O Dilema e o Jantar

...Sexta-feira, 17:00 horas da tarde...

A semana voou, mas as palavras de Teresa Bianchi não. Elas martelavam na cabeça de Manuela Ferrari com a força de um dilema moral incessante: "Eu estou cuidando da minha amiga e da família dela. O dinheiro não vem com cordas."

Manuela estava exausta. O corpo doía pelo turno extra que havia pegado. A recusa a Valentina foi fácil, motivada pela raiva e pelo orgulho. Mas a recusa a Teresa... essa a fazia questionar sua própria teimosia. Teresa era genuína. A quantia no envelope era a paz, era a chance de trabalhar normalmente e de ter tempo para Alice.

Manuela estava na cozinha, debruçada sobre a bancada, olhando para a chaleira que fervia. O auxílio estava apertado, e o orgulho estava cobrando um preço alto de sua saúde.

A porta da sala se abriu, e Alice Ferrari entrou, a mochila jogada no chão com um baque.

Alice Ferrari: — Mamma, cheguei.

Manuela Ferrari: — Ben tornata, figlia mia. (Bem-vinda de volta, minha filha) — Manuela tentou sorrir, mas Alice viu a testa franzida.

Alice Ferrari: — O que foi? O que está te preocupando? Não é o jantar de amanhã, é?

Manuela hesitou por um momento, mas percebeu que precisava de ajuda e de sinceridade.

Manuela Ferrari: — Não. É o que aconteceu na terça-feira. Eu não te contei. A Valentina Bianchi me ligou e me chamou para o escritório dela.

Alice ficou tensa na hora.

Alice Ferrari: — O quê? Por quê? Por que você não me contou?!

Manuela Ferrari: — Ela fez uma proposta de negócios, Alice. Uma bolsa integral para a universidade que você quisesse e um emprego para você.

Alice Ferrari: — Em troca de quê? De eu me tornar o novo bibelô da obsessão dela? — Alice cruzou os braços, a raiva crescendo. — Isso é inacreditável! Ela não tem caráter nenhum! O que você disse?

Manuela Ferrari: — Eu disse não, Alice. Eu disse que não irei trocar nossa dignidade pelo dinheiro dela.

Alice sentiu um alívio enorme, mas seu olhar ainda era sombrio.

Alice Ferrari: — Você fez certo, Mamma. Essa mulher é nojenta! Eu sabia que a presença dela era tóxica.

Manuela assentiu, mas continuou, seu olhar vacilando.

Manuela Ferrari: — Mas... depois, eu almocei com a Teresa Bianchi. E ela fez uma oferta diferente.

Manuela contou a Alice sobre o envelope e as palavras de Teresa — a oferta de um dinheiro para a saúde e a promessa de que não haveria "cordas" amarradas.

Alice pensou por um longo momento. A indignação com Valentina contrastava com a pureza do gesto de Teresa.

Alice Ferrari: — A Valentina é uma predadora, Mamma, e a recusa para ela foi a coisa mais certa que você fez. Mas a Teresa... a Teresa está tentando nos ajudar de coração. Ela está preocupada com você e com a sua saúde.

Manuela Ferrari: — Mas, figlia mia, é dinheiro de novo. Eu não quero que você pense que dependemos dos Bianchi.

Alice Ferrari: — Você está se matando, Mamma. A Teresa não está comprando a mim, ela está cuidando de você, é totalmente diferente. Eu não quero que você fique doente por causa do orgulho. Nossos valores continuam aqui. — Alice tocou o próprio peito. — Mas o dinheiro da Teresa pode te dar um ano de paz.

Alice se aproximou e olhou nos olhos da mãe, suplicante.

Alice Ferrari: — Mamma, por favor. No jantar de amanhã, quando a Teresa tocar no assunto, aceita. É um empréstimo do destino, não uma chantagem. Você merece o descanso.

Manuela sentiu o peso da semana sumir, substituído pela certeza de que sua filha, apesar da pouca idade, já era sua maior conselheira. Ela cederia. Não pelo dinheiro, mas pelo amor e pela saúde que Alice exigia que ela aceitasse.

Manuela Ferrari: — Tudo bem, Alice. Talvez você tenha razão.

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