Capítulo – 4

Kael

Estou deitado em minha cama, jogando para cima uma pequena bola de golfe e pegando-a de volta com a palma da mão. O movimento repetitivo me distrai, mantém minha mente ocupada… até a porta se abrir de repente.

Lino entra correndo, ofegante, quase tropeçando.

— Eu descobri em que quarto ela vai ficar, Kael — diz entre respirações curtas. — É no mesmo quarto da Ylow.

A bola cai em minha mão e eu me sento de supetão, fixando nele meu olhar.

— No quarto da roedora? — um sorriso torto se abre em meus lábios. — Tá de sacanagem com a minha cara, não é, Lino?

Ele balança a cabeça, nervoso.

— Não, Kael. É sério. Ouvi a diretora dizendo que no jantar tudo será explicado para ela… de como as coisas funcionam por aqui.

Me levanto devagar, andando até a janela. Continuo jogando a bola para cima, sentindo o peso dela nos dedos, como se cada arremesso fosse uma forma de controlar minha impaciência.

— Então será depois do jantar — murmuro, quase para mim mesmo, o sorriso voltando, mais sombrio dessa vez.

Lino se aproxima, hesitante, como quem pisa em gelo fino.

— Para com isso, Kael. Acho que não vale a pena. Isso pode dar ruim.

Me viro para ele num movimento brusco, meu casaco longo balançando junto. Aproximo-me até ele recuar um passo. Minha voz sai baixa, mas firme, cada palavra carregada de ameaça:

— Eu vou precisar de você, Lino. E você vai me ajudar. — Dou uma pausa e sorrio de forma lenta. — Vai ficar incumbido de não deixar aquela roedora voltar para o quarto depois do jantar.

Ele engole em seco, a garganta se movendo visivelmente. Está dividido entre a lealdade e o medo. Mesmo assim, a voz sai, fraca, contraditória:

— E o que você pensa em fazer? Como pretende assustar a novata?

A bola de golfe para no ar, presa entre meus dedos. Fecho a mão devagar, ouvindo o estalo do plástico sendo pressionado. Me aproximo ainda mais dele, deixando meu olhar predador colado ao dele.

— Não se preocupe com os detalhes, Lino… — digo num sussurro quase animalesco. — Só preciso que ela entenda uma coisa: que aqui dentro, ninguém pisa sem antes sentir a sombra dos Lobos Blasters.

Um rosnado baixo escapa de mim, involuntário, e vejo o pânico brilhar nos olhos dele. Meu lobo está inquieto, rondando dentro de mim como fera enjaulada.

E então, como se aproveitasse a brecha, sua voz ecoa sombria em minha mente, carregada de uma fome que me queima por dentro:

"Ela é nossa, Kael…"

Fecho os olhos por um instante, sentindo a adrenalina percorrer minhas veias. Quando os abro novamente, o sorriso em meus lábios é de pura promessa.

— Depois do jantar… — murmuro, voltando meu olhar para o jardim lá embaixo. — O jogo começará.

Mas então, como um fio solto prestes a se romper, um lampejo de irracionalidade escapa de Lino:

— Deixe a menina em paz, Kael. Eu não quero fazer parte disso, cara…

Não há tempo para ele se arrepender. Num segundo, já o tenho prensado contra a parede.

— Quem você pensa que é para me desafiar, Lino?! — rosno, os olhos queimando em fúria. — Por que está me pedindo isso?! Hein?! Por acaso está interessado nela? Me responde, porra!

Minha mão aperta seu colarinho com força, levantando-o alguns centímetros do chão. Ele luta, tentando arrancar meus dedos de sua garganta, mas sou mais forte.

Ele solta um rosnado resignado, os olhos estreitados de raiva e desafio. E então cospe as palavras que não deveria:

— Será que sou eu mesmo interessado?

Por um instante, tudo dentro de mim silencia. O quarto inteiro parece prender a respiração. Meu lobo estoura dentro da minha mente, urrando, rosnando, como se a simples ideia fosse uma afronta mortal.

Sinto minhas presas ameaçando aparecer, os músculos tremendo sob a pressão de contê-lo. O cheiro do medo de Lino se mistura ao meu próprio desejo de sangue.

— Repete isso… — sussurro com a voz baixa, mas carregada de uma fúria que quase não controlo. — Vai, repete, Lino. Juro que eu arranco sua garganta aqui mesmo.

A bola de golfe escorrega da minha mão e rola pelo chão, esquecida. O quarto inteiro está tomado pela tensão, pelo cheiro de poder, pela promessa de violência.

E no fundo da minha mente, a voz do meu lobo surge mais clara, mais sombria do que nunca:

"Mate-o, Kael… ela é nossa. Só nossa".

Meu coração dispara, o sangue ferve.

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Comments

Adriana Martins da Silva

Adriana Martins da Silva

2😔 eu também esse kael é um idiota

2025-09-26

1

carol caroline

carol caroline

Detestando esse kael.

2025-09-19

2

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