A Contra-Ataque Silencioso
(Ponto de Vista: Sofia Bianchi)
A manhã chegou fria, mas não tão gelada quanto a repulsa que eu sentia por mim mesma. Eu estava deitada sozinha na cama imensa, o lado de Dante já vazio e arrumado, como se a noite anterior tivesse sido apenas um pesadelo febril que só eu vivi.
Meu corpo estava dolorido, mas minha mente estava estranhamente clara. Ele havia me forçado a casar, me forçado a obedecer, e, por fim, me forçado a ceder à atração. Mas aquela rendição não era o fim; era apenas o primeiro round. O Executor havia vencido a batalha, mas a guerra da minha vontade estava apenas começando.
Levantei-me e encontrei um roupão de seda jogado na poltrona. Ele era pesado, macio, e carregava o cheiro de Dante — tabaco e autoridade. Eu me recusei a usá-lo, pegando o único moletom que eu havia trazido de minha vida passada.
O quarto ao lado era um pequeno escritório, com uma escrivaninha de mogno e pilhas de livros. Dante havia mencionado que eu poderia estudar aqui. Eu não era uma prisioneira comum; eu era uma prisioneira com acesso à informação, e isso era a primeira falha nas regras dele.
Eu não procurava uma rota de fuga. Eu procurava um ponto de alavancagem.
Eu abri meu laptop e encontrei o que ele me havia permitido manter: meus arquivos da faculdade de Direito. Eu comecei a pesquisar a Família Moretti, não nos tabloides, mas nos arquivos de registro de propriedades e processos judiciais obscuros. Eu estava procurando o calcanhar de Aquiles legal que o dinheiro dele não podia cobrir.
Horas depois, Marco bateu à porta e me chamou para o almoço. Dante não estava em casa. A dispensa dele era outra falha: ele não me forçava a vê-lo constantemente.
O almoço foi na grande sala de jantar, solitário. Eleonora estava fora. Apenas Salvatore, o Consigliere, estava presente, lendo documentos. Ele mal olhou para mim.
"Você tem apetite, considerando a situação," Salvatore comentou, sem levantar os olhos de seus papéis.
"A vida continua, Salvatore," eu respondi, mantendo a voz uniforme. "Eu sou uma Moretti agora. Ou como Dante prefere, sua propriedade. E uma propriedade cara deve ser bem cuidada."
O Consigliere finalmente levantou os olhos, e havia um brilho de interesse, talvez até de respeito, em seu olhar. "Você é mais esperta do que parece, Sofia. Ou mais tola."
Eu ignorei o comentário e decidi testar a Regra Número Dois (Você não falará sobre os negócios da minha Família com ninguém).
"Eu ouvi a menção do nome Ricci no jantar ontem," eu disse, olhando diretamente para ele. "A rivalidade é antiga ou é sobre território? Minha curiosidade é puramente legal, claro. Em termos de segurança de propriedade."
Salvatore fechou a pasta de documentos abruptamente. Sua expressão era de surpresa, mas rapidamente se tornou fria.
"Você não deve fazer perguntas," ele sibilou. "É a primeira lição que Dante lhe deu."
"Dante me deu regras, não lições," retruquei. "E a minha regra pessoal é: conhecer o inimigo. Ricci é o inimigo? Ou apenas um vizinho ruidoso?"
Salvatore ficou em silêncio por um longo momento. Ele percebeu que eu o havia colocado em uma armadilha. Me repreender seria admitir que havia um problema. Me ignorar seria admitir minha teimosia.
Ele sorriu, um sorriso fino e profissional. "Os Ricci são um aborrecimento, Sofia. Nada mais. Não se preocupe com eles. Seu trabalho é fazer Dante feliz. E, dada a sua formação, talvez devesse focar em ser discreta."
Eu obtive o que queria. A Família Ricci era real, e eles eram um problema grande o suficiente para Salvatore se irritar.
Voltei para o escritório, e a noite caiu rapidamente. Eu estava exausta. Mas antes de me recolher, liguei o computador novamente. Eu havia encontrado algo. Um processo legal antigo envolvendo a Família Moretti, um terreno em Manhattan e uma disputa de sucessão. Não era sobre crime, mas sobre dinheiro e poder legal. O tipo de buraco negro burocrático que Dante, o Executor de Aço, provavelmente acharia tedioso demais para resolver pessoalmente.
Eu imprimi o documento. Era um volume pequeno, mas a informação era uma mina de ouro. Eu tinha uma nova missão: ser útil.
Quando a porta do quarto se abriu, indicando o retorno de Dante, eu já estava na cama, vestida e de costas para ele. O silêncio na sala era tenso.
"Você me ignorou no almoço," ele disse, sua voz grave, vinda do outro lado do quarto.
"Você não estava lá," respondi, sem me virar. "E eu estava ocupada estudando, como você me permitiu."
Eu senti o peso dele na beira da cama. Ele estava perto, mas não me tocou. A punição silenciosa pelo meu desprezo na cama.
"Eu preciso que você olhe para isso," eu disse, virando-me e estendendo o documento impresso. "O processo de sucessão de 2012 em Staten Island. Há uma brecha legal que seu antigo advogado ignorou. Se for corrigida, pode economizar milhões."
Dante pegou o documento. Ele estava esperando ódio, lágrimas ou submissão física. Em vez disso, eu lhe dei trabalho.
Ele folheou o papel rapidamente, e seus olhos esquadrinharam as notas que eu havia feito à margem. Pela primeira vez, o olhar dele não era de desejo ou fúria. Era de intriga profissional.
"Você realmente acha que pode ser útil, moglie?" ele perguntou, o tom misturado entre o sarcasmo e a surpresa.
"Eu sou uma advogada em formação," eu respondi, olhando-o nos olhos, usando minha teimosia como escudo. "Eu sou cara. Use-me. Ou se livre de mim."
Dante jogou o documento na mesa de cabeceira. Ele se deitou, de costas para mim.
"Veremos," ele murmurou. E o silêncio que se seguiu não era de ódio, mas de uma nova, e muito mais perigosa, parceria.
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Atualizado até capítulo 47
Comments
Rose Gandarillas
Uma mulher Dante, não deve ser olhada como fonte de desejo, mas sim admirada por seu caráter, inteligência e sabedoria Tenho certeza que logo...logo percebera que nao tem ao seu lado não apenas um mulher, mas uma parceira.🤔
2025-10-15
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