Eu engulo em seco e respondo:
— Tenho, sou filha de um rei. Se eu for pra lá, ele não vai deixar eu voltar. Porque, sou uma princesa lá.
Esse assunto me assusta, sou filha do rei dos Lycans, Elrik Wolff Ronnan. Ele conheceu a minha mãe Nefeli Mízia, quando ela era a comandante do Exército Real do Reino das Bruxas. Ronnan veio negociar acordos comerciais com a Rainha Ravenna III.
Quando segundo a minha tia, ele se encantou por Nefeli e a seduziu até a mesma ceder. E aí, fui concebida, quando ele soube que Nefeli estava grávida, tentou levar ela a força para seu reino.
No entanto, Nefeli resistiu e escolheu viver aqui no Reino. Quando ela foi assassinada pela Facção Nova Aurora, meu pai tentou me levar para o Reino dos Lycans. Mas, eu bati o pé e não quis ir, nasci aqui e amo essa minha terra. O velho se chateou e não quis mais saber de mim, no entanto, mudou de ideia e me mandou essa carta. Helena me entrega e diz:
— Não se preocupe, posso mandar alguém com você. Assim, ele não vai te obrigar a ficar lá. Nas férias, você pode ir.
— Eu não queria, mas vou ler o que ele mandou. E lógico vou responder, tia. Falei.
— Terá bastante tempo para pensar, agora vamos descer. Já terminei o penteado. Disse Helena.
Depois disso, desço com as minhas bagagens que consistem em uma mala com as minhas roupas, calçados e outros pertences; e outras duas malas com minhas armas, espada, punhais, duas pistolas, uma corrente e um machado.
Me junto a mesa, me alimento e ouço o papo empolgado de Lyra. Que estar bem ansiosa para ingressar na Academia de Magia, eu não compartilho dessa emoção toda. Sei que será um desafio continuar nessa Academia, já imagino os xingamentos, desprezo e olhar de nojo que os bruxos direcionam a mim gratuitamente.
Nunca fiz mal a ninguém, mas me odeiam por eu ser quem eu sou. Passei anos, reclusa na residência Mízia, e na floresta treinando com Hinami Ushida, uma feiticeira muito habilidosa que viveu anos no oriente do Reino dos Humanos. Ela treinou a minha mãe Nefeli, minha tia e eu, ela é como se fosse uma terceira mãe para mim. Com ela aprendi a usar e amar a magia, aprendi a lutar usando espadas e pistola, sou muito boa com feitiços e combate corpo a corpo.
No entanto, chegou a hora de ingressar nessa Academia de Magia. Ter que socializar com outros bruxos e Bruxas, que me detestam por eu ser híbrida. As poucas interações que tive com eles, mas suficientes para saber que eu incomodo eles apenas existindo. Quanto aos Lycans, nunca vi um além do meu pai, porém sei que eles também me olhariam torto e se enojariam. Eles também glorificam a figura dos puros, e rechaçam os mestiços iguais a mim.
Os Lycans me assustam mais, porque segundo o que eu li sobre. Eles escravizam os híbridos com humanos, bruxas, vampiros e fadas, que Ártemis me livre disso. Nix disse que estou exagerando, nem todos são assim, mas não confio. Também, tem a história do parceiro destinado por Selene, a deusa da Lua. Disso aí tô fora, com todo respeito a Selene, mas não quero me relacionar amorosamente com ninguém. Meu foco é evoluir, treinar e me aprimorar na Magia, não quero perder tempo me distraindo com essas bobagens.
Enfim, depois do café uns funcionários da mansão levam as bagagens para a carruagem. Lyra está empolgadíssima, e eu estou inexpressiva. Tia Helena nos acompanha, coloco minha gargantilha com pingente de coração de turmalina negra, meu colar de ouro com o pingente do pentagrama wiccano. Simboliza o equilíbrio entre os cinco elementos da natureza, minha religião.
Helena abraça sua filha biológica, Lyra Mízia Fourtner, ela é filha dela com um humano. A minha tia conheceu o pai de Lyra durante uma missão no Reino dos Humanos, tiveram um breve relacionamento e ela engravidou desse homem. Lyra é meu extremo oposto, fomos criadas juntas como irmãs. A minha mãe não tinha tempo para cuidar de mim e me entregou para Helena me criar, fui criada como filha dela.
A minha prima é alegre, espontânea, extrovertida e sensível. Enquanto, eu segundo ela tenho "os nervos de aço", respondo com um: "e um coração gelado." Ela sonha que encontrará seu grande amor na Academia, Lyra é romântica e doce, sempre usando vestidos rosa claros, muito delicada.
Diferente de mim, que a última vez que usei um vestido foi na festa de aniversário da minha tia, que usei um vestido bege leve com um espartilho preto, e os cabelo soltos em camadas. Detestei, fiquei delicada demais e atraí uns olhares indesejados dos garotos, nesse dia havia outros feiticeiros de outros clãs como Verrit, Oslan, Moreli, Müller, Freet, Anderson, etc.
Lembro que um garoto muito bonito, ficou me olhando e nunca me senti tão desconfortável. Foi um alívio quando pude me recolher, parecia um peixe fora da água. Uma estranha no ninho, esse garoto me encarava, parecia hipnotizado, fiquei muito incomodada. Eu encarava de volta, mas com um olhar frio e intimidante. Entretanto, ele não se intimidava, e até sorria. Minha mão coçou pra arrebentar o seu belo rosto.
Tomara que eu não cruze o caminho desse idiota, porque, ele pode ir pra minha listinha de futuras vinganças. Nessa lista estão os assassinos da minha mãe, uma vadia chamada Ariane que me enche o saco, mas tem espaço pra mais um sempre.
Tia Helena fala para Lyra:
— Cuidado, filha. Foque nos estudos, tá me ouvindo?
— Sim, mãe. Já sou maior, vou saber me cuidar. Disse Lyra.
— Tomara mesmo, boa viagem e se cuida. Disse Helena.
Ela se vira para mim e fala:
— Que a Deusa Artemis a proteja e guiem as duas. Domi, se cuida e tenha paciência, sei que saberá lidar da melhor forma com tudo. Foco nos estudos também, vigie Lyra e proteja.
— Sim, senhora. Vou ficar de olho em Lyra. Até mais.
Nos abraçamos e ela beija a minha testa, faz o mesmo com sua filha. Em seguida, embarcamos e seguimos para Merl, a capital do Reino Unificado das Bruxas (RUB) a Academia fica nessa cidade. A viagem dura dois dias, vou aproveitar para relaxar a minha mente. Porém, estou sempre alerta, a floresta pode ser perigosa, e Ricardo, cocheiro experiente pode vacilar.
Lyra sorrir e fala:
— Como se sente, Domi? Pensei que ficaria animada.
— Estou normal, animação pra quê e sei que serei detestada por ser híbrida. Melhor me manter fria e distante, assim sofro menos.
— Eu sinto muito, Domi. Acho esse preconceito uma injustiça tremenda, você não tem culpa de nada e nem pediu pra nascer. Não consigo entender.
— Nem eu entendo, é injusto. Mas, a vida nem sempre é justa. Ainda bem que tenho você como minha amiga, se não estaria só.
— Saiba que pode contar comigo pra tudo, Domi. Será que não dá pra acelerar e chegarmos mais cedo? Indagou Lyra tentando mudar o assunto.
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Atualizado até capítulo 27
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