Capítulo 3/ Missão Impossível: Beijar Sem Testemunhas

As duas ainda riam baixinho quando ouviram passos de volta no corredor. Antes que pudessem reagir, a porta se abriu de novo.

— Peraí… vocês duas não estavam… muito… perto demais? — perguntou Diana, agora de óculos, encarando as irmãs de forma desconfiada.

Aiko quase engasgou com o ar.

— O quê? Claro que não! — respondeu rápido demais, tentando soar natural.

— É, a gente só tava… conversando! — completou Yuki, ajeitando a blusa, ainda vermelha até as orelhas.

Diana cruzou os braços, estreitando os olhos.

— Sei… vou fingir que acredito. — disse, ainda desconfiada. — Só não esqueçam que as paredes aqui são finas. —

Ela fechou a porta devagar, de propósito, como se estivesse testando.

Assim que ficou em silêncio outra vez, Yuki se jogou na cama, cobrindo o rosto com um travesseiro.

— Eu vou morrer de vergonha!—

Aiko caiu na gargalhada, deitando ao lado dela.

— Relaxa, Yuki. A Diana sempre desconfia de tudo.—

Yuki levantou só um olho de trás do travesseiro.

— Então quer dizer que ela não tava tão errada assim? —

Aiko ficou vermelha e desviou o olhar.

— Talvez não.—

As duas ficaram em silêncio por alguns instantes, cada uma mergulhada nos próprios pensamentos. O clima voltava a ficar carregado, e Yuki, ainda abraçada ao travesseiro, murmurou:

— Sabe que… a gente quase… né? —

Aiko mordeu o lábio, o rosto queimando.

— Eu sei. E… se não tivesse ninguém atrapalhando… —

Elas se encararam de novo, a distância entre seus rostos diminuindo, os olhos brilhando de nervosismo e expectativa. O coração batia mais rápido, os lábios a um suspiro de se tocarem.

De repente — crec! — a porta abriu outra vez.

— Hm… esqueci de pegar a minha blusa que deixei aqui. — disse Diana, entrando devagar, mas com um olhar desconfiado. — Que coincidência… sempre que eu volto, vocês estão desse jeitinho.—

Aiko quase se engasgou de nervoso.

— Desse jeito como? Tá maluca, Diana!—

— É, a gente só tava… conversando de novo! — Yuki tentou rir, mas a voz saiu estranha.

Diana pegou a blusa da cadeira, demorando de propósito. Antes de sair, lançou um olhar cheio de suspeita.

— Aham… só conversando. Eu tô de olho em vocês duas.—

A porta bateu de novo.

Yuki caiu para trás na cama, cobrindo o rosto.

— Ela tá fazendo isso de propósito, só pode!

Aiko riu, encostando a testa na dela.

— Minha irmã sempre foi enxerida… mas hoje tá passando dos limites.—

O quarto estava em silêncio de novo, e Aiko e Yuki riam baixinho da intromissão de Diana.

Dessa vez, Yuki tomou coragem e segurou de leve a mão da amiga.

— Se a sua irmã aparecer de novo, eu juro que vou sair correndo pela janela. — disse rindo, mas o coração disparado.

— Relaxa, agora tá tudo tranquilo… — murmurou Aiko, se inclinando mais perto.

Os rostos estavam a centímetros, as respirações misturadas. Finalmente, depois de tantas interrupções, parecia que nada iria atrapalhar.

Até que uma voz ecoou da escada:

— Aiko! Desce já! Quero falar com você! —

Era a mãe dela, gritando alto o suficiente para o bairro inteiro ouvir.

As duas se afastaram num pulo, quase caindo da cama.

— Meu Deus, hoje não é o nosso dia! — Yuki sussurrou, cobrindo o rosto, sem saber se ria ou chorava.

Aiko bufou, rolando os olhos.

— Juro que vou trancar essa porta da próxima vez!—

Do corredor, a mãe gritou de novo:

— E leva a Yuki também! Quero ver vocês duas aqui embaixo! —

As duas ainda tentavam se recompor quando a mãe gritou de novo, impaciente:

— Aiko! Yuki! Vem logo, que eu preciso de ajuda pra guardar as compras!—

Aiko suspirou, caindo de costas na cama.

— Sério? Justo agora… — murmurou, cobrindo o rosto com o travesseiro.

Yuki, rindo, se levantou devagar.

— Bom, pelo menos não foi nada grave. —

— Não, mas foi chato igual! — reclamou Aiko, cruzando os braços, ainda corada.

Do andar de baixo, a mãe gritou mais alto:

— Eu tô ouvindo vocês duas reclamando aí! Quero ver as duas aqui embaixo em cinco segundos!—

Yuki e Aiko se entreolharam, e depois caíram na gargalhada outra vez.

— Vamos logo, antes que ela suba de verdade. — disse Yuki, puxando a mão da amiga.

— Aff… mas olha, Yuki — Aiko murmurou enquanto desciam as escadas — a gente ainda vai continuar de onde parou.—

Yuki arregalou os olhos, quase tropeçando no último degrau.

— O quê? —

Aiko só sorriu, disfarçando, e foi até a cozinha ajudar a mãe.

Yuki fez o mesmo, seguindo logo atrás. Na cozinha, Diana já estava lá, ajudando a mãe a organizar as compras.

Assim que Yuki entrou, Diana a observou de cima a baixo, com um olhar curioso. Nunca tinha visto a amiga da irmã tão de perto.

Aiko percebeu o olhar da irmã e franziu levemente a testa, sentindo um incômodo que não conseguiu esconder. Não gostou nadinha do que viu.

Yuki, por outro lado, estava distraída, rindo e ajudando a mãe a separar os produtos.

— Nossa, tia, como as coisas estão caras no mercado, né? — comentou Yuki, pegando uma sacola de frutas.

— Nem me fale, menina… cada vez que vou lá, parece que os preços dobram. — respondeu a mãe de Aiko, suspirando.

As duas continuaram rindo e falando dos preços, enquanto organizavam as compras.

— O quilo do tomate tá um absurdo! — disse a mãe de Aiko, balançando a cabeça.

— Verdade, tia. Se continuar assim, vai ser mais barato pedir pizza do que fazer comida. — Yuki respondeu, arrancando risadas.

Diana também riu, ainda olhando para Yuki com curiosidade.

Aiko, de canto, observava a cena em silêncio. Fingiu que estava concentrada guardando algumas embalagens, mas vez ou outra seus olhos voltavam para a irmã e Yuki, sentindo um aperto estranho no peito.

Ela não disse nada, apenas respirou fundo e disfarçou, deixando a conversa rolar como se nada tivesse acontecido.

Enquanto a mãe ainda reclamava dos preços do mercado, Diana pegou uma garrafa de suco e olhou para Yuki.

— Então, Yuki… você estuda na mesma turma da Aiko, né?—

Yuki assentiu, sorrindo.

— Sim! Desde o primeiro ano. A gente praticamente se grudou desde o começo.—

— Ah, entendi… — murmurou Diana, apoiando-se na bancada, como se analisasse cada palavra. — E você sempre vem aqui em casa?—

— Nem tanto… só às vezes, quando dá. — respondeu Yuki, distraída, colocando algumas frutas na fruteira.

— Interessante. — Diana comentou com um sorriso de canto, ainda observando.

Aiko, que estava colocando os pacotes de arroz no armário, parou por um instante, fechando a porta do armário com um pouco mais de força do que o normal.

— Yuki tá aqui porque eu chamei. Não tem nada demais nisso, Diana. — disse num tom leve, mas firme.

— Eu sei, irmãzinha. — Diana respondeu, divertida. — Só tô conversando.—

Yuki olhou para as duas, meio confusa, e riu para quebrar o clima.

— Vocês duas vivem brigando assim?—

Aiko apenas deu um sorriso rápido, tentando disfarçar o incômodo.

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