O frio da noite cortava a pele de Maria, mas nada a assustava mais do que aqueles olhos vermelhos que a fitavam na escuridão. Seu corpo, enfim, reagiu: com um sobressalto, ela arrancou os pés do chão e começou a correr pelo parque deserto.
Atrás dela, o som de passos inexistentes ecoava, como se as sombras corressem junto, sempre a um sussurro de distância.
De repente, não era mais apenas um — quatro fantasmas emergiram da neblina. Três homens de aparência sombria, seus rostos marcados pelo vazio da morte, e uma mulher de longos cabelos negros, cujo sorriso parecia uma promessa de tormento.
Cada um tinha olhos de cor diferente: vermelho, azul, dourado e cinza. Seus olhares cravaram-se em Maria, que sentiu o ar do parque ficar denso, quase impossível de respirar.
A mulher falou primeiro, com uma voz doce e venenosa:
Fantasma 3
Ela é tão frágil… será fácil trazê-la para o nosso lado.
Um dos homens se aproximou, sua voz grave ecoando como trovão:
Fantasma 2
Corra, menina. Corra o quanto quiser. Nós adoramos a caça.
O segundo homem deixou escapar uma risada sombria, que pareceu se multiplicar pelo parque:
Fantasma 1
Logo, você não terá mais para onde fugir.
E o terceiro, de olhos vermelhos em brasa, murmurou bem próximo, quase em seu ouvido:
Fantasma 4
Você nasceu para ser uma de nós, Maria. E ninguém escapa do seu destino.
Ofegante, Maria correu, mas o parque parecia se distorcer, alongando-se, como se aquelas presenças controlassem o próprio espaço ao seu redor.
Maria correu desajeitadamente, desviando de árvores retorcidas e galhos que pareciam se esticar para agarrá-la. Os quatro fantasmas mantinham-se atrás dela, deslizando silenciosamente, mas sempre tão próximos que Maria podia sentir o frio que emanava de seus corpos espectrais.
Ela virou-se para olhar e viu os olhos da mulher cintilando na escuridão, acompanhados pelas cores ameaçadoras dos três homens. Um arrepio percorreu sua espinha, mas ela não podia parar.
No fim do parque, um portão antigo surgiu à sua frente — sua única saída. Com um esforço desesperado, Maria lançou-se em direção a ele. O vento soprou forte, e as vozes macabras ecoaram ao redor:
Fantasma 3
Não consegue escapar…
Fantasma 1
Ainda vamos buscá-la…
Ela empurrou o portão e sentiu, pela primeira vez em minutos, o chão firme sob seus pés. O parque ficou para trás, e a neblina começou a se dissipar.
Mesmo segura por enquanto, Maria sabia que não estava livre. Os quatro fantasmas haviam desaparecido da vista, mas seus sussurros ainda ressoavam em sua mente:
"Nos encontraremos novamente, Maria… e da próxima vez, não haverá fuga."
Ofegante e com o coração acelerado, ela chegou em casa, trancando portas e janelas. O medo ainda pulsava dentro dela, e a certeza de que algo sombrio estava à espreita não a deixava relaxar.
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