...Terça-feira, 10:00 horas da manhã...
Manuela Ferrari parou na frente do arranha-céu de vidro e aço que abrigava a sede das empresas de Valentina Bianchi. O contraste com seu uniforme de enfermeira era gritante.
Ela subiu até o último andar. Valentina Bianchi entrou logo em seguida, vestindo um tailleur perfeitamente ajustado e um sorriso de superioridade.
Valentina Bianchi: — Dottoressa Ferrari. Que bom que reconsiderou. Achei que estivesse muito ocupada com os seus... turnos.
Manuela Ferrari: — Eu vim para que a senhora não tenha mais motivos para ligar para a minha casa ou falar sobre o futuro da minha filha, Sra. Bianchi. Vamos direto ao ponto. Qual é a sua proposta?
Valentina sentou-se à cabeceira da mesa de mármore.
Valentina Bianchi: — Simples. Eu quero Alice. Eu ofereço uma bolsa integral para qualquer universidade na Europa. E um contrato de consultoria júnior, altamente remunerado. Isso garante o futuro dela.
Manuela Ferrari: — E o que a senhora espera em troca desse "investimento"?
Valentina Bianchi: — A presença dela. Eu quero que ela faça parte do meu círculo. Sei que o seu auxílio não é suficiente, e que a diferença de classes...
Manuela Ferrari: — Basta, Sra. Bianchi. — A voz de Manuela era um chicote. — A senhora está enganada sobre uma coisa.
Valentina Bianchi: — Sobre o quê? Sobre o fato de eu poder dar à sua filha em um dia o que a senhora levaria vinte anos para conseguir?
Manuela Ferrari: — Sobre o que minha família valoriza. A senhora pode ter todo o dinheiro de Roma, mas a senhora não tem a nossa dignidade. Alice não é uma mercadoria, e a nossa necessidade financeira não é um convite para a sua obsessão. O futuro dela será construído com o esforço e o mérito dela, não com o seu favor. A proposta está recusada, Sra. Bianchi. E eu a aconselho, como mãe, a manter distância da minha filha.
Manuela deu as costas.
Valentina Bianchi: — A senhora vai se arrepender disso. O "mérito" dela pode não ser suficiente, Dottoressa.
Manuela simplesmente saiu.
A Ligação Sincera e o Convite
Assim que pisou na rua, Manuela ligou para Teresa, a mãe de Giovanna. Manuela relatou o encontro, a proposta humilhante e a frieza de Valentina.
Houve um silêncio chocado.
Teresa Bianchi: — Dio mio, Manuela! Me desculpe, eu juro que não tinha ideia de que ela tinha ido tão longe. Ela precisa entender que não pode usar o dinheiro da família para manipular as pessoas.
Manuela Ferrari: — Obrigada, Teresa. De coração.
Teresa Bianchi: — Agora, Manu, onde você está?
Manuela Ferrari: — Eu estava indo direto para o hospital para começar o turno da tarde.
Teresa Bianchi: — Nada disso. Você está exausta, e eu estou livre. Quero te levar para almoçar. Me encontre no Restaurante Bellini, perto do seu hospital, em meia hora. Preciso te ver. Não aceito um "não".
Manuela hesitou, mas a determinação da amiga era inegável.
Manuela Ferrari: — Tudo bem, Teresa. Te vejo lá.
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No Restaurante Bellini, Teresa esperava Manuela em uma mesa reservada. Teresa não vestia luxo ostensivo, mas sim uma elegância discreta que vinha de anos de riqueza.
Teresa Bianchi: — Você está pálida, cara. Aquele confronto com a Valentina te sugou.
Manuela Ferrari: — Foi humilhante. Ela me fez sentir que a única coisa que eu e Alice temos de valor é o que ela pode comprar.
Teresa Bianchi: — E essa é a grande mentira da Valentina. Ela é vazia. Você e Alice têm o que ela jamais terá: integridade. E é por isso que ela está obcecada, Manu. Por causa dessa luz.
Enquanto a conversa seguia, Teresa falava sobre o divórcio e os negócios de comida, mas seus olhos frequentemente voltavam para Manuela com uma admiração intensa, que ia além da amizade que cultivavam há cinco anos. Manuela era forte, digna, e Teresa, que acabara de deixar um casamento de aparências, via nela a verdade que faltava em seu próprio mundo.
Após o prato principal, Teresa pegou a mão de Manuela sobre a mesa.
Teresa Bianchi: — Eu sei que você tem orgulho, e eu admiro isso mais do que tudo. Mas eu vi o seu cansaço, e sei que você disse "não" à Valentina devido aos seus princípios.
Teresa tirou um envelope branco grosso de sua bolsa e o empurrou discretamente para Manuela.
Teresa Bianchi: — Isso não é um negócio, Manu. É uma poupança de saúde. É uma quantia que permite que você corte os turnos duplos por um ano, se o auxílio falhar, e que pague por um bom curso preparatório para Alice.
Manuela empurrou o envelope de volta, sentindo a mesma raiva que sentira no escritório, mas desta vez misturada à dor da lealdade.
Manuela Ferrari: — Teresa, não. Eu acabei de recusar dinheiro da sua filha pelos mesmos motivos que não posso aceitar o seu.
Teresa Bianchi: — Não compare meu gesto com o da Valentina! Ela estava comprando a Alice. Eu estou cuidando da minha amiga e da família dela. O dinheiro não vem com cordas, não é uma chantagem, é um presente. É minha forma de proteger a integridade que você tanto preza. Não posso perder minha amiga por exaustão.
Manuela olhou para o envelope, para a quantia que resolveria todos os seus problemas imediatos, e depois para o olhar sincero de Teresa. A pressão dos turnos, a preocupação com Alice... era tentador. Mas a dignidade falava mais alto.
Manuela Ferrari: — Eu agradeço do fundo do meu coração, Teresa. Mas eu não posso. Eu preciso mostrar à Alice que conseguiremos com nosso próprio esforço. Guarde para Giovanna.
Teresa suspirou, mas sorriu com carinho.
Teresa Bianchi: — Eu não desisto de você. Pelo menos prometa que virá ao jantar no sábado. E que, se algo apertar, você vai me ligar antes de pegar um turno extra.
Manuela Ferrari: — Eu prometo.
Manuela deixou o almoço, Agora, o único confronto restante era o jantar de sábado, e ela precisava se preparar para enfrentar a filha de Teresa depois de ter rejeitado ambas.
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Atualizado até capítulo 43
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