Confusa, Anastasia se virou, e só então percebeu a figura pequena de Evie se aproximando. A garota carregava uma carranca ranzinza, sinal de que já procurava Anastasia há algum tempo. Pobre menina, obrigada a obedecer às ordens da mãe de Annie, correndo de um lado para o outro para realizar caprichos alheios. Anastasia sentiu um leve remorso por aumentar ainda mais seu trabalho, mas também um toque de divertimento diante da situação.
— Oi, Eveline. — Anastasia abriu um sorriso largo, quase iluminando o corredor ao redor. — Você está linda, sab…
— Ah, cale a boca.
Oh? Certo.
— Evie…
— Ouça com atenção. Eu falo apenas uma vez.
Anastasia acenou com a cabeça, resignada; não havia outra escolha.
— Sou apenas uma estagiária, seguindo sua mãe para cá e para lá porque tenho sonhos. É para realizá-los que ela é minha maior ajuda. A mulher é insuportável? Sim, sem dúvida. Mas devo ignorar sua personalidade e focar no talento incrível que ela possui. Sonho em um dia ter tanto talento quanto aquela desgraçada. — Anastasia riu com a escolha de palavras, e Evie apenas estreitou os olhos. — Não complique minha vida, Cecily. Me fazer correr atrás de você e ouvir sermões da sua mãe, como se cuidar de uma garota de 21 anos me ajudasse a memorizar nomes de plantas!
— Não sei como você ainda está disposta a ser aprendiz dela. Outras pessoas te ajudariam.
Evie parecia derrotada, os ombros caídos, quase um suspiro de frustração.
— Elas não têm o nome dela.
— Sempre se pode recorrer à história. O curso não inclui uma Anastasia para você correr atrás.
Anastasia riu, leve, quase música no silêncio do corredor.
— Vou considerar. Agora venha. Sua mãe está procurando você; o jantar vai começar.
— Se ela me forçar a sentar ao lado de Henry, não conseguirei colocar um grão de comida na boca.
— Ah, eu confio em você.
Ela se sentou ao lado de Henry. E, honestamente, a garota merecia um Nobel — conseguiu engolir o papo insuportável do garoto, suas tentativas desajeitadas de flerte, e não vomitou a comida em cima dele! Henry era bonito, com cabelo loiro caído sobre o rosto e olhos verdes que pareciam atravessar qualquer armadura. Havia também uma aura de confiança, quase magnética; Anastasia lembrava-se perfeitamente de como, aos 17 anos, ele a fez sentir seu corpo inteiro em chamas. Mas bastava abrir a boca… Ambos discordavam em tudo. E havia toda a bagagem que ele carregava: um pai insuportável e uma família cheia de opiniões opressoras. No fundo, Anastasia sabia que o rejeitava com afinco apenas porque sua mãe o apoiava. Queria escolher alguém por conta própria, não alguém aprovado por terceiros. Ela não suportaria pensar que tomou uma decisão apenas para agradar.
— Ei. — Evie murmurou na cama ao lado, alguns minutos após o jantar.
— Ei. Cansada? — Anastasia perguntou, sentindo a brisa suave do quarto enquanto se acomodava nos travesseiros.
— Muito. Correr atrás da filha da chefe é exaustivo, sabe?
Anastasia arremessou um travesseiro nela, e o riso de Evie preencheu o quarto, leve e contagiante.
— Idiota.
Evie revidou, jogando o travesseiro de volta, o tecido macio batendo com um som abafado.
— E você? Por que ainda não dormiu?
— Henry.
— Bom Deus! Vai sair com ele? Um encontro clandestino?
— Nem se a própria Afrodite mandasse. Estou pensando em formas de assassiná-lo. Será que ele me agradeceria se eu o jogasse na água? Ele parece gostar tanto. — Anastasia falou com um tom cínico, os olhos brilhando de ironia.
— Garota, teu problema é sono.
Ela riu, e o som ecoou como uma pequena fuga de leveza no quarto silencioso.
— Ei, Evie.
— Sim?
— Você conhece um garoto chamado James?
— James? Depende.
— Um James que está neste navio.
— Você deve estar confusa. Não há nenhum James aqui.
— E como tem tanta certeza?
— Sua mãe me fez decorar uma lista com o nome de todos e seus gostos, para que eu tivesse assunto.
— Ou para bajulá-los.
— Mais precisamente, sim. — Evie fez um muxoxo, provavelmente amaldiçoando a mãe de Anastasia em várias línguas silenciosas. — Mas por que a pergunta?
— Nada. Você acha que alguém de fora da lista poderia ter entrado?
— É possível. Mas espero que não; sua mãe surtaria se algo não estivesse perfeito, e isso me faria surtar também.
Anastasia ficou em silêncio, sentindo um aperto estranho no estômago. Talvez fosse pelo jantar de mais cedo, ou talvez pelo fato de algo não ter saído conforme os planos de sua mãe. Nada passava despercebido por Nadine. A presença de um rapaz fora da lista a inquietava. Mas quem sabe a mãe mudou de ideia e convidou alguém de última hora? Ou algum convidado trouxe um filho. Anastasia estava apenas lendo livros de mistério demais, pensou, com um meio sorriso nervoso.
— Boa noite, Anastasia.
— Boa noite, minha carcereira.
Anastasia ouviu a risada suave de Evie antes de finalmente deixar-se levar pelo sono.
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Atualizado até capítulo 24
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