A Jaula de Ouro
(Ponto de Vista: Sofia Bianchi)
Eu me senti uma boneca manuseada e vestida. Na manhã seguinte, a Família Moretti não perdeu tempo. Meu pai me deixou no apartamento de Dante com um beijo rápido e covarde na testa, parecendo aliviado por ter me vendido.
A viagem para a Mansão Moretti foi silenciosa, feita em um Mercedes blindado com vidros escuros. Eu esperava um bunker no meio do nada, mas a mansão era uma fortaleza discreta na região mais rica de Long Island. Era um palácio de vidro e pedra, frio e moderno, mas com uma arquitetura que gritava "poder antigo".
Quando a porta se abriu, fui recebida não por Dante, mas por um homem grisalho e austero, com a expressão de quem já tinha visto coisas demais. Era Marco, o mordomo. Ele era o rosto da casa, e sua indiferença era quase mais aterrorizante que a raiva aberta.
"A senhorita Bianchi," Marco me cumprimentou, a voz polida. "Seja bem-vinda à sua nova casa. O Capo a espera no escritório."
"Eu não sou a 'senhorita Bianchi'. Eu sou Sofia," corrigi, minha teimosia surgindo como reflexo.
Marco nem piscou. "Sim, senhorita Moretti. Siga-me."
O título me atingiu como um tapa. Moretti. Eu não era mais Sofia Bianchi; eu era uma extensão de Dante.
Fui conduzida por corredores imensos. A casa era impecável, sem nada fora do lugar. Nenhum calor, nenhuma desordem. Uma jaula de ouro perfeitamente limpa.
O escritório de Dante era ainda mais imponente do que onde nos encontramos. Ele estava parado em frente a uma janela que dava para um jardim de inverno, olhando para o nada, como se o mundo externo fosse irrelevante. Ele usava calças sociais e uma camisa preta perigosamente apertada, com os punhos enrolados nos antebraços.
"Você já foi insubordinada com Marco," ele disse sem se virar. "Primeira lição: aqui, você responde ao nome que eu te dou. Você é a esposa do Capo. Você carrega meu nome e meu peso. Não me envergonhe."
Ele se virou, e eu senti a necessidade de dar um passo para trás. A atração era inegável, uma onda fria e perigosa.
"Sua vida, a partir de agora, é definida por regras," ele continuou, caminhando lentamente em minha direção. "Regras que garantem sua segurança e o meu controle."
Ele parou a um braço de distância. Eu me forcei a não desviar o olhar, a mostrar minha teimosia.
"Diga-me," eu o desafiei. "Quais são as minhas regras?"
Dante sorriu, e o sorriso não alcançou seus olhos. Era uma expressão cruel de poder.
"Regra Número Um: Você não sairá desta propriedade sem a minha permissão expressa e a minha escolta. Você pode usar a biblioteca, os jardins internos e o andar principal, mas os cofres e a adega são estritamente proibidos."
"Eu sou uma refém," declarei, tentando não deixar o desespero transparecer.
"Você é uma proteção, Sofia. A diferença é que os reféns são menos bem tratados." Ele ignorou meu protesto.
"Regra Número Dois: Você não falará sobre os negócios da minha Família com ninguém, sob nenhuma circunstância. Você não tem amigos aqui. Você não tem confidentes. Se ouvir algo, engula e esqueça."
Eu mordi o lábio. "E se eu quiser estudar? Minha faculdade de Direito..."
Dante inclinou a cabeça, considerando. "Você pode estudar no escritório que reservamos para você. Mas qualquer correspondência ou aula será monitorada. Sem contato externo. Você já viu o que a curiosidade de seu pai causou."
"Regra Número Três: Você está casada comigo no nome e na aparência. Em público, você é minha, e agirá como tal. Em público, você sorri, me toca, e me defende. Não há brigas, nem olhares de ódio, nem hesitação. Na frente dos nossos, você é leal."
"E no privado?" perguntei, a voz um pouco mais trêmula.
Os olhos de Dante escureceram. Ele estendeu a mão e tocou minha mandíbula, o toque era surpreendentemente suave, mas a intenção era pura possessão.
"No privado, você me odeia à vontade, Sofia. Eu não ligo. Mas não se iluda. Eu a trouxe para esta cama para satisfazer uma dívida, e você será lembrada disso. Nossos encontros serão quando eu quiser, e como eu quiser. E se você quebrar qualquer uma dessas regras," ele apertou levemente a mandíbula, "a dívida de seu pai voltará a ser cobrada, e dessa vez, eu começo com você."
Ele me soltou. O toque frio, de repente, era mais reconfortante que a ausência dele. Ele havia me marcado.
"Eu entendi," murmurei, a cabeça baixa em falsa submissão.
"Não," Dante corrigiu, com a voz baixa e perigosa. "Você não entendeu, Sofia. Você aceitou. Seu quarto está no meu andar. Agora, vá se preparar para o jantar. Você me acompanhará."
Eu me virei, sentindo-me esvaziada, mas estranhamente acesa pela chama da revolta. Ele podia me forçar a casar e a obedecer, mas nunca me forçaria a sentir. Eu sobreviveria à Jaula de Ouro, e no final, ele se arrependeria de ter me trazido para sua vida.
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Atualizado até capítulo 47
Comments
Rose Gandarillas
Eita! Dois titãs... será interessante ver esse embate🤔
2025-10-14
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Luciane Dias
Sofia vai bater de frente 🫢
2025-10-14
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