Mansão Usoian

— Afinal, feliz aniversário irmã. — Dimitri disse e Irina sorriu.

Quando finalmente avistou os portões da mansão Usoian. O caminho que antes parecia interminável agora se tornava familiar, embora o peso da ausência de treze anos no internato ainda fizesse seu peito apertar. Dimitri conduzia o carro com mãos firmes, os olhos atentos à estrada, mas de vez em quando desviava o olhar para a irmã, como se tentasse captar qualquer sinal de fragilidade que ela quisesse esconder. Irina, sentada ao lado, abraçava a própria mochila, sentindo o calor do corpo do irmão como se fosse o último laço de proteção que tinha.

O portão se abriu, e eles foram recebidos por um silêncio pesado que pairava sobre a propriedade. O tio Victor já os aguardava na entrada, sua figura imponente refletindo o poder de anos de comando. Ele vestia um terno escuro, impecável, e seus olhos frios analisavam cada movimento da sobrinha, cada gesto de Dimitri. Apesar da rigidez que emanava, havia um traço de curiosidade, quase imperceptível, que passava despercebido para qualquer um menos atento. Irina desceu do carro, mantendo a postura que aprendera a cultivar no internato: ereta, confiante, mas guardando a própria inquietação sob a superfície.

— Bem-vinda de volta. — A voz de Victor cortou o ar gelado, firme, sem concessões. — Irina, tantos anos longe de casa não são suficientes para medir o valor de alguém, mas espero que tenha aprendido a se comportar como merece nossa família.

Irina inclinou a cabeça, respondendo com uma reverência discreta, mas o brilho nos olhos denunciava que estava pronta para assumir qualquer desafio que o tio colocasse diante dela.

— Obrigada, tio. Espero corresponder às expectativas.

Dimitri, ao lado dela, não disse nada. O silêncio dele sempre carregava mais intensidade do que qualquer palavra. Irina sabia que ele avaliava cada passo, cada gesto, medindo o terreno que tinham de reconquistar dentro da família.

A recepção foi breve, e logo foram conduzidos para a ala principal da mansão, onde Daria os aguardava. A prima, exibia um sorriso natural que contrastava com a seriedade do tio Victor . Ela correu para abraçar Irina, os braços a envolvendo num calor que Irina sentia falta.

— Irina! — Daria exclamou, apertando com força. — Você cresceu! — Ela riu suavemente. — Tanto tempo de internato e parece que voltou diferente, mais… madura.

— Diferente, sim — respondeu Irina, sorrindo com dificuldade. — Mas ainda eu mesma.

O encontro foi breve, interrompido pela chegada de Nick, o primo de vinte e cinco anos, que surgiu no corredor com passos decididos. Irina sentiu uma onda inesperada de emoção ao vê-lo.

Por mais que fossem primos, havia algo nele que a fascinava, algo que fazia seu coração bater mais rápido do que deveria. Ela se aproximou, oferecendo um abraço firme, escondendo o misto de saudade e atração que sentia por ele.

— Nick. — disse, respirando fundo. — Que bom te ver.

O primo apenas sorriu levemente, retribuindo o abraço de forma educada, mas distante. Seus olhos não escondiam a curiosidade e a atenção, mas não havia nenhum sinal de reciprocidade aos sentimentos secretos de Irina. Ela desviou o olhar, sentindo uma pontada de frustração, mas sabia que não podia se permitir revelar o que sentia. O mundo que os cercava não deixava espaço para vulnerabilidades, e muito menos para desejos pessoais.

O dia passou com um piscar de olhos e naquela noite o jantar foi uma mistura de formalidade e pequenas demonstrações de afeto. O tio Victor presidia a mesa com autoridade, Dimitri mantinha-se próximo de Irina, atento a cada palavra, enquanto Daria conversava com naturalidade, tentando aliviar a tensão do ambiente. Nick, por sua vez, observava, avaliando cada gesto, cada expressão de todos à mesa. Havia um clima tenso, mas controlado, uma mistura de poder, expectativa e segredos não revelados.

— Irina — começou o tio Victor , interrompendo a conversa — agora que voltou, precisamos discutir seu futuro. Você não está mais no internato e deve entender que suas escolhas, dentro da família, têm implicações. Cada passo será observado. Cada decisão refletirá no que somos.

Irina manteve a postura firme, absorvendo cada palavra. Sabia que, embora não tivesse liberdade total, precisava demonstrar que estava pronta para qualquer desafio.

— Compreendo, tio. — A voz era calma, mas carregada de determinação. — Estarei à altura do que a família espera.

Após o jantar, Irina foi para seu novo quarto, onde as paredes refletiam a riqueza e a austeridade da mansão. Tudo ali era meticulosamente organizado, do mobiliário ao menor detalhe de decoração. Ela suspirou, sentindo o peso do silêncio e da responsabilidade, mas também uma leve excitação: estava de volta à sua família, mas em um território completamente diferente do internato, onde a disciplina não era apenas rotina, mas sobrevivência.

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Comments

Abreu Ana

Abreu Ana

vai no perfil sa autora Dulce, o primeiro livro ta ali, e Mafia Corleone

2025-09-23

0

Dulce Gama

Dulce Gama

a história está ótima.mais até agora ainda não entende se essa história é o volume dóis cadê o volume um 👍👍👍👍👍👍❤️❤️❤️❤️❤️❤️🌹🌹🌹🌹🌹🌹🎁🎁🎁🎁🎁🎁🎁🌟🌟🌟🌟🌟🌟

2025-09-09

1

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