A Linha Tênue
(Ponto de Vista: Sofia Bianchi)
A porta do quarto de Dante se fechou com um clique pesado, isolando-nos do mundo lá fora. Aquele cômodo, o coração do poder dele, era também o meu cativeiro mais íntimo. A decoração era mínima: cinza, preto e a imensidão de uma cama king-size que parecia um campo de batalha à espera.
Eu me afastei do centro do quarto, apoiando-me na parede fria, como se o mármore pudesse me proteger dele. O jantar havia me exaurido. A performance de lealdade para Eleonora Moretti tinha sido o preço da minha sobrevivência, mas me deixou enjoada.
Dante desabotoou o paletó e o jogou sobre uma poltrona de couro. Seus movimentos eram lentos, deliberados, cheios de uma autoconfiança que me irritava e me atraía ao mesmo tempo. Ele desfez a gravata, e o gesto, tão cotidiano, parecia violento em suas mãos.
"Você se saiu bem," ele disse, a voz mais rouca do que durante o dia. "Aprovada pela Matriarca. Não estrague isso."
"Eu só disse o que ela queria ouvir. Não pense que aquilo foi lealdade, Dante. Foi cálculo."
Ele suspirou, um som de puro tédio. "É disso que eu gosto em você, Sofia. Sua teimosia. Ela é previsível. Mas agora, a noite acabou. E você é minha."
Aquelas palavras, você é minha, me atingiram com a força de um soco. Ele não estava pedindo; estava tomando.
"Eu não sou sua," eu refutei, minha voz tremendo ligeiramente. "Eu sou a dívida do meu pai. E a dívida é paga de muitas maneiras. Eu não sou obrigada..."
Ele se moveu. Não correu, apenas caminhou em minha direção, e a distância entre nós se desfez em dois passos largos. Ele era enorme, projetando uma sombra opressora sobre mim.
"Você é obrigada a tudo que eu ordenar," ele corrigiu, parando tão perto que eu senti o calor de seu corpo e o cheiro amadeirado e picante de seu perfume. "Nós somos casados. Isso significa que meu nome está ligado ao seu. E essa noite, a dívida será cobrada de forma completa."
Eu levantei a cabeça, enfrentando aqueles olhos verdes frios. Eu podia ver o desejo crescendo neles, um fogo lento que ele lutava para controlar. E o pior era que o meu próprio corpo traidor reagia. O medo dava lugar a uma eletricidade perigosa.
"Você pode me forçar a ficar neste quarto," eu murmurei, desafiando-o, usando minha única arma: o meu desprezo moral. "Mas você não pode me forçar a sentir nada por você."
Ele sorriu, o sorriso mais perigoso que já vi, cheio de promessa e ameaça.
"Oh, eu posso, moglie," ele sussurrou (Esposa). "A atração é mútua. Você sentiu o olhar de Salvatore em você no jantar? O desprezo da minha mãe? Eles sabem que você não é nada para mim. Mas você me desafia, e isso acende algo. Seu corpo está tremendo de medo, mas seus olhos estão cheios de fogo. E esse fogo... é meu para controlar."
Ele estendeu a mão e, lentamente, tocou a alça do meu vestido, deslizando a seda sobre meu ombro. O toque foi leve, mas teve o efeito de um trovão. Eu me encolhi, mas não me afastei.
"Você pode odiar a ideia," ele continuou, a voz baixa, "mas você não me odeia. Você está aterrorizada com o que eu faço, mas fascinada com o que eu sou. Uma advogada deve entender a diferença entre o que é certo e o que é inevitável."
Ele segurou meu rosto entre suas mãos quentes, e eu me senti pequena. Minha teimosia era poderosa, mas a atração dele era esmagadora. Ele me beijou.
Não foi suave nem romântico. Foi uma tomada, uma possessão. A boca dele era implacável, exigente, e por um momento eu lutei, tentando virar o rosto. Mas ele me segurou com firmeza, me forçando a aceitar sua dominação, a me render à força perigosa que nos unia.
O beijo era o ódio transformado em desejo, a dívida se tornando uma chama. Eu sabia que, se cedesse, eu me perderia. Mas naquele momento, presa entre a parede e o corpo frio de Dante, a minha única esperança era me perder completamente nele. Eu fechei os olhos e, com um gemido de pura rendição e pânico, beijei-o de volta.
O Executor havia cobrado a primeira parcela da dívida.
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Atualizado até capítulo 47
Comments
Alexsandra Sousa
Que nojo🤮🤮🤮🤮😡
2025-10-24
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