O sorriso de Valentina Bianchi era lento, calculado, e fazia o estômago de Alice dar um nó. Alice sentia o olhar dela como um peso, mas reagiu com uma frieza forçada.
Alice Ferrari: Que surpresa você ter tempo para a nossa disposição matinal, Alice respondeu, a voz perigosamente neutra.
Valentina riu, um som baixo e poderoso. Ela usou a desculpa de entregar documentos sobre o novo projeto de reforma de sonhos à Giovanna, mas estava ali apenas para afirmar sua presença e incomodar Alice.
Giovanna deu um passo à frente, entrando no modo protetor e se interpondo sutilmente.
Giovanna Bianchi: Você não tem uma empresa para gerenciar, Val?
Valentina Bianchi: Tenho sim, mas perder essa oportunidade de observar o rostinho angelical da sua amiguinha, eu não perco por nada.
Seu olhar fixo em Alice era quase predatório.
Giovanna apenas revirou os olhos.
Giovanna Bianchi. Já peguei os documentos. Você está atrasada para o seu jet-set matinal.
Valentina lançou um último olhar carregado de significado para Alice antes de acelerar e partir, deixando Alice visivelmente abalada.
As meninas caminharam para dentro. A tensão diminuiu um pouco assim que se misturaram à multidão de estudantes. Elas se dirigiram à lanchonete da escola e começaram a falar sobre a obsessão de Valentina.
Alice confessou estar cansada de ter que desviar e rejeitar as investidas persistentes da empresária.
Giovanna, embora amasse a irmã, era sincera sobre o quanto Valentina podia ser teimosa, egocêntrica e mal-educada.
Giovanna Bianchi: Calma, Lice. Se você ficar ligando para o que minha irmã fala, vai acabar perdendo a cabeça.
Nessa última frase, Bernardo estava passando por ali na lanchonete, pegando uma garrafa de água. Ele viu a conversa das melhores amigas e parou.
Bernardo Mendoza: Eu ouvi bem? Valentina continua insistindo na amada inacessível dela?
Alice lançou um olhar mortal para o amigo, sentindo o rubor subir ao rosto.
Alice Ferrari: Gente, eu não quero mais saber dessa história. Vamos entrar!
Giovanna se entreolhou com o amigo e concordou. As duas saíram apressadamente da lanchonete e foram direto para a sala de aula.
A primeira aula era de História, a aula que Alice mais odiava.
...ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ...
Enquanto isso, o dia de Manuela não estava sendo diferente.
Manuela Ferrari estava imersa em sua rotina de enfermeira, checando a pressão arterial de um paciente no Hospital San Filippo Neri. O cheiro de álcool e desinfetante era o substituto menos charmoso para o café expresso que ela não teve tempo de tomar.
Ela tentava se concentrar nas tabelas, mas a imagem de Alice, apressada e visivelmente tensa ao revirar os olhos para o café da manhã, teimava em voltar. Não era apenas o último ano que a incomodava, era o último encontro que a filha tivera.
Manuela Ferrari: — Maledizione. — ela murmurou, a palavra italiana escapando com um suspiro.
— Tudo bem, Manu? — perguntou a colega e amiga, Patrizia, ajustando seu oxímetro.
Patrizia: — Você está com a testa franzida. Problemas com a ragazza?
Manuela Ferrari: — Com a ragazza e com o dinheiro, — Manuela respondeu, tentando sorrir, mas a preocupação era palpável. — Ela está no último ano, e os pais dos amigos dela estão falando de faculdades caras.
Patrizia: — Ah! isso é uma pressão, eu sei. Mas a Alice é inteligente, ela consegue bolsas.
Manuela assentiu, mas seu pensamento se desviou para outra coisa, a coisa que a fizera sair de casa com o coração apertado.
Manuela Ferrari: — A propósito, você viu o novo artigo do Roma Oggi? Aquele sobre... a Valentina Bianchi?
Patrizia revirou os olhos com entusiasmo.
Patrizia: — Como não ver? Ela está reformando um dos hotéis mais antigos do Trastevere. A imprensa adora os (Bianchi). São ricas, bonitas e... complicadas.
Manuela Ferrari: — Eu não confio nela, — disse Manuela, a voz um pouco mais dura do que pretendia. — Ela tem essa reputação... egocêntrica, como você diz. E ela tem se aproximado de Alice.
Patrizia a olhou, percebendo a mudança repentina de humor.
Patrizia: — Espera, a Valentina Bianchi, a empresária, está... interessada na Alice?
Manuela assentiu lentamente.
Manuela Ferrari: — Ela já deu uma carona para ela. E depois tentou ligar para a Alice. Minha filha está desconfortável. Eu sinto. O jeito que aquela mulher olha para ela.
Patrizia a encarou, o tom de fofoca divertida desaparecendo e sendo substituído por um lampejo de empatia.
Patrizia: — Manu, ela é uma Bianchi. Eles conseguem o que querem. E ela é conhecida por ser... predadora. Você precisa ter cuidado, especialmente por a Alice ser..... ela é muito pura para esse tipo de jogo.
Manuela Ferrari: — Eu sei. E eu não sei como protegê-la sem sufocá-la. É o tipo de mulher que a Alice nunca entenderia.
Manuela voltou a se concentrar em seu trabalho, mas a conversa apenas reforçou o que ela mais temia: o mundo de Valentina Bianchi era perigoso, e estava se aproximando demais da única coisa que importava: sua filha.
......................
O Telefone Toca
Manuela estava prestes a finalizar seu turno e revisar os medicamentos de um novo paciente. Ela tirou a luva e pegou o celular para checar as horas. Havia uma notificação de uma chamada perdida de um número desconhecido, que ela ignorou.
Segundos depois, o telefone tocou de novo. Manuela hesitou. Ninguém que não fosse do hospital ligava para ela durante o horário de trabalho.
Ela atendeu, a voz baixa e profissional.
Manuela Ferrari: — Pronto? Manuela Ferrari.
A voz do outro lado era grave, com um sotaque romano distinto e um tom de autoridade que não pedia permissão. O sangue de Manuela gelou. Ela se afastou da mesa, indo para um canto mais reservado. O prazer de Valentina era o oposto do seu.
Valentina Bianchi: — Dottoressa Ferrari. Que prazer encontrá-la! É Valentina Bianchi.
Manuela Ferrari: — Sra. Bianchi, porque a ligação? Algum problema com Giovanna ou Alice?
Valentina Bianchi: — Nada que Giovanna possa resolver, Manuela. Eu preciso falar com você sobre um assunto profissional urgente. Sei que este não é o ambiente ideal, mas tenho uma proposta de negócios muito séria para discutir, e ela envolve o futuro da sua filha. E, francamente, a sua situação também me preocupa.
O estômago de Manuela se revirou. Como Valentina sabia da situação dela?
Manuela Ferrari: — Não temos nenhum negócio, sra. Bianchi, — Manuela conseguiu responder, a voz tensa. — E o futuro de Alice é um assunto meu.
Valentina Bianchi: — Tem certeza? Pense bem. Posso fazer com que Alice entre na universidade que você sempre sonhou para ela, sem que você precise se preocupar com o seu auxílio ou com turnos duplos, Dottoressa. Meu escritório amanhã? Às dez da manhã. Podemos chamar isso de 'uma conversa sobre oportunidades'.
Valentina não esperou a resposta. Ela apenas disse um seco "A presto" (Até breve) e desligou.
Manuela ficou ali, o telefone na mão, a testa mais franzida do que nunca. Ela não tinha certeza se sentia mais raiva, medo ou humilhação. Mas uma coisa era clara: Valentina Bianchi havia declarado guerra, e Alice era o prêmio.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 43
Comments