O olhar no Escuro

O celular despertou às quatro da tarde, vibrando em cima da mesa de cabeceira de mármore. Lorena abriu os olhos devagar, ainda enrolada nos lençóis de seda. Espreguiçou-se, deixando o corpo nu exposto ao sol que atravessava a janela de vidro da cobertura.

Levantou-se, prendeu os cabelos loiros em um coque rápido e vestiu uma jaqueta oversized por cima da lingerie de renda preta que tinha dormido. Pegou os óculos escuros e desceu para a rua.

O caminho até a loja de conveniência era curto. O salto ecoava no chão, e cada passo dela fazia algum homem virar o rosto para olhar. Lorena sabia disso, sentia o poder pulsando nela como perfume caro.

Na loja, pegou um energético, uma barra de chocolate e cigarro. O atendente mal conseguia disfarçar o olhar vidrado em suas pernas.

— Tenha uma boa noite — ele disse, engolindo em seco.

Lorena sorriu de canto, pagou em dinheiro e saiu sem olhar para trás.

O ritual antes do show

De volta em casa, ela ligou a playlist de R&B, tomou um banho demorado e se preparou. Corpo besuntado em óleo iluminador, maquiagem impecável, vestido curto de paetês vermelhos. No camarim da boate, já perto das 23h, ela retocava o batom diante do espelho.

As outras dançarinas se ajeitavam também, mas era impossível não notar a diferença: enquanto as demais pareciam esforçadas demais para brilhar, Lorena tinha um magnetismo natural. A Diaba Loira não precisava competir — ela já era a estrela.

O show da noite seria pesado: pole dance, dança lenta, strip tease. Era assim que ela hipnotizava, e cada movimento rendia milhares.

O cliente do quarto

Depois do espetáculo no palco, um segurança veio até ela no camarim:

— Quarto 07. Ele já está esperando.

Lorena respirou fundo, ajeitou os seios no sutiã de renda e caminhou até o quarto. Entrou sorrindo, como quem sabe que domina o jogo.

O homem sentado na poltrona era rico, bem vestido, terno sob medida, relógio caríssimo. Ele a devorava com os olhos.

— Você é ainda mais linda de perto.

— Eu sei — Lorena respondeu com um sorriso provocante.

Ela se aproximou devagar, subiu no colo dele, e começou o show particular. Beijos no pescoço, a mão dele descendo apressada por suas coxas.

Lorena sabia como acelerar e como desacelerar. Tirou a lingerie lentamente, deixou os seios roçarem no rosto dele. A respiração dele já estava pesada quando ela desceu de joelhos.

O zíper se abriu, e ela o tomou com a boca.

Olhar fixo nos olhos dele, movimentos firmes e molhados, a língua envolvia cada detalhe.

— Caralho… você é perfeita… — ele gemeu, segurando nos cabelos loiros dela.

Lorena acelerou, sugando forte, até sentir o corpo dele estremecer.

Ele gemeu alto, gozo quente jorrando na boca dela. Ela engoliu tudo sem hesitar, lambendo os lábios como se fosse champagne francês.

— Espero que tenha valido cada centavo — ela sussurrou, levantando-se com um sorriso diabólico.

De volta ao palco

Ela retornou para o salão principal. A música já estava no auge, luzes vermelhas e azuis piscando, corpos dançando. Lorena subiu ao palco apenas para se exibir de novo, girando o quadril lentamente, brincando com o olhar da plateia.

E então ela o viu.

No fundo da boate, encostado no balcão, um homem alto, pele morena, cabelos cacheados caindo sobre a testa. Ele não sorria, não piscava, não parecia bêbado. Apenas a encarava.

O olhar dele era diferente: não era de desejo comum. Era como se a conhecesse, como se soubesse algo dela que ninguém mais sabia.

Lorena manteve a pose, mas aquele olhar mexeu com ela mais do que gostaria de admitir.

As invejas

Depois, já no camarim, ela se sentou na poltrona enquanto tirava os saltos e acendia um cigarro. Algumas meninas cochichavam no canto.

— Você viu como todos só olham pra ela? — uma delas resmungou.

— Ridículo. Só porque tem esse cabelo loiro e finge que é rainha.

— Aposto que nem é tão boa quanto falam.

Lorena ouviu tudo, mas não se importou. Tragou fundo, soltou a fumaça no ar e sorriu sozinha.

As garotas podiam ter inveja, podiam falar o que quisessem. No final, todas sabiam a verdade: ninguém ali chegava perto da Diaba Loira.

Mas, por dentro, a mente dela ainda estava presa no olhar do homem misterioso. Quem era ele? E por que parecia saber tanto sem dizer nada?

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