Sempre Ou Para Sempre

Sempre Ou Para Sempre

Capítulo 1 – O Silêncio Antes da Tempestade

As noites na vila de Ravaryn sempre foram tranquilas, quase sonolentas, mas naquela noite havia algo diferente. O silêncio não era repouso, era ameaça.

Do meu quarto, eu observava pela janela a rua deserta iluminada apenas pela luz fraca das tochas presas às paredes de pedra. O vento agitava as bandeiras no alto da praça, e as sombras se moviam como se tivessem vida própria. Apertei o xale contra os ombros e respirei fundo, tentando ignorar a sensação de que algo me vigiava.

A voz voltou.

Um sussurro, não mais dentro da minha mente, mas tão próximo que me arrepiei dos pés à cabeça.

"Sempre ou para sempre."

Engoli em seco. Não era a primeira vez que ouvia isso, mas nunca com tamanha clareza.

— Você também ouviu? — perguntei em um sussurro, mais para mim mesma do que para qualquer outra pessoa.

— Ouvir o quê? — A resposta veio carregada de curiosidade e impaciência.

Me virei, e lá estava Arlen, meu melhor amigo desde a infância. Ele estava encostado no batente da porta, os braços cruzados e aquele meio sorriso que sempre carregava quando achava que eu estava imaginando coisas demais.

— A voz. — murmurei, evitando seus olhos. — Alguém... falou comigo.

Ele arqueou uma sobrancelha, dando alguns passos para dentro do quarto.

— Lyra, você anda sonhando acordada de novo. — A risada dele foi suave, mas havia preocupação escondida em seu tom. — Desde que... — Ele parou, como se tivesse medo de terminar a frase.

Eu sabia o que ele não queria dizer: desde que sua família desapareceu.

— Eu não estou sonhando. — respondi firme, tentando parecer mais confiante do que realmente estava. — Essas palavras me perseguem, Arlen. Não é invenção.

Ele suspirou e se aproximou da janela, apoiando-se no parapeito. Do lado de fora, os passos de alguns guardas ecoavam ao longe, e o cheiro de lenha queimada vinha das casas.

— Sempre ou para sempre... — repetiu em voz baixa, quase como se estivesse experimentando o peso das palavras. — Isso não significa nada.

— Significa. — rebati de imediato. — Eu sinto que é um aviso.

Antes que ele pudesse responder, um estrondo ecoou na praça. Ambos nos viramos ao mesmo tempo. Uma carroça havia virado, derramando caixas e frutas pela rua, mas não era isso que chamava atenção: havia símbolos pintados nas laterais, símbolos que eu já tinha visto nos meus pesadelos.

Meu coração disparou.

— Arlen... você viu aquilo?

Ele estreitou os olhos.

— Não gosto disso. — pegou minha mão e a apertou. — Vamos até lá, mas você fica atrás de mim.

Descemos pelas escadas de madeira rapidamente, e o ranger dos degraus parecia mais alto do que nunca. O frio da madrugada cortou minha pele assim que saímos à rua. Algumas pessoas se reuniam em volta da carroça caída, cochichando entre si.

Uma mulher alta, envolta em um manto escuro, observava de longe. Seus olhos eram de um verde penetrante e pareciam brilhar mesmo à meia-luz. Quando percebi seu olhar fixo em mim, estremeci.

— Quem é ela? — perguntei a Arlen em um sussurro.

— Nunca a vi antes. — respondeu, a voz tensa. — Mas... parece que te conhece.

A estranha sorriu, como se tivesse ouvido nossa conversa, e se aproximou devagar, o som de suas botas ecoando nas pedras.

— Finalmente. — disse, e sua voz era tão suave quanto a que ecoava em meus sonhos. — A escolhida desperta.

Senti minhas pernas fraquejarem.

— Você... — minha voz falhou. — Você é a voz que eu ouço.

Ela inclinou a cabeça, os olhos nunca deixando os meus.

— A voz não é minha, menina. É sua. O destino apenas encontrou um modo de se fazer ouvir.

Arlen deu um passo à frente, se colocando entre nós.

— Quem é você? O que quer com ela?

O sorriso da mulher se alargou, mas não havia bondade nele.

— Meu nome não importa. O que importa é a escolha que sua amiga terá de fazer. E quando esse momento chegar... — ela olhou para mim com intensidade — ...ela descobrirá que sempre e para sempre não são a mesma coisa.

O silêncio que se seguiu foi mais cortante do que qualquer grito. Eu não sabia se devia fugir, enfrentar ou simplesmente acordar daquele pesadelo. Mas algo dentro de mim dizia que aquilo era apenas o começo.

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Capítulos
1 Capítulo 1 – O Silêncio Antes da Tempestade
2 Capítulo 1 – O Silêncio Antes da Tempestade (continuação)
3 Capítulo 1 – O Silêncio Antes da Tempestade (conclusão)
4 Capítulo 2 – Chamas e Sussurros
5 Capítulo 3 – Olhos que Não Se Esquecem
6 Capítulo 4 – Entre Ruínas e Segredos
7 Capítulo 5 – Entre Medo e Lealdade
8 Capítulo 6 – O Silêncio da Noite
9 Capítulo 7 – O Amanhecer Sobre Cinzas
10 Capítulo 8 – Vozes Entre Cinzas
11 Capítulo 9 – Sussurros na Escuridão
12 Capítulo 10 – O Amanhecer da Partida
13 Capítulo 11 – Entre Cinzas e Aurora
14 Capítulo 12 – Ecos do Amanhecer
15 Capítulo 13 – Sussurros do Vento
16 Capítulo 14 – O Sussurro das Sombras
17 Capítulo 15 – Ecos do Passado
18 Capítulo 16 – Sombras e Segredos
19 Capítulo 17 – Lembranças de um Dia Perdido
20 Capítulo 18- O Medalhão
21 Capítulo 19 – Entre Vilas e Segredos
22 Capítulo 20 – Noite Entre Sombras
23 Capítulo 21 – Ecos ao Amanhecer
24 Capítulo 22 – A Casa dos Ecos
25 Capítulo 23 – Estrada para a Capital
26 Capítulo 24 — A Cidade De Mil Olhos
27 Capítulo 25 – Ecos na Capital
28 Capítulo 26 – Sombras na Cidade
29 Capítulo 27 – Vozes nas Sombras
30 Capítulo 28 – O Eco dos Portões
31 Capítulo 29 – As Sombras do Palácio Velho
32 Capítulo 30 – Ecos e Planos nas Sombras
33 Capítulo 31 – Entre Correntes e Sombras
34 Capítulo 32 – A Fuga pelas Sombras
35 Capítulo 33 – Correntes Invisíveis
36 Capítulo 34 – Entre Cinzas e Segredos
Capítulos

Atualizado até capítulo 36

1
Capítulo 1 – O Silêncio Antes da Tempestade
2
Capítulo 1 – O Silêncio Antes da Tempestade (continuação)
3
Capítulo 1 – O Silêncio Antes da Tempestade (conclusão)
4
Capítulo 2 – Chamas e Sussurros
5
Capítulo 3 – Olhos que Não Se Esquecem
6
Capítulo 4 – Entre Ruínas e Segredos
7
Capítulo 5 – Entre Medo e Lealdade
8
Capítulo 6 – O Silêncio da Noite
9
Capítulo 7 – O Amanhecer Sobre Cinzas
10
Capítulo 8 – Vozes Entre Cinzas
11
Capítulo 9 – Sussurros na Escuridão
12
Capítulo 10 – O Amanhecer da Partida
13
Capítulo 11 – Entre Cinzas e Aurora
14
Capítulo 12 – Ecos do Amanhecer
15
Capítulo 13 – Sussurros do Vento
16
Capítulo 14 – O Sussurro das Sombras
17
Capítulo 15 – Ecos do Passado
18
Capítulo 16 – Sombras e Segredos
19
Capítulo 17 – Lembranças de um Dia Perdido
20
Capítulo 18- O Medalhão
21
Capítulo 19 – Entre Vilas e Segredos
22
Capítulo 20 – Noite Entre Sombras
23
Capítulo 21 – Ecos ao Amanhecer
24
Capítulo 22 – A Casa dos Ecos
25
Capítulo 23 – Estrada para a Capital
26
Capítulo 24 — A Cidade De Mil Olhos
27
Capítulo 25 – Ecos na Capital
28
Capítulo 26 – Sombras na Cidade
29
Capítulo 27 – Vozes nas Sombras
30
Capítulo 28 – O Eco dos Portões
31
Capítulo 29 – As Sombras do Palácio Velho
32
Capítulo 30 – Ecos e Planos nas Sombras
33
Capítulo 31 – Entre Correntes e Sombras
34
Capítulo 32 – A Fuga pelas Sombras
35
Capítulo 33 – Correntes Invisíveis
36
Capítulo 34 – Entre Cinzas e Segredos

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