Capítulo 5 – Rumores e Confrontos

• Tee

Os jornais chegaram antes mesmo de eu conseguir abrir os olhos completamente. Quando desci para o café da manhã, encontrei os exemplares espalhados sobre a mesa de mármore, cuidadosamente dispostos para que eu não tivesse como evitar.

As fotos do jantar estavam lá. Eu e Fah, lado a lado, perfeitos e sorridentes como sempre. O título era previsível: "O Casal Dourado do Futuro". Mas em uma das páginas internas, havia algo diferente. Uma foto tremida, tirada no corredor leste. Eu aparecia de perfil, e atrás de mim, a figura imponente de Bass, sua mão quase tocando meu braço.

Franzi a testa. Ninguém deveria ter conseguido aquela foto.

— Você vai ler ou vai continuar fingindo que não está vendo? — a voz de Fah soou atrás de mim, cortante. Ela entrou na sala com o celular na mão, a tela iluminada mostrando a mesma imagem que estava no jornal.

— Eles sempre inventam algo — respondi, me servindo de café com uma calma que não sentia.

— Mas essa foto não é invenção. — Ela se aproximou, apoiando o aparelho sobre a mesa com um golpe seco. — As pessoas estão comentando que você aparece mais com seu segurança do que comigo.

Olhei para ela, tentando controlar a irritação que crescia dentro de mim. — E o que você quer que eu faça? Que peça para ele andar vinte passos atrás?

— Quero que você se comporte como o meu namorado. — O tom dela era firme e gelado. — Não me faça parecer uma tola diante de todos.

Suspirei, esfregando o rosto com as mãos. A última coisa que eu precisava era de mais cobranças. Mas, no fundo, aquela foto me incomodava de um jeito diferente. A expressão de Bass na imagem parecia… intensa. Protetora de um modo que não podia ser ignorado.

— Vou tomar banho. — Levantei bruscamente, ignorando os jornais e o olhar furioso de Fah. — Se quiser conversar, espere eu terminar.

Subi as escadas rapidamente, como se correr pudesse me livrar do problema. Mas o peso daquela foto continuou comigo, um desconforto latejante em meu peito.

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• Bass

Eu já tinha visto as fotos há horas. O chefe da segurança me entregou o jornal assim que chegou, com sua expressão habitual: neutra, mas carregada de reprovação silenciosa.

A imagem não era clara, mas era o suficiente para alimentar rumores. Eu conhecia bem esse jogo. Pessoas poderosas não precisavam de provas concretas, apenas de motivos para duvidar. E Tee era um alvo fácil, sempre foi.

Quando o encontrei no corredor superior, ele vinha apressado, ainda vestindo apenas um roupão. Seus olhos encontraram os meus por um instante, como se quisesse fazer uma pergunta, mas não soubesse como.

— Vai dizer que a culpa é minha também? — ele atirou, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.

— Não é questão de culpa — respondi, mantendo a voz controlada. — É sobre assumir as consequências dos seus atos.

Ele franziu a testa, fechando a distância entre nós. — Consequências de quê? De você me puxar pelos corredores como se eu fosse uma criança?

Mantive a postura rígida. — Consequências de você não entender que cada movimento seu é observado e analisado.

Ele ficou a poucos centímetros de mim, seu rosto marcado pela raiva e pela frustração. — Eu não pedi para você me seguir para todo lugar.

— E eu não pedi para estar aqui. — soltei, mais asperamente do que pretendia.

O silêncio que se seguiu foi espesso e pesado. Eu podia sentir a respiração dele, rápida e quente, como se estivesse prestes a me empurrar ou… algo mais. E essa possibilidade me irritou profundamente.

Afastei-me primeiro, recuando para uma distância profissional. — Vista-se. Seu pai mandou que eu levasse você ao escritório dele hoje mais tarde.

Vi a expressão de Tee mudar, a surpresa misturando-se com o desconforto. Ele detestava esses encontros com o pai.

— Certo. — ele respondeu, secamente.

Mas enquanto subia as escadas, senti seu olhar ainda sobre mim, como se estivesse buscando respostas que eu não tinha permissão para dar.

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• Fah

A foto no jornal não me surpreendeu. Eu já sabia que, mais cedo ou mais tarde, alguém perceberia a dinâmica estranha entre eles. Tee não sabia disfarçar seu desconforto, e Bass não conseguia esconder como estava sempre perto demais, vigilante demais.

O problema real não era a foto em si. Era o que ela poderia representar no futuro.

Peguei o celular e digitei uma mensagem rápida para minha mãe: "Precisamos adiantar a festa de anúncio. Não podemos dar tempo para esses rumores se espalharem."

Depois guardei o aparelho e me olhei no espelho do hall de entrada. A maquiagem estava impecável, o sorriso perfeitamente ensaiado. Se havia uma guerra silenciosa se iniciando, eu estava preparada.

E eu não tinha intenção de perder.

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• Tee

No final da manhã, Bass me levou até o escritório do meu pai. O trajeto foi feito em completo silêncio, e eu odiava aquilo. Odiava não conseguir extrair nada dele além de respostas curtas e funcionais.

Quando entramos no escritório, meu pai ergueu o jornal sem qualquer preliminar. — Isto é o que acontece quando você esquece como deve se comportar.

Cruzei os braços, defensivo. — Uma foto desfocada significa comportamento inadequado agora?

— Significa descuido. — Ele colocou o jornal sobre a mesa com um movimento preciso. — E descuido é algo que não podemos permitir.

Quis responder, mas senti o peso do olhar de Bass atrás de mim. Não sei por que, mas aquilo me calou.

Meu pai continuou, sua voz impondo autoridade. — O jantar de ontem serviu para consolidar o que já estava decidido. Você e Fah terão seu noivado anunciado em breve. Não quero mais distrações ou desvios.

Olhei para o jornal novamente. Bass estava ali, na sombra atrás de mim, uma presença constante. E percebi que, não importa o quanto eu tentasse, não conseguiria removê-lo da minha vida tão facilmente.

Saí do escritório com o peito apertado. A cada passo, sua presença ao meu lado parecia ao mesmo tempo mais sufocante e mais necessária.

E eu detestava essa contradição que me consumia por dentro.

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