— Não! — Tomaso respondeu, com a voz firme, como se estivesse dando uma ordem.
— Você vai ter tudo novo. Eu vou te ajudar. Vamos começar pelo último corredor? Arroz, feijão...
Desconcertada, Dara apenas concordou com a cabeça. Ele começou a encher o carrinho sem hesitar, dois sacos de arroz, quatro de feijão, cinco de farinha, farofa, fubá, sal, milho de pipoca. Dara ficou parada, observando a cena, cada item uma prova do quão fora de seu alcance aquilo parecia.
— Tomaso, eu não posso aceitar tantas coisas. Não vou me sentir bem. — ela disse, apreensiva.
— E bebês não entendem de coisas novas. Eu prefiro buscar doações, como eu planejei.
Um sorriso sutil se formou nos lábios de Tomaso.
— Depois decidimos isso. Quer pegar alguma coisa nesse corredor? Qualquer coisa. Pode escolher. Fique à vontade.
Ela balançou a cabeça em negativa, e eles continuaram. Tomaso enchia o carrinho, passando por um corredor após o outro. Dara sorria, imaginando a fartura que teria para comer. Ela percebeu que ele não tinha o menor jeito para fazer compras e, em alguns momentos, não conseguia segurar o riso quando ele exagerava ou pegava algo errado. Eles já haviam passado por mais da metade do mercado, e agora, na seção de higiene, Tomaso pegou um xampu e um desodorante para si.
— Pode pegar o que você precisa. — ele disse, estendendo a mão para o corredor.
Envergonhada, Dara pegou um desodorante roll-on simples e barato. Ele apontou para as prateleiras cheias de xampus e cremes sorrindo.
— Pode pegar. Essas frescuras de mulher eu não entendo, e você não quer que eu escolha sozinho, não é?
Dara se aproximou das prateleiras, com a timidez evidente em seus gestos. De maneira humilde, começou a pegar os produtos mais baratos, um kit simples de xampu e condicionador, e um hidratante corporal de algodão, grande e simples.
Tomaso olhou para ela e depois apontou para os óleos corporais que estavam por perto.
— Você não usa esses aí? Na barriga? Pra... — ele hesitou, tentando encontrar a palavra certa, mas a intenção era clara.
Dara sorriu sutilmente, com seus olhos baixos.
— Não, eu não pude me cuidar. Minha vida mudou muito. Eu não sou assim, sabe.
Ela continuou a olhar para o chão, como se a vergonha a impedisse de encarar Tomaso.
Ele se aproximou devagar, olhando para a prateleira.
— Eu também não sou assim. Gosta do cheiro de amêndoas?
Dara sorriu, envergonhada, e disse que sim. Ele pegou o óleo de amêndoas mais caro e, em seguida, começou a jogar mais de dez sabonetes no carrinho, fazendo com que ela risse muito.
— Esse deixa a pele hidratada. — ele disse
— Mas derrete rápido demais.
Quando entraram no corredor de trás, uma senhora se aproximou, falando com ele. Ela disse que quase não o reconheceu. Tomaso a cumprimentou educadamente e colocou as coisas que estavam em sua mão no carrinho que Dara segurava. De repente, a mulher mudou o semblante, arregalando os olhos ao reparar na barriga de Dara.
— Misericórdia, você já se casou e vai ser pai de novo! Que coisa. Eu não sabia.
Tomaso ficou sério, quase a ignorando, e respondeu, pegando o carrinho com raiva.
— Não, Dona Laura. Ela trabalha para mim. Vai cuidar da casa.
A senhora começou a rir, constrangida, mas ainda sendo invasiva.
— Ah, sim, que susto. Porque ela parece tão novinha para estar com um homem maduro como você. Quantos anos você tem, mocinha? É casada?
Dara ficou muito envergonhada, sorriu sutilmente e saiu andando atrás de Tomaso. Ele passou para o outro corredor, encheu o carrinho de guloseimas e olhou para Dara.
— Vamos logo para o caixa. Vá indo. Não. Vamos no açougue. Não, vai esperar no carro. Anda.
Ela percebeu que ele ficou desnorteado e nervoso. Saiu andando cabisbaixa, sentindo que mais pessoas estavam reparando nela e falando. Ficou encostada no carro, esperando e tentando esconder a barriga, olhando as pessoas que entravam e saíam do mercado. Quando Tomaso saiu, um funcionário do mercado o ajudou com o carrinho. Ele se aproximou com uma sacola pendurada e perguntou:
— Por que não entrou no carro?
Ela ficou olhando para o chão.
— Você não deu as chaves.
Ele entregou a sacola a Dara.
— Esqueci as chaves, me desculpe. Pode ir para o carro e comer.
Dara entrou na caminhonete, curiosa com o conteúdo da sacola. Lá dentro, encontrou um lanche natural, uma garrafa de suco de beterraba com laranja, um pote de mousse de chocolate, duas bananas, uma esfiha e um pão doce. A fome era tanta que ela não sabia por onde começar. Tomou o suco, devorou o lanche e, em seguida, o mousse.
Enquanto isso, Tomaso guardou todas as compras. Ao entrar no carro, ele estendeu uma garrafa de água para Dara.
— Você precisa comer bem. — disse, com a voz séria.
— Qual a sua idade? Você realmente parece muito nova.
— Vinte e seis anos. — Dara respondeu, com a voz baixa. Depois, ganhou coragem e perguntou:
— E você? Quantos anos tem?
— Quarenta e um. — Tomaso respondeu, olhando para a estrada.
Dara ficou surpresa.
— Nossa, é quase a idade da minha mãe! — ela comentou, e o silêncio preencheu o carro.
— Ela... foi mãe adolescente e nunca aceitou bem a maternidade. Acho que é por isso que ela nunca me apoiou.
— Você avisou sua mãe que estava bem? — ele perguntou, com um tom de cautela.
Dara balançou a cabeça, cabisbaixa. — Não, não falo com a minha mãe faz muito tempo.
Tomaso hesitou, mas a preocupação falou mais alto.
— Não quero te julgar, mas... você tem alguma intenção de talvez não ficar com o bebê? Eu sei que mulheres que não vão ao médico e se afastam dos familiares às vezes fazem isso.
Dara ficou séria.
— Eu prefiro morrer a abandonar meu filho. E se você tem algum interesse em dar ou comprar meu bebê, precisa saber que eu nunca vou aceitar isso.
Tomaso, surpreso com a resposta, pediu desculpas.
— Fico feliz em saber que você é uma pessoa de confiança, e eu jamais separaria uma mãe de seu filho.
A volta para casa foi em silêncio. Ao chegarem, Tomaso tirou as compras e Dara se ofereceu para ajudar.
— Me ajude a guardar tudo, assim você sabe onde as coisas ficam. — ele sugeriu.
Ele colocou as sacolas na mesa e na pia, enquanto ela começava a guardar os produtos. De repente, Dara parou, paralisada, segurando na cadeira, e respirou fundo.
Tomaso a olhou, preocupado.
— Tudo bem? Está com dor? Quer sentar?
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 34
Comments
Fafa
Eita que a veia já queria julgar o Tomazo. Cidade do interior tem dessas coisas. E essa parada da Dara? Será que o bebê vai nascer?
2025-09-13
1
MARIA RITA ARAUJO
as fifis como sempre, estão atentas aos movimentos dos vizinhos kkkk espero que o ex dela não a encontre
2025-09-13
1
Angell 🦋❤️💋✨️
Sempre tem uma fofoqueira de plantão , misericórdia!!! kkkk
Posta maisssss, maisssss, maisssss, está maravilhosa e sua estória. /Plusone//Plusone//Plusone//Plusone//Plusone//Plusone//Plusone//Plusone//Plusone//Plusone//Plusone/
2025-09-12
1