Capítulo 5 - UM NOVO DESTINO

Vittório deu um passo atrás, cruzando os braços e mantendo o olhar fixo em Helena.

— Estarei no hotel da cidade — disse, com voz firme —. Você tem até meia-noite para ir até lá. Embarcamos às dez horas da manhã.

Helena sentiu um frio percorrer a espinha. O prazo era curto, e a ameaça implícita estava clara: ele não aceitaria desobediência. Ela sabia que cada minuto contava.

Estela franziu o cenho, preocupada.

— Helena… — começou, hesitando —, você não precisa fazer isso sozinha.

— Eu sei, Estela — respondeu Helena, tentando manter a voz firme —. Mas não posso deixar que Vittório a veja como alvo. Eu faço isso.

Vittório observava em silêncio, avaliando a postura da irmã. Ele não era apenas implacável, mas também paciente, e gostava de testar a determinação dela.

— Me encontre no hotel até a meia-noite — repetiu, com a mesma frieza —. E não tente atrasar ou escapar. Não haverá segunda chance.

Helena respirou fundo, sentindo a pressão e a responsabilidade sobre seus ombros. O tempo era curto, mas a Dama de Preto sabia que fugir não era a solução; precisava usar cada habilidade que adquirira para se manter no controle.

Enquanto Vittório se afastava, Matteo e Lorenzo permaneciam próximos, atentos a qualquer movimento. Helena olhou para Estela, determinada.

— Vamos nos preparar — disse. — Até a meia-noite, precisamos estar prontas.

A cidade de Marselha, com suas ruas molhadas e becos silenciosos, parecia conspirar contra elas. Mas Helena sentiu algo que Lázaro sempre lhe ensinara: mesmo na escuridão, quem domina as sombras controla o destino.

À meia-noite, o interfone do quarto de Vittório no hotel tocou. Uma voz feminina respondeu do outro lado, calma e profissional:

— Senhor, as duas moças chegaram.

Vittório, sentado atrás da mesa, olhou para a porta com olhos frios e calculistas. Sem se levantar, respondeu com voz firme:

— Levem-nas para o quarto ao lado.

E desligou o interfone sem acrescentar mais nenhuma palavra.

No corredor do hotel, Matteo e Lorenzo conduziam Helena e Estela, ambas apreensivas, silenciosas. O quarto ao lado estava pronto, simples mas seguro, com tudo que Vittório poderia exigir para controlar a situação.

Helena respirou fundo, sentindo o peso de cada segundo. Agora, não havia mais espaço para fuga ou hesitação. A Dama de Preto estava prestes a enfrentar diretamente o homem que carregava seu sangue, e cada movimento seria crucial.

Estela lançou um olhar para Helena, tentando transmitir calma e confiança.

— Prepare-se — murmurou —. A partir daqui, tudo muda.

Helena apenas assentiu, fechando os olhos por um instante e respirando fundo. O jogo havia começado, e ela sabia que precisaria usar toda sua astúcia e coragem para não ser dominada, mesmo diante de Vittório.

DIA SEGUINTE:

O dia seguinte amanheceu cinzento em Marselha, com nuvens pesadas cobrindo o céu. Helena acordou no quarto ao lado, ainda tensa com os acontecimentos da noite anterior. O silêncio era quase ensurdecedor, apenas o som distante da cidade despertando ao longe.

Ela olhou para Estela, que se levantava com expressão séria.

— Temos que nos preparar — disse Estela, ainda cautelosa —. Hoje tudo muda.

Helena respirou fundo, sentindo a fúria e determinação crescerem dentro de si. A Dama de Preto estava pronta para enfrentar o próximo passo: Vittório. Não apenas um homem poderoso, mas agora alguém com sangue de sua própria família, e que poderia mudar seu destino.

No quarto de Vittório, ele já estava de pé, observando a cidade pela janela. Seus olhos não mostravam emoção, apenas foco absoluto. A chegada de Helena e Estela havia despertado algo nele, uma mistura de obrigação, curiosidade e obsessão.

— Hoje vamos ver como ela reage — murmurou para si mesmo —. Cada decisão, cada passo dela será observado. Não posso permitir que minha irmã fuja ou desobedeça.

Do outro lado da porta, Matteo e Lorenzo permaneciam atentos, prontos para intervir, mas conscientes de que aquele encontro não era apenas físico: era um teste de inteligência, coragem e resistência.

Helena sabia que não havia mais volta. Cada movimento do dia seria decisivo, e a tensão entre irmãos estava prestes a se transformar em algo que nenhum dos dois poderia ignorar.

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