Capítulo 2

^^^Posso deitar ao seu lado?^^^

^^^Perto de você, você^^^

^^^E ter certeza que você está bem^^^

^^^Eu vou cuidar de você^^^

^^^E eu não quero estar aqui^^^

^^^Se eu não posso estar com você esta noite^^^

^^^(Lay Me Down - Sam Smith) ^^^

...Paola Marini ...

O coração em ruínas.

A semana se arrastou de uma forma quase cruel, cada dia parecendo uma reprise monótona de uma música que eu nunca quis ouvir. As dores de Hugo, que só aumentavam, tornavam cada momento um teste de resistência. Por mais que eu tentasse ser forte, a verdade é que estou à beira do colapso. Não aguento mais vê-lo sofrer assim.

Hoje é mais um daqueles dias em que somos condenados à tortura da espera. Sentados lado a lado, nossas mãos unidas como uma âncora que impede que eu desmorone completamente, meu olhar se fixa no relógio da parede. O tic-tac é um lembrete cruel do tempo que parece se arrastar.

Cada segundo intensifica a angústia que me consome. Minha mente é uma traidora, criando cenários aterrorizantes, e eu me vejo impotente diante desses pensamentos. A simples ideia de perder Hugo é insuportável.

- Ei, amor, fica calma. - A voz de Hugo soa suave ao meu lado, ele tenta, pela milésima vez, me acalmar. - Vai ficar tudo bem.

Aperto sua mão em resposta, forçando um sorriso que mal chega aos meus olhos.

- Eu estou calma, só um pouco preocupada. - Minto descaradamente, mesmo sabendo que ele pode ver a verdade nos meus olhos. Como posso estar calma quando o homem que amo está enfrentando algo tão terrível?

Hugo... Ele é como uma obra de arte, uma beleza rara que eu tive a sorte de encontrar. Amá-lo é um privilégio, mas agora, esse amor se mistura com o medo. Medo de perdê-lo. Medo de um futuro sem ele.

- Eu vou ficar bem, não precisa se preocupar. - Ele diz isso mais para si mesmo do que para mim, e por um breve momento, vejo a verdade em seus olhos. Ele está assustado, mas tenta disfarçar. Por mim.

- Hugo, só nessa semana você passou mal todos os dias. Como você quer que eu não me preocupe? - Minha voz sai mais irritada do que pretendia.

Antes que ele possa responder, a porta do consultório se abre, e o médico finalmente nos chama. Meu coração dispara, e sinto as batidas reverberarem em meus ouvidos. A cada passo em direção à sala, a tensão cresce. Hugo segura minha mão com mais força, mas mesmo o conforto de seu toque não consegue dissipar o medo que sinto. Sentamo-nos de frente ao doutor, que está concentrado em seu computador. O silêncio é insuportável. Finalmente, ele começa a falar.

- Quero que prestem bastante atenção ao que vou dizer. - O tom sério do médico faz meu estômago revirar.

- O senhor Simões está com um tumor no cérebro. Ainda não conseguimos determinar se é maligno ou benigno. Precisaremos de mais exames, mas quero deixar claro que estamos fazendo tudo ao nosso alcance. Vou prescrever novos medicamentos e, dependendo dos resultados, podemos considerar uma cirurgia.

As palavras do médico ecoam na minha cabeça como um pesadelo. Tumor. Cérebro. Cirurgia. É como se o chão estivesse desabando sob meus pés.

Olho para Hugo, esperando vê-lo abalado, mas ele permanece estranhamente calmo, quase resignado. Nos levantamos para sair, mas tudo ao meu redor parece desfocado, irreal. As palavras do médico ainda ecoam na minha mente, repetidamente. Hugo me puxa de volta à realidade com sua voz tranquila.

- Sei que você está nervosa, mas eu vou ficar bem. - Ele tenta me tranquilizar, mas não consigo acreditar. Como ele pode estar tão sereno diante de algo tão aterrorizante?

- Eu só quero cuidar de você. - Sussurro, minha voz quebrando enquanto seguro suas mãos. Ele me puxa para um beijo suave, e por um breve instante, o mundo lá fora desaparece.

O caminho de volta para casa é silencioso. Meus pensamentos correm em círculos, criando cenários de desespero. Não posso perder Hugo. Não sei como viveria sem ele.Quando chegamos em casa, Hugo foi direto para o telefone, explicando a situação para sua mãe.

Não demorou muito para que minha sogra aparecesse, e ao vê-la abraçar meu marido, sinto um vazio profundo. Deixei-os a sós e liguei para minhas irmãs, avisando que iria até a mansão Marini.

Durante o trajeto, o silêncio no carro era quase ensurdecedor. Ninguém me fez perguntas, e por um momento, desejei que alguém dissesse algo reconfortante. Mas o que poderiam dizer? Nada poderia aliviar o peso que carregava no peito.

Assim que estacionei o carro em frente à mansão, saí apressada. Ao entrar, acenei para Karen, que estava na entrada.

- Oi, Karen, minha mãe está? - Perguntei, minha voz trêmula. O desconforto que sinto é quase palpável.

- Sim, querida, entre, sua mãe está na sala. - Ela me conduziu até a sala, onde, para minha surpresa, minhas irmãs já estavam. Mal consegui me conter e, assim que vi minha mãe, desabei em seus braços. Minhas irmãs me envolveram em um abraço apertado, e finalmente deixei as lágrimas caírem.

- O que aconteceu, filha? - Minha mãe perguntou, sua voz suave, mas preocupada.Tentei encontrar as palavras, mas falhei.

- Está tudo bem com o Hugo? - Maitê perguntou, a preocupação evidente em seu rosto. Nego com a cabeça, ainda incapaz de falar.

- O que houve, Paola? Você está nos assustando. - Antonella inquiriu, sua voz tremendo.Respirei fundo, tentando conter o choro.

- O Hugo... Ele... - Funguei, lutando para controlar minhas emoções. - Ele está com um tumor no cérebro, e eles ainda não sabem se é benigno ou maligno... - Minha voz falhou, e as lágrimas voltaram a cair.

Estou com tanto medo...Minhas irmãs e minha mãe tentaram me consolar, mas nada parecia capaz de aliviar a dor que sentia. Era como se o mundo estivesse desmoronando ao meu redor.

Mais tarde, de volta em casa, refletia sobre tudo. Minha vida profissional, pessoal... Nada parecia importar mais.

O que eu daria para ver Hugo saudável novamente? O que eu teria que sacrificar para não perder o amor da minha vida?

- Oi, querida. - A voz de Hugo me tirou dos meus pensamentos. - Estava com seus pais? - Assenti, correndo para seus braços.

- Já jantou? - Perguntei, segurando as lágrimas.

- Sim, minha mãe preparou o jantar, e meu pai e meu irmão também apareceram. Eles perguntaram por você. -Sorri levemente, mas meu coração ainda estava pesado.

- Eu imaginei... - Murmurei. - Mas eu precisava do colo da minha mãe.

- E eu quero saber como você está. - Hugo insistiu, me encarando com aqueles olhos que sempre me trouxeram conforto, mas que agora só aumentavam minha dor.

- Estou com medo, Hugo. Eu te amo tanto... Não consigo imaginar uma vida sem você. - Minha voz quebrou, e ele me envolveu em seus braços.

- Eu vou ficar bem, amor. Mesmo que aconteça algo, sei que você é forte. - Ele tentou me acalmar, mas suas palavras só aumentaram meu desespero.

- Não diga isso... Não sou forte sem você. - Eu sussurrei, segurando seu rosto, tentando entender como ele conseguia ser tão calmo.- você não ter medo? - Perguntei, desesperada para entender.

- Eu aceito o que vier, Paola. Quero que você esteja bem, independentemente do que acontecer. - Ele disse, e eu neguei, incapaz de aceitar.

- Se fosse meu último dia na Terra, eu morreria feliz, porque te encontrei. - Hugo sussurrou, e, apesar das lágrimas, senti o amor que sempre nos uniu.E assim, abraçados, tentamos encontrar paz em meio ao caos que nos envolvia.

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