Dias horríveis.

Os dias passavam devagar, cada hora mais longa que a anterior. Eu sofria. Apanhava. Hector parecia se divertir com cada grito meu, cada lágrima que eu não conseguia conter. Eu não entendia como alguém podia se acostumar com tanta violência. E Junior, o genro… ele era diferente. Ele não levantava a mão, mas me assediava com palavras, com olhares sujos e risadas que me gelavam a espinha.

— Um dia, Tâmisa… você vai ser minha — ele dizia baixo, quase num sussurro, e meu estômago se revirava só de pensar que ele podia estar falando sério.

Eu me sentia presa, sufocada, e mesmo nos raros momentos em que conseguia chorar sozinha, havia aquele medo constante de que nada mudasse. Até que veio aquele dia.

Chamaram-me para a sala. Quando pisei no chão frio, o salto me traiu e eu cambaleei, quase caindo. Respirando fundo, tentei me recompor. A porta se fechou atrás de mim. Dentro, dois homens.

O primeiro tinha uma grande semelhança com alguém que eu conhecia de fotos espalhadas ali naquela casa, talvez Matheo, ou pelo menos alguém da família deles. O outro… o outro era diferente. Lindo, forte, e havia algo nos olhos dele que parecia não desgrudar de mim, mas não de um jeito ameaçador. Era como se estivesse avaliando, mas também protegendo.

Eu não sabia se podia confiar. Não sabia se eles eram aliados, ou mais dois em perigo. Cada músculo do meu corpo pedia que eu corresse, que me encolhesse e me preparasse para apanhar novamente.

Mas então os vi agir. Silenciosamente, mas com firmeza, eles se colocaram a meu favor. Um bloqueou a porta, outro afastou qualquer aproximação que pudesse me machucar. E naquele instante, algo dentro de mim relaxou. Alívio. Pela primeira vez em dias, não senti o medo esmagador tomar conta.

Eu não sabia ainda quem eram de verdade. Mas naquele momento, mesmo confusa, senti que talvez, só talvez, eu pudesse não estar sozinha.

Tentei recuar, me afastar, correr para qualquer lugar que me desse segurança naquela troca de tiros, mas Junior estava lá, bloqueando minha saída. Ele riu de forma baixa, maliciosa, e tentou se aproximar. Meu coração disparou, o medo queimava meu peito.

— Sai daqui! — gritou um deles, e pela primeira vez alguém ousou colocar Junior no seu lugar. O homem bonito e forte empurrou Junior para trás com firmeza, enquanto o outro, pelo que entendi, o meu irmão, me pegava suavemente pelo braço.

Não pensei, só me deixei guiar, cambaleando, mas sentindo pela primeira vez que alguém estava realmente do meu lado. Eles me levaram até o carro, e um deles se inclinou para mim, sério.

— Ouça bem — disse com voz baixa, firme, quase como uma promessa. — Isso não acabou. Eles vão tentar de novo. Isso é só o começo, fica abaixada.

O carro partiu rápido, e a adrenalina disparou quando tiros começaram a rasgar o ar ao nosso redor. Eu me abaixei, tentando não respirar muito alto. Eles atiravam de volta, protegendo-me como se minha vida fosse a prioridade máxima. Meu peito doía do medo e da tensão, mas também havia uma sensação estranha de confiança, por mais breve que fosse.

Quando finalmente paramos, o motor desligou e eu ergui os olhos. À nossa frente, um lugar isolado, seguro, silencioso. Matheo saiu do carro e se aproximou, olhando para mim com expressão firme, mas suave.

— Aqui você está segura, Tâmisa — disse ele. — Por enquanto. Mas… nós temos que ir.

Queria protestar, gritar que não queria ficar sozinha, mas não havia tempo. Eles me olharam como quem dizia “confie em nós, por enquanto”, e então entramos, ali alguns empregados, seguranças e uma moça estavam tensos, Matheo a abraçou, ela estava aliviada, depois abraçou o outro, ele se aproximou com água e me esticou, disse q    ue deveria tomar e ficar calma e seguiu com ele para dentro de um escritório, ela se aproximou e me abraçou, aquela ruiva tão simpática me acalmou, e me fez entender que agora, sim, eu estava segura.

Mesmo assim, a voz de aviso deles ecoava na minha mente: guerra. E eu sabia que nada seria fácil a partir dali.

 Depois do encontro com a mulher na mansão, o cuidado que ela e os dois pareciam ter comigo, saber que tinha perdido minha irmã, minha mãe e ganhado um irmão foi demais, pude finalmente desabar, estava em um jato luxuoso seguindo para a Itália, mas daria tudo para ter ela e mariella de volta.

— Ese viejo… — minha voz tremia. — Aquele velho matou minha família.

Matheo passou a mão no rosto, tentando conter a raiva que brilhava nos olhos dele.

— Eu sinto muito… não sabia da sua existência, se soubesse, já teria feito algo — murmurou, e a sinceridade cortou o ar como uma lâmina.

Senti os olhos arderem e uma lágrima escapou, quente e rápida.

— Não é justo…

Ele me puxou para perto e me abraçou. Por um instante, senti a sombra da máfia ao nosso redor, mas também a proteção da família, das pessoas que queriam me ver viva. Eu vivi horrores, mas ali, mesmo com tudo, havia segurança.

Heitor se inclinou para mim, tentando aliviar um pouco o peso que eu sentia.

— E você? O que fazia antes de tudo isso? — perguntou, com aquele tom que misturava curiosidade e cuidado.

Limpei meu rosto com a manga, tentando recuperar o pouco de compostura que me restava.

— Segundo ano de Direito… queria ser advogada — disse, soltando um riso amargo que parecia se perder na sala. — Agora… nem sei mais.

Heitor balançou a cabeça devagar, mas firme.

— Se você quiser, vai ter tudo isso — disse. — E mais. Só precisa confiar nas pessoas certas. Nossa família tem muitos advogados, você vai conseguir.

Sorri fraco, frágil, e percebi que Matheo me observava de perto, o rosto fechado, quase sofrendo. Ele não sabia que eu era irmã dele, e eu sentia como se cada lágrima dele escondida pesasse. Helena se manteve por perto, o olhar dela cálido, e eu não sabia exatamente por que confiava nela, mas confiava.

— Matheo… — ouvi Heitor chamar baixinho. — Ela tá fraca, vou ajudá-la a deitar na suíte.

Olhei para Matheo, que me analisou com cuidado, esperando talvez algum vestígio de medo.

— Você não quer que eu vá também? — perguntou Helena, a esposa dele.

Ele segurou a mão dela e negou.

— Não. Você precisa descansar, pelo menos antes de chegarmos. O clima no complexo vai ser tenso, e faz pouco tempo do seu acidente.

Respirei fundo, sentindo o peso do cansaço e a estranha segurança que Heitor transmitia quando me deu a mão. Ele me guiou pelo corredor até a suíte, apoiando-me com cuidado, e pela primeira vez em dias, senti que talvez estivesse realmente protegida.

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Comments

Veranice Zimmer Ferst

Veranice Zimmer Ferst

Como assim escritora não consigo entender nada da história!!!🤔🤔🤔😒

2025-09-23

0

Marlene Alves Silva

Marlene Alves Silva

ests no outro livro a história dela, a irmã que ele não conhecia. estou amando esse livro com a história dela. Obrigada autora.

2025-10-07

0

Marilia Carvalho Lima

Marilia Carvalho Lima

😔😔

2025-09-24

0

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