Aiko sentia que seu coração ia sair pela boca a qualquer momento.
A cada passo que Yuki dava, sua respiração ficava mais pesada...
Mas antes que Yuki pudesse fazer o que queria, Min-Ji chegou, atrapalhando o momento.
— Gente, trouxe batata. —
Min-Ji falou, segurando o pacote nas mãos.
Aiko se afastou de Yuki, assustada, e o clima entre as duas ficou suspenso por alguns segundos.
— Eu tô indo pro banheiro. —
Falou Yuki, saindo mais rápido que o Flash.
Min-Ji, vendo a cena, olhou pra Aiko e perguntou:
— O que aconteceu com ela? —
Mas Aiko ainda estava perdida no mundo do beijo imaginário.
Min-Ji, então, começou a chacoalhar a amiga até que ela finalmente voltou à realidade.
— O que é, amiga? —
— Tá aí olhando pro nada! O que aconteceu? E por que a Yuki saiu igual uma desesperada? —
Aiko respirou fundo, tentando parecer normal, e voltou pra sua cadeira.
— Eu não sei… deve ser dor de barriga. —
Aiko se ajeitou na cadeira, tentando parecer tranquila, mas Min-Ji não estava convencida.
— Dor de barriga, é? — disse ela, cruzando os braços e arqueando a sobrancelha. — Mas você tá com um sorriso estranho… meio… suspeito.—
—Ai, vamos mudar de assunto! Enfim, tô morrendo de fome. —
Aiko pegou o saco de batata e começou a comer como se sua vida dependesse daquilo. Cada mordida era quase uma corrida contra o tempo.
— Tá com fome mesmo, viu! — Min-Ji falou, rindo, olhando para a amiga devorar a batata. — Tá passando fome, pelo jeito.
Aiko soltou um “humf” entre uma mordida e outra.
Aiko mal tinha conseguido se recompor quando Yuki voltou, ainda ofegante, fingindo que nada tinha acontecido.
— Prontinha! — disse Yuki, com um sorriso tímido, tentando parecer casual. — Só uma paradinha rápida no banheiro.
Aiko quase soltou um riso, mas conseguiu segurar, embora as bochechas estivessem queimando de vergonha.
— Ah, claro… rapidinha… — murmurou, olhando para Min-Ji, que ainda a encarava com aquele olhar desconfiado.
Min-Ji se aproximou de Yuki agora, cruzando os braços:
— Rapidinha, é? Uhum… sei… — disse, olhando para a amiga como se estivesse prestes a descobrir um grande segredo.
Yuki engoliu em seco, tentando parecer inocente, mas o jeito que ela desviava o olhar só aumentava a suspeita de Min-Ji.
Aiko, então, resolveu intervir, tentando salvar a situação:
— Gente, vamos comer a batata antes que ela acabe! — disse, tentando soar animada, mas falhando miseravelmente.
Min-Ji riu, mas ainda desconfiada, enquanto Yuki apenas deu de ombros e seguiu para a sua mesa.
Yuki e Aiko agradeceram a Deus quando bateu o sinal e os alunos começaram a entrar na sala, junto com o professor.
Era a última aula, e ambas não viam a hora de ir pra casa. Não queriam mais perguntas da Min-Ji — já bastava o constrangimento que tinham uma na frente da outra.—
Depois que o professor de filosofia falou até mais do que a boca aguentava, finalmente o sinal tocou para o fim da aula.
Ninguém aguentava mais, e os alunos pegaram suas mochilas antes do professor sair da sala. Elas fizeram o mesmo.
— Esse professor é o terror de todos nós. —
Falou Yuki, sorrindo aliviada.
— Nem me fale! Eu não conseguia pensar de tanto falatório. —
Respondeu Aiko.
— Ele é mais chato que minha vó quando reclama das tapoer que minha mãe leva pra casa. —
Min-Ji comentou, e todas começaram a rir igual umas doidas no corredor, seguindo em direção ao portão da escola.
— Até amanhã, gente. —
Disse Min-Ji, dando tchau para elas duas.
Agora, enfim, só restavam Aiko e Yuki. Elas acenaram, e assim que Min-Ji desapareceu, se encararam.
— Bom... eu tô indo. —
Falou Aiko, sem graça, tentando se controlar.
— Bom, então vamos nessa. —
Respondeu Yuki, seguindo atrás dela.
As duas caminhavam pela rua movimentada do Japão.
Aiko ia na frente, distraída, quando de repente se virou de repente, assustando a coitada da Yuki.
Yuki deu um pulo pra trás, levando as mãos à frente como se tentasse se proteger do susto.
— Ai, Aiko! — gritou, quase tropeçando nos próprios pés. — Quase me matou do coração!
Aiko cobriu a boca, tentando não rir, mas não conseguiu segurar e soltou uma risadinha.
— Desculpa, desculpa… — disse, ainda rindo. — Eu não te vi ali e me virei assim do nada.—
Yuki respirou fundo, tentando recuperar a compostura, mas um sorriso traquina escapou de seus lábios.
— Tá bom… só que da próxima vez você vai me avisar antes, hein? — disse, fingindo ser séria, mas os olhos brilhando de diversão.
Elas continuaram andando pela rua movimentada, Aiko mais à frente, e Yuki sempre se aproximando para garantir que nada mais a pegasse de surpresa.
O clima entre elas estava leve, engraçado, e ao mesmo tempo, havia uma tensão sutil que nenhuma das duas queria admitir.
— Cheguei, graças a Deus. —
Aiko já estava no portão da sua casa. Yuki ainda teria que andar mais um pouco para chegar na dela.
— Não quer entrar, Yuki? — perguntou, sem olhar diretamente para a amiga.
— Uhum… acho que sim. A tia tá? — perguntou, já a seguindo até a entrada.
— Não! Só a Diana. E deve estar no quarto, como sempre. —
Aiko abriu a porta e deu passagem para Yuki entrar.
— Sua irmã é bem antissocial, eu nunca vejo ela. — disse Yuki, indo se sentar. Mas Aiko segurou sua mão e a puxou para subir ao quarto.
— Ela é mais velha, deve ser por isso! Sempre chata. — respondeu rindo, enquanto subia as escadas. Aiko abriu a porta do quarto e as duas entraram.
Yuki logo se jogou na cama, enquanto Aiko deixava a mochila sobre a cômoda antes de se juntar a ela.
— Espero que quando eu ficar mais velha não seja igual à sua irmã. — disse Yuki, rindo.
Por outro lado, Aiko não conseguia tirar da cabeça a proposta da amiga. Seus olhos se perderam discretamente na boca de Yuki, e ela riu sozinha com pensamentos indecentes.
— Provavelmente você vai ficar igual a ela. — brincou.
Yuki virou de lado, encarando-a.
— Não vou! Deus me livre. —
O silêncio entre as duas ficou mais pesado, só o som dos carros passando na rua ao longe preenchia o ar. Aiko mordeu o lábio, pensando no que Yuki tinha falado mais cedo.
— Yuki… — chamou baixinho, quase num sussurro.
— Oi? — Yuki virou o rosto para encará-la.
Aiko respirou fundo, o coração acelerado.
— Sabe… mais cedo… quando você perguntou se eu já tinha beijado uma menina… — fez uma pausa nervosa, os dedos brincando com a ponta do lençol. — Eu… eu toparia, se fosse com você.—
Yuki arregalou os olhos, surpresa, sentindo o rosto inteiro esquentar.
— E-eu? Tá brincando, né? — tentou rir, mas a voz falhou.
Aiko negou com a cabeça, agora olhando firme para os olhos dela.
— Não tô brincando, Yuki.—
Por alguns segundos, nenhuma disse nada. O mundo parecia ter parado dentro daquele quarto.
— Então… você realmente quer? — Yuki perguntou, com a voz trêmula, mas um sorriso nervoso no canto dos lábios.
Aiko se aproximava lentamente, os olhos fixos nos de Yuki. O coração das duas parecia bater em sincronia, rápido e descompassado. Quando seus rostos estavam a um suspiro de distância, a porta se abriu de repente.
— Aiko? Você pegou meu carregador? —
Diana entrou no quarto, apertando os olhos como se tentasse focar. Sem os óculos, parecia não enxergar quase nada.
As duas se afastaram num pulo, Yuki fingindo ajeitar o cabelo e Aiko pegando o celular como se estivesse ocupada.
— Não, Diana! Tá no seu quarto, eu acho… — respondeu Aiko rápido, tentando disfarçar o nervosismo.
A irmã franziu a testa, ainda forçando a vista.
— Uhum… tá bom. — murmurou, saindo sem notar nada estranho.
Quando a porta se fechou, Yuki e Aiko se entreolharam, ainda ofegantes e rindo baixinho do susto.
— Quase… — sussurrou Yuki, cobrindo o rosto com as mãos, vermelha.
Aiko riu, encostando o ombro nela.
— Quase mesmo.—
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Atualizado até capítulo 21
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