^^^Em outra vida^^^
^^^Eu seria sua garota^^^
^^^Nós manteríamos todas as nossas promessas^^^
^^^Seríamos nós contra o mundo^^^
^^^( The One That Got Away - Katy Perry) ^^^
...Paola Marini ...
Lágrimas na escuridão.
As coisas estavam cada vez mais difíceis de lidar. Com Hugo no hospital, a avalanche de responsabilidades da empresa e a preocupação me consumindo como uma sombra constante, eu me sentia à beira de um colapso. Não conseguia lembrar a última vez em que tive algo a oferecer a alguém; minha energia e vontade pareciam ter evaporado.
O sol nascera novamente, mas, assim como nas noites anteriores, não consegui dormir um segundo sequer. Mayla e Lorena ficaram acordadas comigo a noite toda, e só agora conseguiram cochilar. Eu, porém, estava em um estado de vigília perpétua, presa em meus próprios pensamentos, incapaz de desligar.
Levantei-me devagar, tentando não acordá-las, e segui até a lanchonete do hospital, na tentativa inútil de afastar o cansaço e o desespero que ameaçavam me engolir. A moça do balcão, acostumada a ver rostos tão exaustos quanto o meu, me entregou três cafés com um sorriso reconfortante. Agradeci com um leve aceno e voltei lentamente para a sala de espera.
No caminho, encontrei Maitê arrastando uma mala, com Antonella ao seu lado - evidentemente indo atrás da gêmea. As duas eram como gato e rato: brigavam por tudo, mas não se largavam por nada.
- Mana! - Maitê gritou, chamando a atenção de todos ao redor. Suspirei, balançando a cabeça, exausta.
- Shhh! Isso aqui é um hospital, Maitê, não pode ficar gritando. - Antonella a repreendeu, também elevando a voz. Sorri discretamente, observando as duas cometerem o mesmo erro e, em seguida, se corrigirem.
- Olha aqui, eu não quero assunto com você! Você me deixou sozinha no meio da viagem, e ainda sentou com aquele carinha no avião! - Maitê disparou, irritada.
- Você nem pode falar nada! - Antonella rebateu de imediato. - Paola, você acredita que a Maitê me deixou sozinha no aeroporto, numa cidade que eu não conhecia, só para ficar se agarrando com o piloto na cabine? E o pior: me deixou com as malas dela e a minha!
Não pude evitar uma risadinha.
- Eu só queria saber se ele era tão bom em me levar para as nuvens quanto no avião. - Maitê se defendeu, arrancando mais uma risada abafada minha.
Aquelas duas eram uma verdadeira tempestade, mas, de alguma forma, conseguiam me fazer sorrir, mesmo nos momentos mais difíceis.
- Dá pra vocês falarem mais baixo? Da sala de espera dá pra ouvir vocês gritando! - Lorena apareceu, cruzando os braços, tentando colocar ordem no caos que eram as gêmeas.
- Desculpa, mana. Você está bem? - Maitê perguntou, me abraçando de repente. - Estava tão preocupada com você. - Tentou soar sincera, mas Antonella não deixou barato.
- Preocupada? Mentira! Você se trancou no banheiro com o gerente do hotel e não quis vir embora comigo antes do combinado! Deus está vendo, Maitê, e eu também! - acusou Antonella, fazendo a irmã revirar os olhos.
E lá fomos nós para mais um dos combates entre as gêmeas Marini. Eu não sabia se estava mais cansada ou divertida com a situação.
- Calem a boca, vamos para a sala de espera e, por favor, se comportem. Paola não está bem, e Hugo menos ainda. Vamos ter um pouco de disciplina! - Lorena ordenou, como sempre sendo a voz da razão.
Seguimos para a sala de espera, onde um segurança levou as malas para o carro de Lorena. As gêmeas, como de costume, começaram a cochichar entre si, provavelmente planejando o próximo movimento.
- Uau, olha o doutor que está vindo, gente. Até passei mal. Será que ele é ginecologista? Se for, marco agora mesmo uma consulta! - Antonella comentou, ajeitando-se na cadeira. Maitê, ao ver o médico, fez o mesmo.
Fechei os olhos por alguns segundos, tentando manter a calma. Aquela leveza das minhas irmãs, apesar de tudo, era quase um alívio em meio ao caos.
- Ele não é ginecologista, suas tontas! É o médico do Hugo. Vocês estão precisando de um neurologista, tenho certeza de que nasceram com parafusos faltando! - Lorena resmungou, arrancando um sorriso que eu mal tive forças para esboçar.
- Bom dia, senhoras! - O doutor nos cumprimentou educadamente.
- Senhora está no céu, doutor! Me chamo Antonella Marini, sou irmã delas. - Antonella se apresentou, e Maitê lhe deu uma cotovelada discreta.
- Bom dia, doutor. Como meu marido está? - Perguntei, a preocupação escancarada na minha voz.
- Ele está melhor, já acordou e foi examinado. Está pronto para ir embora. A cirurgia foi marcada para daqui a cinco dias, e ele precisará de jejum por 12 horas. Aqui está a lista do que pode comer nesses dias. É importante que ele não faça esforço nem tenha febre. O senhor Simões precisa de descanso. - explicou o médico.
- Tudo bem, doutor. Muito obrigada. Posso ir vê-lo? - Perguntei, já ansiosa.
- Sim, ele já está liberado. Com licença. - O doutor se retirou, e eu entrei na sala com minhas irmãs.
- Oi, amor. - A voz de Hugo me atingiu como um bálsamo, e meu coração se encheu de alegria. Corri para abraçá-lo, como se dependesse disso para sobreviver.
- Eu tive tanto medo de perder você. - confessei, tentando segurar as lágrimas.
- Não foi dessa vez, amor. Mas, infelizmente, precisamos nos preparar para o que vier. - Suas palavras apertaram meu coração. Eu queria ser forte, mas a perspectiva do que estava por vir me assustava mais do que eu admitia.
- Oi, cunhado! - Maitê se aproximou, abraçando Hugo com o mesmo entusiasmo de sempre.
- Olha quem veio me visitar, a gêmea mais cobiçada do mundo! Me sinto lisonjeado. - Hugo brincou, arrancando risos.
- A gêmea mais safada do mundo, isso sim. - Lorena comentou, abraçando-o em seguida.
- Lorena é muito chata, garanto que não transa. - Maitê retrucou, provocando mais risadas, até que todos ficaram sérios com a chegada do nosso pai.
- Olhem o respeito com o Hugo! - Papai entrou na sala, me surpreendendo.
- Papai, não sabia que viria. - Falei, surpresa.
- Oras, vim saber se você estava bem, querida, e se meu genro favorito também. - Papai me abraçou, e eu retribuí, sentindo um conforto inesperado.
Saímos do hospital e seguimos direto para casa. Hugo avisou aos pais, e todos nós nos reunimos para almoçar juntos. Eu queria aproveitar cada segundo com ele, com todos, mas a exaustão era difícil de ignorar.
Durante o almoço, enquanto tentava relaxar, escutei Mayla mencionar algo que me fez sorrir:
- Paola, mamãe estava falando do dia em que o papai pegou a Lorena aos beijos com o Robert.
Robert e seus irmãos, são nossos seguranças e cresceram conosco, sempre presentes em nossas vidas. Ao ouvir isso, vi Robert parado na porta, com os olhos arregalados, claramente desejando sumir dali.
- Eu também lembro de pegar a senhorita Paola com o jardineiro, que tinha o dobro da idade dela. - Papai comentou sério, fazendo todos gargalharem.
A lembrança me arrancou uma risada.
- Pai, o senhor sempre chegava na hora errada. Lembro também de acordar para beber água e ver o senhor com a mamãe quase pelados na cozinha. - Respondi, rindo ao ver a expressão chocada dele.
Enquanto isso, Lorena não perdeu tempo e começou a alfinetar as gêmeas sobre o que havia saído na imprensa. A história de sempre: as gêmeas Marini envolvidas em mais uma de suas travessuras. Eu sabia que, por trás da provocação, havia amor - mesmo que fosse expresso de forma um tanto peculiar.
No final das contas, por mais caóticas que fossem, eram minha família. E, naquele momento, isso era o que mais importava.
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Atualizado até capítulo 32
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