Em uma tarde chuvosa, Helena caminhava por uma das ruas mais estreitas de Marselha, confiante de que havia se livrado dos homens enviados por Vittório. As sombras eram suas aliadas, cada passo calculado. Mas, naquele momento, algo a fez hesitar.
Um som seco ecoou contra a parede de pedra: toc, toc.
Helena parou, o coração batendo mais rápido. O som se repetiu, como um aviso. Não era casual. Ela sabia que estava sendo observada. Seus instintos gritaram, mas antes que pudesse reagir, uma mão firme a agarrou pelos ombros, puxando-a contra uma parede.
— Helena Duarte — disse uma voz grave, tão firme quanto o aço —, achou que poderia me escapar?
Ela ergueu os olhos e, para seu choque, encontrou Vittório diante de si. Ele estava impecável, cada gesto controlado, cada olhar calculado. A presença dele era esmagadora, e mesmo para alguém como Helena, acostumada à sobrevivência nas ruas, a sensação de vulnerabilidade foi instantânea.
— Vittório... — começou ela, surpresa e tensa —, como...
— Não há "como" — interrompeu ele, aproximando-se —. Eu vim pessoalmente porque ninguém mais poderia me levar até você.
Helena sentiu a fúria subir dentro de si, mas também uma mistura de curiosidade e medo. Ela estava diante do homem que havia enviado rastreadores, do irmão que nunca conhecera e que agora a segurava com força.
— Então é assim que nos encontramos — murmurou, a voz firme apesar do coração acelerado —. Helena diante do homem que sempre me procurou.
Vittório apenas a observou, com olhos que podiam tanto destruir quanto proteger. A tensão entre os dois era palpável. Naquele instante, o destino que os ligava finalmente se manifestava, e nada mais poderia ser como antes.
Vittório a segurava firme pelo braço, o olhar intenso e implacável.
— Leve-me até onde você mora — ordenou, a voz baixa, mas carregada de autoridade.
Helena recuou, tentando afastá-lo.
— Eu não vou — disse, firme, os olhos desafiando o dele —. Não vou levá-lo a lugar nenhum.
Antes que pudesse reagir, passos pesados ecoaram na rua estreita. Matteo e Lorenzo surgiram das sombras, cercando-a. Os dois homens olhavam para ela com frieza, preparados para qualquer movimento brusco.
— Parece que não temos escolha, mocinha — disse Lorenzo, com um sorriso cruel. — É melhor cooperar.
Helena respirou fundo, avaliando a situação. Lutaria sozinha contra Vittório e seus homens? Não tinha chance. Mas fugir naquele instante também seria impossível. Ela sabia que precisava manter a calma e usar cada lição que Lázaro e Estela haviam lhe ensinado.
— Muito bem — disse, tentando manter a voz firme e controlada —, mas vocês irão me ouvir primeiro. Não quero que ninguém se machuque.
Vittório soltou um leve sorriso, observando a astúcia dela.
— Eu também não quero — respondeu —, mas não subestime que eu posso fazer qualquer coisa para chegar até você.
Helena percebeu que o desafio não era apenas sobreviver fisicamente, mas também manter sua independência e astúcia diante de um irmão que ela nunca conheceu, poderoso e implacável.
O caminho até o esconderijo de Helena foi silencioso, tenso. Matteo e Lorenzo seguiam logo atrás, mantendo distância, mas sempre atentos a qualquer movimento. Helena sentia o peso do olhar de Vittório sobre ela, medindo cada passo.
Quando chegaram, Helena abriu a porta cuidadosamente, mas não havia tempo para disfarces. Estela estava na cozinha, mexendo em uma panela, quando ouviu o som da porta se abrir.
— Helena? — chamou Estela, surpresa ao ver a filha adotiva entrar acompanhada de homens que ela nunca tinha visto antes.
Antes que pudesse reagir, Vittório entrou logo atrás de Helena, os olhos fixos nela. Matteo e Lorenzo permaneceram parados na entrada, atentos a qualquer sinal de perigo.
— Estela — disse Vittório, a voz firme e controlada —, eu preciso falar com ela.
Estela franziu o cenho, avaliando a situação. Havia algo nos olhos dele que transmitia poder, mas também uma intenção clara. Ela percebeu que Helena não estava apenas lidando com estranhos: aquele homem tinha relação com seu passado.
— Ela vai falar, mas ninguém se machuca aqui — disse Estela, a voz firme, protegendo Helena.
Helena respirou fundo, observando a cena. Matteo e Lorenzo ainda estavam atentos, mas não precisavam interferir por enquanto. Ela percebeu que, dentro de sua própria casa, sua astúcia seria testada mais do que jamais fora.
— Vittório — disse Helena, mantendo a voz firme —, você quer algo de mim? Agora que estamos aqui, fale.
Vittório se aproximou, o olhar penetrante.
— Eu quero que você confie em mim — respondeu —, e me leve até onde realmente mora.
Helena deu um passo à frente e indicou o interior da casa.
— É aqui que eu moro — disse, com a voz firme, mesmo sentindo o peso da situação.
Vittório entrou devagar, observando cada detalhe do lugar com atenção. Seus olhos percorriam a sala, a cozinha, cada canto do pequeno espaço que havia protegido com tanto cuidado. Nada passava despercebido para ele; a simplicidade do lar contrastava com o poder que carregava em cada gesto.
— Hum… — murmurou, analisando tudo —. Interessante. Você viveu bem aqui sozinha, mas não posso permitir que continue assim.
Helena franziu o cenho, desconfiada.
— O que quer dizer com isso? — perguntou, cruzando os braços.
Vittório aproximou-se, olhando-a diretamente nos olhos.
— Vou levar você e Estela comigo — disse, firme —. Vocês vão morar na Itália, comigo. Você terá segurança, conforto e… orientação.
Estela engoliu em seco, surpresa e apreensiva.
— Com todo respeito, senhor Vittório — disse ela, tentando manter a voz firme —, Helena é livre aqui. Não pode simplesmente levá-la embora como se fosse uma criança.
Vittório desviou o olhar para Estela, com um leve sorriso frio.
— Ela é minha irmã. Posso levá-la comigo se quiser. Não se trata de vontade, mas de sangue.
Helena sentiu a raiva subir, mas também uma estranha mistura de curiosidade e tensão. Ela sabia que não poderia enfrentar Vittório fisicamente, mas também não pretendia ceder tão facilmente.
— Eu não vou — disse ela, firme, com os olhos faiscando —. Não vou embora para a Itália.
Vittório a analisou por alguns segundos, como se estivesse avaliando se a teimosia dela era força ou apenas medo.
— Então teremos que negociar — disse, ainda com a voz controlada —. Mas saiba: a vida que você conhece aqui vai mudar. E eu garanto que não será simples resistir a mim.
Helena respirou fundo, sentindo a adrenalina e a tensão crescerem. A Dama de Preto estava frente a frente com seu irmão, e agora tudo dependia de astúcia, coragem e planejamento.
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Atualizado até capítulo 17
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