Capitulo 3: O Telefonema

O telefone na sala de investigações tocava de forma insistente, ecoando como um prenúncio de algo sombrio. James atendeu com um aperto no peito, sentindo que o que quer que viesse a seguir mudaria tudo. Do outro lado da linha, uma voz masculina, fria e controlada, começou a falar. "Eu vi você lá," disse o homem, sua voz carregada de uma calma perturbadora. "Foi o único que realmente olhou para a cena do crime, mas não achou nenhuma pista, porque eu não vou deixar pistas." James sentiu um calafrio percorrer sua espinha, o medo e a adrenalina se misturando em uma onda que ameaçava tomar conta de seus sentidos.

"Por que está fazendo isso?" James perguntou, sua voz firme, mas carregada de tensão. Havia algo profundamente inquietante na serenidade daquela voz, algo que o deixava mais nervoso do que qualquer outra coisa. Após uma longa e profunda respiração, a resposta veio de forma lenta e calculada. "Eles merecem e vão pagar," disse o homem. "Ainda falta mais quatro crimes para investigar. Já foram dois. No próximo, eu deixei uma pista, mas só se você olhar direitinho." O telefone ficou mudo, deixando James sozinho na sala, com o coração batendo descompassado e a mente girando com as implicações do que acabara de ouvir.

Sem perder tempo, James correu até o local onde o segundo corpo havia sido encontrado. Ele sabia que estava entrando em um jogo perigoso, um jogo em que cada erro poderia custar mais vidas. A tensão em seu peito só aumentava à medida que ele se aproximava da cena do crime. As palavras do homem ressoavam em sua cabeça: "Só se você olhar direitinho." Ele sabia que não podia se dar ao luxo de errar, que cada detalhe poderia ser a chave para entender a mente distorcida do assassino.

De volta à cena do crime, James se forçou a desacelerar, a respirar fundo e se concentrar. Ele sabia que o assassino estava observando, que cada movimento seu estava sendo medido e avaliado. Com um olhar atento, começou a revisar cada centímetro do local, focando em áreas que antes poderiam ter passado despercebidas. Seus olhos vasculhavam cada canto, procurando algo fora do comum, algo que não deveria estar ali. E então, em um pequeno e quase imperceptível espaço entre duas tábuas do assoalho, ele viu algo que não havia notado antes: um pedaço de papel cuidadosamente dobrado, quase invisível a olho nu.

Com mãos trêmulas, James pegou o papel e o desdobrou lentamente. Havia uma única frase escrita ali, em letras pequenas e precisas: "Você está chegando perto, mas cuidado com o que deseja encontrar." O aviso era claro, o jogo estava esquentando, e o assassino estava gostando da perseguição. James sabia que agora não havia mais volta. Ele estava preso em uma caçada perigosa, onde a linha entre caçador e presa se tornava cada vez mais tênue. As vítimas tinham algo em comum, algo que ele precisava descobrir rapidamente. Agora, ele tinha uma pista, mas o relógio estava correndo, e o assassino estava determinado a ver seu plano até o fim. No fundo, James sabia que a chave para tudo estava nos detalhes, nos segredos que as vítimas levavam consigo, e na dívida que, aparentemente, elas tinham com um inimigo implacável.

James sentiu um calafrio percorrer sua espinha ao considerar a possibilidade de estar lidando com algo muito maior do que imaginava. Durante um breve momento, a ideia de uma organização criminosa, uma máfia operando nas sombras da cidade, pareceu fazer sentido. Dois crimes horríveis, sem pistas aparentes, quase como se as vítimas tivessem se auto mutilado. Mas o raciocínio era absurdo, e James sabia disso. No entanto, a complexidade do caso o forçava a manter a mente aberta para qualquer possibilidade, por mais improvável que fosse.

Mesmo assim, a dúvida persistia. E se houvesse algum tipo de manipulação psicológica? E se as vítimas, de alguma forma, tivessem sido levadas a se mutilar, hipnotizadas ou coagidas a tirar a própria vida? James balançou a cabeça, afastando o pensamento. Sem provas, aquilo não passava de uma teoria frágil. Mas até que surgissem novas pistas, ele não podia descartar nada. Com a mente pesada, ele jurou a si mesmo que continuaria até o fim, independentemente do que fosse necessário.

Decidido a explorar todas as possibilidades, James foi até seus superiores para perguntar se havia alguma informação sobre máfias, gangues ou famílias criminosas operando na cidade. O Capitão Moretti, com uma expressão cansada e cínica, respondeu com desdém: "Aqui nessa merda de cidade? O que iriam querer por aqui? Se tivesse algo valioso como ouro ou diamante até que poderia ser, mas nem para tráfico essa cidade serve. Não iriam pagar nem o transporte, a cidade é minúscula e afastada de quase tudo, no meio do nada." As palavras de Moretti dissiparam as preocupações de James sobre uma conspiração criminosa de grande escala. O problema não estava em uma organização poderosa, mas em algo muito mais enigmático e pessoal.

Com a ideia de máfias e traficantes descartada, James se viu de volta ao ponto de partida, ainda mais confuso. Ele estava perdido em seus pensamentos, tentando conectar os pontos que pareciam não se encaixar. Foi então que ele percebeu que estava entrando exatamente no jogo do assassino. Este queria que ele se perdesse em teorias e desconfianças, desviando sua atenção do que realmente importava. Respirando fundo, James decidiu que era hora de simplificar. Ele precisava voltar ao básico, ao que estava bem diante de seus olhos.

Organizando todos os arquivos e anotações em sua mesa, James começou a focar nas ligações entre as vítimas. Onde moravam, onde trabalhavam, se tinham algum registro na polícia, se eram conhecidos um do outro. Ele sabia que a resposta estava ali, oculta nos detalhes da vida dessas pessoas. Enquanto analisava as informações, um padrão começou a emergir, mas ainda estava obscuro, como uma sombra à espreita na periferia de sua mente. Ele estava se aproximando de algo, uma verdade que, por enquanto, escapava à sua compreensão. Sabia que precisaria continuar escavando, camada por camada, até que a ligação entre as vítimas se tornasse clara. Mas com isso, também vinha a crescente sensação de que, a cada passo, ele estava se aprofundando mais no jogo perigoso do assassino.

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