Capítulo 2/ Chamas Ocultas

Aiko sentia que seu coração ia sair pela boca a qualquer momento.

A cada passo que Yuki dava, sua respiração ficava mais pesada...

Mas antes que Yuki pudesse fazer o que queria, Min-Ji chegou, atrapalhando o momento.

— Gente, trouxe batata. —

Min-Ji falou, segurando o pacote nas mãos.

Aiko se afastou de Yuki, assustada, e o clima entre as duas ficou suspenso por alguns segundos.

— Eu tô indo pro banheiro. —

Falou Yuki, saindo mais rápido que o Flash.

Min-Ji, vendo a cena, olhou pra Aiko e perguntou:

— O que aconteceu com ela? —

Mas Aiko ainda estava perdida no mundo do beijo imaginário.

Min-Ji, então, começou a chacoalhar a amiga até que ela finalmente voltou à realidade.

— O que é, amiga? —

— Tá aí olhando pro nada! O que aconteceu? E por que a Yuki saiu igual uma desesperada? —

Aiko respirou fundo, tentando parecer normal, e voltou pra sua cadeira.

— Eu não sei… deve ser dor de barriga. —

Aiko se ajeitou na cadeira, tentando parecer tranquila, mas Min-Ji não estava convencida.

— Dor de barriga, é? — disse ela, cruzando os braços e arqueando a sobrancelha. — Mas você tá com um sorriso estranho… meio… suspeito.—

—Ai, vamos mudar de assunto! Enfim, tô morrendo de fome. —

Aiko pegou o saco de batata e começou a comer como se sua vida dependesse daquilo. Cada mordida era quase uma corrida contra o tempo.

— Tá com fome mesmo, viu! — Min-Ji falou, rindo, olhando para a amiga devorar a batata. — Tá passando fome, pelo jeito.

Aiko soltou um “humf” entre uma mordida e outra.

Aiko mal tinha conseguido se recompor quando Yuki voltou, ainda ofegante, fingindo que nada tinha acontecido.

— Prontinha! — disse Yuki, com um sorriso tímido, tentando parecer casual. — Só uma paradinha rápida no banheiro.

Aiko quase soltou um riso, mas conseguiu segurar, embora as bochechas estivessem queimando de vergonha.

— Ah, claro… rapidinha… — murmurou, olhando para Min-Ji, que ainda a encarava com aquele olhar desconfiado.

Min-Ji se aproximou de Yuki agora, cruzando os braços:

— Rapidinha, é? Uhum… sei… — disse, olhando para a amiga como se estivesse prestes a descobrir um grande segredo.

Yuki engoliu em seco, tentando parecer inocente, mas o jeito que ela desviava o olhar só aumentava a suspeita de Min-Ji.

Aiko, então, resolveu intervir, tentando salvar a situação:

— Gente, vamos comer a batata antes que ela acabe! — disse, tentando soar animada, mas falhando miseravelmente.

Min-Ji riu, mas ainda desconfiada, enquanto Yuki apenas deu de ombros e seguiu para a sua mesa.

Yuki e Aiko agradeceram a Deus quando bateu o sinal e os alunos começaram a entrar na sala, junto com o professor.

Era a última aula, e ambas não viam a hora de ir pra casa. Não queriam mais perguntas da Min-Ji — já bastava o constrangimento que tinham uma na frente da outra.—

Depois que o professor de filosofia falou até mais do que a boca aguentava, finalmente o sinal tocou para o fim da aula.

Ninguém aguentava mais, e os alunos pegaram suas mochilas antes do professor sair da sala. Elas fizeram o mesmo.

— Esse professor é o terror de todos nós. —

Falou Yuki, sorrindo aliviada.

— Nem me fale! Eu não conseguia pensar de tanto falatório. —

Respondeu Aiko.

— Ele é mais chato que minha vó quando reclama das tapoer que minha mãe leva pra casa. —

Min-Ji comentou, e todas começaram a rir igual umas doidas no corredor, seguindo em direção ao portão da escola.

— Até amanhã, gente. —

Disse Min-Ji, dando tchau para elas duas.

Agora, enfim, só restavam Aiko e Yuki. Elas acenaram, e assim que Min-Ji desapareceu, se encararam.

— Bom... eu tô indo. —

Falou Aiko, sem graça, tentando se controlar.

— Bom, então vamos nessa. —

Respondeu Yuki, seguindo atrás dela.

As duas caminhavam pela rua movimentada do Japão.

Aiko ia na frente, distraída, quando de repente se virou de repente, assustando a coitada da Yuki.

Yuki deu um pulo pra trás, levando as mãos à frente como se tentasse se proteger do susto.

— Ai, Aiko! — gritou, quase tropeçando nos próprios pés. — Quase me matou do coração!

Aiko cobriu a boca, tentando não rir, mas não conseguiu segurar e soltou uma risadinha.

— Desculpa, desculpa… — disse, ainda rindo. — Eu não te vi ali e me virei assim do nada.—

Yuki respirou fundo, tentando recuperar a compostura, mas um sorriso traquina escapou de seus lábios.

— Tá bom… só que da próxima vez você vai me avisar antes, hein? — disse, fingindo ser séria, mas os olhos brilhando de diversão.

Elas continuaram andando pela rua movimentada, Aiko mais à frente, e Yuki sempre se aproximando para garantir que nada mais a pegasse de surpresa.

O clima entre elas estava leve, engraçado, e ao mesmo tempo, havia uma tensão sutil que nenhuma das duas queria admitir.

— Cheguei, graças a Deus. —

Aiko já estava no portão da sua casa. Yuki ainda teria que andar mais um pouco para chegar na dela.

— Não quer entrar, Yuki? — perguntou, sem olhar diretamente para a amiga.

— Uhum… acho que sim. A tia tá? — perguntou, já a seguindo até a entrada.

— Não! Só a Diana. E deve estar no quarto, como sempre. —

Aiko abriu a porta e deu passagem para Yuki entrar.

— Sua irmã é bem antissocial, eu nunca vejo ela. — disse Yuki, indo se sentar. Mas Aiko segurou sua mão e a puxou para subir ao quarto.

— Ela é mais velha, deve ser por isso! Sempre chata. — respondeu rindo, enquanto subia as escadas. Aiko abriu a porta do quarto e as duas entraram.

Yuki logo se jogou na cama, enquanto Aiko deixava a mochila sobre a cômoda antes de se juntar a ela.

— Espero que quando eu ficar mais velha não seja igual à sua irmã. — disse Yuki, rindo.

Por outro lado, Aiko não conseguia tirar da cabeça a proposta da amiga. Seus olhos se perderam discretamente na boca de Yuki, e ela riu sozinha com pensamentos indecentes.

— Provavelmente você vai ficar igual a ela. — brincou.

Yuki virou de lado, encarando-a.

— Não vou! Deus me livre. —

O silêncio entre as duas ficou mais pesado, só o som dos carros passando na rua ao longe preenchia o ar. Aiko mordeu o lábio, pensando no que Yuki tinha falado mais cedo.

— Yuki… — chamou baixinho, quase num sussurro.

— Oi? — Yuki virou o rosto para encará-la.

Aiko respirou fundo, o coração acelerado.

— Sabe… mais cedo… quando você perguntou se eu já tinha beijado uma menina… — fez uma pausa nervosa, os dedos brincando com a ponta do lençol. — Eu… eu toparia, se fosse com você.—

Yuki arregalou os olhos, surpresa, sentindo o rosto inteiro esquentar.

— E-eu? Tá brincando, né? — tentou rir, mas a voz falhou.

Aiko negou com a cabeça, agora olhando firme para os olhos dela.

— Não tô brincando, Yuki.—

Por alguns segundos, nenhuma disse nada. O mundo parecia ter parado dentro daquele quarto.

— Então… você realmente quer? — Yuki perguntou, com a voz trêmula, mas um sorriso nervoso no canto dos lábios.

Aiko se aproximava lentamente, os olhos fixos nos de Yuki. O coração das duas parecia bater em sincronia, rápido e descompassado. Quando seus rostos estavam a um suspiro de distância, a porta se abriu de repente.

— Aiko? Você pegou meu carregador? —

Diana entrou no quarto, apertando os olhos como se tentasse focar. Sem os óculos, parecia não enxergar quase nada.

As duas se afastaram num pulo, Yuki fingindo ajeitar o cabelo e Aiko pegando o celular como se estivesse ocupada.

— Não, Diana! Tá no seu quarto, eu acho… — respondeu Aiko rápido, tentando disfarçar o nervosismo.

A irmã franziu a testa, ainda forçando a vista.

— Uhum… tá bom. — murmurou, saindo sem notar nada estranho.

Quando a porta se fechou, Yuki e Aiko se entreolharam, ainda ofegantes e rindo baixinho do susto.

— Quase… — sussurrou Yuki, cobrindo o rosto com as mãos, vermelha.

Aiko riu, encostando o ombro nela.

— Quase mesmo.—

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!