James caminhava pelas ruas da pequena cidade, parando em cada casa, batendo de porta em porta, buscando respostas que ninguém parecia ter. Os familiares das vítimas estavam devastados, mas não ofereciam nada que pudesse avançar a investigação. Para eles, os dois homens eram pessoas comuns, sem inimigos, sem problemas evidentes. A ideia de que alguém pudesse odiá-los a ponto de cometer crimes tão bárbaros era incompreensível. James começava a sentir o peso do fracasso em suas costas. Cada nova porta que se fechava após uma breve e infrutífera conversa o deixava ainda mais próximo do desespero.
As diferenças entre as vítimas eram gritantes. Um vigia noturno de uma fábrica de peças de TV e outro mecânico em uma oficina. Profissões distintas, rotinas diferentes, nenhum sinal de que seus caminhos tivessem se cruzado de alguma forma. James sentia como se estivesse preso em um labirinto, sem nenhuma saída visível. Cada vez que pensava ter encontrado uma direção, deparava-se com uma parede impenetrável. Mas então, em um momento de cansaço mental, um pensamento sombrio surgiu em sua mente, tão perturbador quanto inesperado: "Na outra vítima, eu pego ele." James parou imediatamente, assustado com a própria mente. "Não, não posso pensar assim," repreendeu-se. Por mais que as pistas fossem inexistentes, ele não podia desejar que outra pessoa fosse assassinada só para avançar na investigação. Esse pensamento, por mais fugaz que fosse, o abalou profundamente.
James retornou à delegacia, sentindo uma mistura de exaustão e frustração. Pegou as fotos das cenas do crime, estudando-as minuciosamente mais uma vez. As semelhanças eram perturbadoras. Os corpos dos dois homens haviam sido colocados na mesma posição grotesca, as mãos decepadas "segurando" os calcanhares, os pés virados para as vítimas. Era como se o assassino estivesse tentando comunicar algo, uma mensagem macabra que James não conseguia decifrar. A boca das vítimas selada com esponja e supercola sugeria que o assassino queria evitar gritos, mas a brutalidade dos hematomas e a quantidade de sangue indicavam um desejo sádico de prolongar o sofrimento. A degola final parecia quase um ato de misericórdia, um alívio para o tormento insuportável.
Enquanto ele analisava as fotos, o telefone da sala tocou novamente. O som cortou o silêncio como uma lâmina, fazendo James pular da cadeira. Seu coração disparou, e ele soube, quase instintivamente, que era o assassino. Uma onda de medo e ansiedade tomou conta dele. Sentia suas mãos começarem a tremer, o suor frio descendo pela testa. Por um instante, ficou paralisado, tentando decidir o que fazer. Atender o telefone significava confrontar seu medo, encarar o homem que estava jogando com ele. Mas o medo de não atender, de perder a chance de alguma pista, era igualmente paralisante.
"Atendo?" James murmurou para si mesmo, a voz trêmula. "Não... ele vai perceber que estou com medo." Os segundos passavam, e o telefone continuava a tocar, ecoando pela sala vazia. "Chamo alguém?" pensou, desesperado, mas sabia que não haveria tempo. Se o assassino percebesse que ele hesitava, poderia desligar, perder a oportunidade. Com um último suspiro, James estendeu a mão trêmula para o telefone, tentando controlar a respiração. Ele sabia que aquela ligação poderia mudar tudo, para melhor ou pior. E então, ele atendeu, segurando o fôlego, esperando pela voz que tanto temia ouvir.
James atendeu o telefone, tentando controlar a respiração enquanto levava o aparelho ao ouvido. A linha estava silenciosa por alguns segundos, criando uma tensão quase insuportável. Então, a voz fria e controlada do assassino se fez ouvir, carregada de uma calma que apenas intensificava o terror. "Eles mereceram," disse ele, com uma indiferença que gelou o sangue de James. "E os outros também merecem." A maneira como as palavras foram ditas, como se estivesse simplesmente afirmando um fato, sem emoção, sem raiva, fez com que o detetive sentisse um calafrio percorrer sua espinha.
"Por que está fazendo isso? Quem são eles?" James perguntou, a voz falhando enquanto lutava para manter a compostura. Mas o assassino ignorou a pergunta, escorregando pelas palavras como uma cobra. "Você sabe como eu faço," continuou ele, sem se importar com as tentativas de James de arrancar uma resposta concreta. "Eu capturo eles... mas não vou te dizer como." A satisfação na voz do assassino era evidente, como se estivesse se divertindo ao ver James lutando para entender. "Corto os pés primeiro, para que não fujam. Espanco até perder a paciência, até que a dor seja tão intensa que se arrependam de cada erro que cometeram."
James apertou o telefone com mais força, tentando controlar a raiva e a frustração que cresciam dentro dele. "Quem são essas pessoas? O que fizeram para merecer isso?" Ele insistiu, mas o assassino continuou a ignorar as perguntas, manipulando a conversa com uma frieza calculada. "Quando estou cansado de espancar, corto as mãos," disse ele, sua voz mantendo o mesmo tom monótono, como se estivesse descrevendo uma rotina cotidiana. "Eles perdem a esperança, sabe? A dor, o sangue escorrendo, as mãos decepadas... é o que eles merecem. E então, quando estão à beira da morte, eu corto o pescoço. Devagar, profundo. Eu assisto enquanto a vida se esvai deles."
O estômago de James se revirava enquanto ouvia a descrição brutal. O assassino estava jogando com ele, revelando detalhes que ele já sabia, apenas para aumentar a sensação de impotência e desespero. Cada palavra era uma provocação, um lembrete de que o assassino estava no controle. James tentou uma última vez, com a voz carregada de uma mistura de súplica e determinação: "Me diga quem são os outros. Por que eles merecem isso?" Mas o assassino apenas riu, um som frio e vazio, antes de responder: "Você ainda não entendeu, não é? Não se trata de por que, James. Se trata de quando. Os outros estão esperando, e eles vão pagar."
A ligação terminou abruptamente, deixando James com o telefone na mão e o coração martelando no peito. As palavras do assassino ecoavam em sua mente, sem oferecer respostas, apenas mais perguntas e um senso de urgência que crescia a cada segundo. Ele sabia que não poderia parar, que precisava continuar a caça, mas o medo de estar sempre um passo atrás estava começando a consumir sua determinação. E assim, James ficou ali, perdido em pensamentos, sabendo que o jogo mortal do assassino estava longe de acabar.
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Atualizado até capítulo 21
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