar pra Júlia pra saber como estava as coisas por lá.

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