MÁFIA- A FILHA ROUBADA VOL 2

MÁFIA- A FILHA ROUBADA VOL 2

O Internato

Bem-Vindos

Espero que aproveitem a leitura.

Leiam em modo noturno os seus olhos agradecem.

Boa leitura e não se esqueçam de curtir e comentar, é muito importante para nós autores📚😍

...INÍCIO ...

A neve caía lentamente, cobrindo os telhados antigos e as ruas estreitas da cidade Russa com um manto branco e silencioso. Do lado de dentro do internato Volkova, o som grave de um sino ecoou pelo corredor, cortando o silêncio da manhã e chamando as jovens para mais um dia de rotina rígida.

As camas rangiam conforme as garotas se mexiam, algumas ainda sonolentas, outras já acostumadas ao despertar disciplinado. No quarto 202, não era diferente. Helena e Irina se levantaram quase ao mesmo tempo, cada uma com um jeito particular de lidar com a monotonia daquele lugar que, por anos, havia sido mais prisão do que lar.

Irina foi a primeira a resmungar, jogando o cobertor de lado e sentando-se na beira da cama com um suspiro impaciente.

— Mais um dia nesse buraco — murmurou, passando a mão pelos cabelos loiros e revoltos.

Helena, ao contrário, mantinha certa serenidade. Seus cabelos castanho-ruivos — uma tonalidade única que parecia brilhar sob a luz fraca da manhã — escorriam pelos ombros enquanto ela amarrava-os em um coque rápido. Seus olhos claros, de um verde acinzentado, carregavam uma tranquilidade que contrastava com o espírito inquieto da amiga.

As duas eram inseparáveis. Desde os cinco anos, Helena havia conhecido aquele internato como única casa. Já Irina, entregue ali pelo tio após a morte dos pais, vivia com a certeza de que, quando completasse dezoito anos, seria lançada em um destino que não escolhera. Não havia sido rejeitada por falta de sangue ou importância — mas porque o tio não sabia o que fazer com ela. Criar a sobrinha não cabia em seus planos, muito menos abrir espaço em sua família, já ocupada pelos filhos: Nicolas o primogênito que se preparava para herdar o legado, e Daria, a caçula, educada para alianças políticas. Para Irina, o internato não passava de uma gaiola, para o tio uma solução.

— Você nunca se cansa disso? — perguntou, olhando para Helena, que já ajeitava o uniforme impecável. — Essas regras, essa disciplina… parece que a gente vive para ser controlada.

Helena deu de ombros, sem tirar os olhos do espelho na parede.

— É o que temos, Irina. Não adianta lutar contra tudo o tempo inteiro.

— Ah, mas eu não vou aceitar que meu futuro seja decidido por velhos engravatados que acham que a gente nasceu para ser moeda de troca. — Irina cruzou os braços, o olhar faiscando. — Eu sou filha de leão, não de cordeiro.

Helena sorriu de canto. Já estava acostumada com a rebeldia da amiga. Irina era fogo, faísca prestes a explodir. Ela, por outro lado, era água: calma na superfície, mas com profundezas que ninguém ousava sondar. Talvez fosse esse equilíbrio que tornava a amizade delas tão sólida.

O refeitório do internato logo se encheu de vozes femininas, passos apressados e o som metálico de talheres batendo contra pratos. O cheiro de pão recém-assado e chá quente espalhava-se pelo ar. As mesas alinhadas, longas e frias, reforçavam a ideia de que aquele lugar não passava de uma máquina de moldar garotas em damas obedientes, porém, preparadas.

Helena sentou-se ao lado de Irina, como sempre. Serviu-se de uma fatia de pão, ovos mexidos e uma xícara de chá, satisfeita com o pouco que ofereciam. Irina, no entanto, revirou os olhos diante da refeição simples.

— Um dia eu vou jantar em Paris, beber vinho caro e rir desse chá aguado — disse, arrancando um sorriso de Helena.

— E eu vou estar lá para te lembrar de onde você veio — retrucou Helena, divertida.

O comentário fez Irina suspirar e encarar a amiga. Apesar de todos os planos que fazia para si, havia sempre a sombra da dúvida: será que teria liberdade para realizá-los? Ou estaria presa em um casamento arranjado, em uma vida que não desejava?

Helena, por outro lado, não nutria sonhos grandiosos. Não esperava visita da mãe, tampouco entendia por que fora deixada ali. Apenas vivia.

Depois do café da manhã, Helena seguiu para o lugar onde mais gostava de estar, a biblioteca. O ambiente era silencioso, os livros antigos a fazia sentir-se em contato com o mundo que não conhecia, e as paredes cobertas de estantes exibiam as diversas formas que ela poderia se aventurar ainda presa aquele lugar.

Irina a acompanhou, embora não tivesse a mesma paixão pela leitura. Enquanto Helena buscava um volume de filosofia, Irina se distraiu explorando a seção infantil, rindo ao encontrar livros que lembrava de sua infância.

— Olha só isso, Lena! — chamou, segurando um exemplar de capa gasta com ilustrações coloridas. — Eu lia esse livro quando era criança, mais esse está em outro idioma.

Helena levantou os olhos, a capa parecia estranhamente familiar. Aproximou-se devagar, pegando o livro das mãos da amiga. Os dedos percorreram a superfície envelhecida, e uma sensação estranha a invadiu, como se uma lembrança distante tentasse emergir do fundo da mente.

Um flash. Uma voz suave. Uma risada calorosa. Mãos delicadas folheando páginas enquanto uma canção de ninar ecoava ao fundo.

Helena piscou várias vezes, tentando afastar a sensação.

— O que foi? — Irina perguntou, franzindo o cenho.

— Italiano! Acho que… acho que minha mãe lia isso para mim, quando eu era pequena — respondeu Helena, com hesitação. — Não sei… parece que eu me lembro de alguma coisa.

Irina a observou em silêncio por alguns segundos. Depois, deu um sorriso encorajador.

— Talvez seja um sinal, Lena. Talvez exista muito mais esperando por você lá fora.

Helena, no entanto, apenas balançou a cabeça, guardando o livro de volta na prateleira. Não queria alimentar ilusões. Para ela, o mundo fora dos muros era apenas um mistério inalcançável.

As horas passaram entre aulas monótonas e atividades repetitivas. O internato seguia como sempre: regras rígidas, olhares atentos das tutoras e a sensação constante de vigilância. Mas, dentro de Helena crescia uma inquietação diferente.

Irina contava os dias para a liberdade — ou pelo menos para sair dali e enfrentar o que viesse. Helena, por sua vez, não acreditava que algo mudaria para ela. Afinal, o que poderia acontecer com uma garota deixada para trás, visitada apenas uma vez por ano por uma mulher que chamava de mãe, mas que pouco demonstrava afeto?

Enquanto se deitavam naquela noite, Irina quebrou o silêncio do quarto.

— Lena, você já pensou no que vai fazer quando sair daqui?

Helena demorou alguns segundos antes de responder.

— Não. Nunca achei que teria escolha.

Irina virou-se para ela, determinada.

— Você vai ter. E quando esse dia chegar, eu vou estar do seu lado.

Helena sorriu de leve, mas não respondeu. Guardou aquelas palavras como quem guarda um segredo precioso, sem realmente acreditar nelas.

E assim, sob o peso do silêncio e o frio da noite russa, duas jovens tão diferentes permaneciam unidas, sem imaginar que seus destinos estavam prestes a cruzar caminhos muito maiores e mais sombrios do que poderiam imaginar.

Mais populares

Comments

Celia Teotônio

Celia Teotônio

autora me diz que eu estou enganado, que a cobra da irmã da Alice não roubou a Aurora deles!😭😭😭

2025-10-18

1

Dulce Gama

Dulce Gama

começando 08/09/25 já estou adorando esta muito interessante

2025-09-09

1

Eliana Rantin

Eliana Rantin

coloca foto autora lindaaaaa😘😘

2025-09-07

1

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!