^^^Aquele céu do Arizona^^^
^^^Queimando nos seus olhos^^^
^^^Você me olha, amor, eu quero pegar fogo^^^
^^^Está enterrado na minha alma^^^
^^^Como ouro da Califórnia^^^
^^^Você encontrou uma luz em mim que não pude encontrar^^^
^^^(Always Remember Us This Way - Lady Gaga) ^^^
...Paola Marini ...
Quando tudo parecia silêncio.
Tempos depois....
Os primeiros raios de sol invadem o quarto, tocando minha pele exposta com um calor suave. Suspiro e ergo meus olhos para Hugo, meu marido, que adormece tranquilamente ao meu lado. A brisa fria que atravessa as cortinas o faz se encolher instintivamente, e eu sorrio ao vê-lo tentar se abrigar no grosso edredom. A noite foi dura para ele.
Ultimamente, Hugo tem sofrido de fortes dores de cabeça, e a preocupação tem sido um fardo constante para mim. Espreguiço-me com cuidado antes de me levantar. Cada músculo do meu corpo parece reclamar, dolorido e tenso.
Sigo lentamente em direção ao banheiro, desejando o calor reconfortante da cama. Dou uma última olhada para trás e vejo Hugo ainda mergulhado em um sono tranquilo. Um pequeno sorriso surge em meus lábios. Atravesso o cômodo frio e entro no chuveiro, deixando cair a fina camisola pelo caminho.
A água quente escorre pelas minhas costas, aliviando um pouco da tensão acumulada. Fecho os olhos, tentando me concentrar apenas na sensação, mas meus pensamentos voltam para Hugo. A angústia se infiltra, incontrolável. Sinto como se tudo estivesse escapando das minhas mãos, como areia que desliza entre os dedos.
Depois de um longo banho, fico diante do espelho, e a imagem refletida não é mais a Paola que eu conhecia. Aquela mulher confiante parece ter desaparecido, deixada para trás como um fantasma em minhas lembranças. A doença de Hugo tem me desgastado de uma forma que eu não poderia prever. O medo e a preocupação roubaram meu sono, e as poucas respostas que os médicos nos dão apenas intensificam o terror do desconhecido.
Passo os dedos entre as roupas no closet, escolhendo uma saia azul caneta, uma blusa branca de gola alta e um blazer azul que combina com a saia. O scarpin branco completa o visual. Ao terminar de me vestir, lanço um último sorriso fraco para o reflexo no espelho antes de sair do quarto. Meus olhos se voltam automaticamente para Hugo, que continua dormindo. Agradeço silenciosamente por mais um momento de paz para ele e sigo para a sala de jantar.
O cheiro forte de café fresco me acolhe, e eu sorrio ao ser recebida por Zuleide, nossa governanta que mantém tudo em ordem. Ela me envolve em um abraço caloroso.
- Bom dia, dona Paola, como está essa manhã? - Suspiro antes de responder, sentindo o peso da noite anterior ainda em meus ombros.
- Bom dia, Zu. Esta manhã está sendo melhor que a noite. - Minha voz carrega o cansaço que tento esconder.
- Sinto muito pela noite passada, senhora. Pude ouvir os gemidos do senhor Hugo. A noite não foi nada gentil com ele. - Ela comenta, e eu assinto, lembrando dos gritos de dor que cortaram o silêncio da noite.
- Não desanime, dona Paola. O senhor Hugo vai melhorar, e faremos uma grande festa para comemorar. - Ela diz, tentando me encorajar. - Anime-se! Suas irmãs logo estarão aqui.
Ergo as sobrancelhas em dúvida.
- O que aquelas perturbadas estão vindo fazer aqui, Zu? - Pergunto enquanto pego uma xícara e a encho com o café escuro.
Zuleide me olha como se eu tivesse dito algo absurdo.
- Menina, onde anda essa sua cabecinha? Hoje é sexta-feira! - Ela diz, com as mãos na cintura. Sorrio com o gesto. - Hoje é o dia em que suas irmãs tomam café com você. - Ela me lembra, e eu assinto, finalmente me recordando da nossa tradição semanal.
Sorrimos uma para a outra, sabendo que a visita das Marini é sempre um evento. Zuleide adora quando minhas irmãs se juntam, transformando a casa em um verdadeiro show de risadas e caos.
Toda semana, na sexta-feira, elas deixam suas belas casas para compartilhar um café da manhã repleto de fofocas e diversão. Admito que esse ritual tem sido uma tábua de salvação para mim. A doença de Hugo me consome, e a presença das minhas irmãs é o remédio que preciso para não sucumbir.
Mesmo sabendo que elas estarão aqui, hoje não parece um bom dia. Na verdade, eu preferiria ficar sozinha, mas isso não é uma opção quando se trata das Marini.
Não demora muito para que a campainha toque e, como um furacão, minhas irmãs entram. Elas são ousadas e cheias de vida, exceto por Mayla, nossa caçula, que é a única a manter um pouco de decência no meio dessa confusão. Mayla Marini evita qualquer situação que envolva intimidade com homens. Há traumas que ela precisa superar, e minha irmã tem lutado bravamente contra eles.
Nosso pai a chama de "lindinha", um apelido carinhoso que carrega o peso de seu passado. Dizem que o tempo cura tudo, e talvez, aos poucos, nossa lindinha esteja se curando. Sua força é uma inspiração para todas nós.
- Bom dia, maninha linda! Só para avisar, fui a primeira a chegar, mas as bonitas pediram para esperar lá fora, assim entraríamos todas juntas. - Antonella diz, me abraçando calorosamente.
Sorrio, sentindo-me acolhida em seus braços.
- Ao menos uma vez na vida você chega cedo, não é, Tonny? - Lorena comenta com um tom divertido.
Antonella revira os olhos enquanto passa por ela e lhe dá um leve empurrão. Lorena responde mostrando o dedo do meio, e Antonella rebate, mostrando a língua.
- Ela só não se atrasa quando o assunto é entre quatro paredes, se é que me entendem. - Maitê se diverte com a cara da irmã gêmea, e eu sorrio, balançando a cabeça.
As Marini juntas são um verdadeiro caos, e são apenas 8 da manhã.
- Olha quem fala, o sujo falando do mal lavado. - Antonella ri, apontando para Maitê.
Continuo sorrindo, grata por ter essas mulheres incríveis como irmãs.
- Bom dia, querida. - Mayla se aproxima com sua suavidade característica e acena. Ela se senta ao meu lado, acariciando meu rosto com ternura antes de continuar:
- Seu cansaço é visível de longe. Aconteceu alguma coisa? - Ela pergunta, e eu solto o ar com força, tentando esconder minha exaustão com um sorriso forçado.
Os últimos dias têm sido uma batalha constante, e minhas irmãs sempre foram as pessoas em quem mais confio. Elas sabem do meu amor por Hugo, conhecem a profundidade dos nossos sentimentos e a história que construímos juntos. Vê-lo tão mal, sem poder fazer nada, é uma tortura que parece não ter fim.
Fecho os olhos, tentando reunir forças antes de contar-lhes o motivo da minha exaustão e desânimo.
- Hugo. - Profiro, engolindo em seco. - As dores não cessam, e o pior é que nenhum medicamento parece funcionar. - Minha voz treme de frustração. - Isso me apavora de uma forma que não consigo explicar. - Solto o ar, sentindo o peso das palavras.
- Eu sei que é desesperador, mas você precisa ter confiança, Paola. Ele vai sentir isso. - Lorena diz, tentando me animar, mas eu balanço a cabeça, sem tanta certeza.
- Falta só mais alguns dias para termos respostas. Não importa o que seja, estaremos aqui com você. - Ela conclui com uma confiança que tem me faltado.
- Sei que hoje é nossa noite de sair, mas peço desculpas. Não vou conseguir me divertir deixando Hugo nesse estado. - Falo sinceramente. - Não serei uma boa companhia, não com ele ocupando todos os meus pensamentos.
- Mana, hoje é dia de estarmos juntas, não importa onde. - Antonella segura minhas mãos com firmeza. - Podemos ficar aqui com vocês. Vai ser ótimo passar um tempo com meu melhor amigo. - Ela sorri, e eu assinto, concordando.
- É uma ótima ideia. Hugo vai adorar. - Pronuncio, contente com a perspectiva.
- Então está combinado. No mesmo horário de sempre, estaremos aqui. Vamos fazer o que vocês decidirem. - Maitê finaliza, e eu assinto, sentindo uma leve esperança brotar.
Uma parte de mim sabe que isso vai passar e que, eventualmente, teremos nossa vida de volta.
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Atualizado até capítulo 32
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