— A Ascensão e ,a segunda Fenda
Roma suspirou aliviada quando Caio Júlio César Germânico, apelidado de Calígula pelas botas de soldado que usava em criança, subiu ao trono em 37 d.C.
Neto de Germânico, filho de Agripina, herdeiro de sangue imperial, o jovem parecia trazer consigo uma nova era. O povo o adorava. A plebe gritava seu nome nas ruas, os soldados se orgulhavam de sua linhagem, o Senado acreditava, ainda que por um instante, que voltaria a ter voz.
Era um príncipe belo, de fala rápida, olhos vivos. Nas primeiras semanas, ofereceu espetáculos grandiosos, perdoou impostos, libertou alguns prisioneiros. Roma acreditou. Roma quis acreditar.
Mas a esperança dura pouco quando o veneno já está misturado no sangue.
Calígula crescera entre perdas e rancores. Seu pai, Germânico, amado por todos, morreu em circunstâncias misteriosas, envenenado sob ordens do imperador Tibério. Sua mãe, Agripina, a Velha, amargou exílio e perseguição, alimentando nos filhos a certeza de que o poder não se conquista com bondade, mas com astúcia e crueldade.
Desde cedo, Caio aprendeu que laços de sangue são armas. Que carinho pode ser troca. Que amor pode ser poder.
E dizem — baixinho, entre paredes grossas — que o menino não soube distinguir mãe de mulher. Que Agripina, tão ambiciosa quanto o próprio filho, talvez não tenha posto limites onde deveria. Talvez tenha confundido domínio com desejo. Talvez tenha aberto uma porta que nunca mais se fechou.
Seja rumor ou verdade, o fato é que Calígula, já jovem, tratava o laço familiar como trono de seda. Não respeitava irmãos, não respeitava irmãs. Via cada um deles como posse, prolongamento, extensão de si.
No quarto mês de reinado, Calígula caiu enfermo. Febre alta, delírios, convulsões. Roma tremeu com medo de perdê-lo tão cedo. Mas o que voltou da doença não era mais o mesmo homem.
O que se ergueu da cama foi um imperador de olhos vidrados, sorriso frio e sede insaciável.
A partir dali, o império deixou de ter César. Passou a ter um deus vivo em sua própria cabeça.
E como primeiro ato de divindade, Calígula não se voltou contra estrangeiros, mas contra os seus. Mandou chamar as irmãs. Drusila, Júlia Lívia, Agripina. E as colocou em lugares que jamais deveriam ser delas.
Com Drusila, a favorita, ousou apresentá-la como se fosse esposa. Levava-a a banquetes, a audiências, beijava-a diante de todos, e, quando ela morreu, decretou luto como se Roma tivesse perdido uma imperatriz.
Com as outras, Júlia Lívia e Agripina, não havia carinho. Havia uso. Havia humilhação silenciosa. Eram moedas políticas, eram corpos que o imperador trocava de lugar como peças em um tabuleiro de mármore.
E os rumores de incesto que o Senado murmurava às escondidas eram confirmados na boca da plebe, rindo em tavernas:
— “O César dorme com as irmãs como um homem com as esposas.”
O povo, porém, ainda calava quando passava diante dos palácios. Porque rir demais podia custar a vida. E Calígula já dava sinais de que a vida dos outros valia menos do que o vinho que derramava sobre o chão.
O Senado começou a temer. Os generais, a desconfiar. Mas ninguém ousava se levantar. Porque o jovem imperador, ainda no início, sabia ser doce quando queria. Sabia encantar multidões, sabia se vestir de ouro diante do povo, e ao mesmo tempo esconder o açoite atrás da cortina.
Roma não percebia ainda. Mas o espelho já percebia.
Os reflexos nos corredores do palácio escureciam nas bordas. O chocalhar longínquo das serpentes ecoava.
Porque onde há incesto, há transgressão profunda. Onde há humilhação de sangue, há abertura para o juízo.
As Mulheres Roubadas
Roma inteira aprendeu cedo que nenhum laço estava a salvo do olhar de Calígula. Bastava que desejasse e não havia esposo, não havia altar, não havia voto de deuses que segurasse a mão do imperador.
O exemplo mais famoso ecoou nos becos como fábula de terror.
Era o casamento de Lollia Orestilla, jovem de família respeitável, mulher que o povo via com curiosidade pela beleza e pela fortuna que trazia consigo. O marido, um senador de prestígio, sorria nervoso diante dos convidados quando o imperador apareceu.
Calígula entrou como se fosse dono da cerimônia. Nenhum convite, nenhuma saudação. Apenas o olhar fixo na noiva.
— Tire o véu — ordenou.
Todos congelaram. O senador tentou intervir, mas as palavras morreram na garganta. Os guardas já estavam a postos.
— Esta mulher é minha. Roma merece vê-la como imperatriz, não como esposa de um senador medíocre.
E assim, diante da assembleia, arrancou Orestilla de seu próprio casamento. O povo murmurava, uns com medo, outros com indignação. Mas quem ousaria dizer “não” ao César que se dizia deus?
Orestilla foi levada ao palácio, transformada em esposa imperial por alguns meses. Depois, como objeto gasto, foi banida. O marido nunca a teve de volta.
Não foi a única.
Lollia Paulina, conhecida por sua riqueza e por se adornar de pedras preciosas até nos cabelos, também chamou a atenção do imperador.
Calígula simplesmente ordenou:
— Quero-a como minha esposa.
O marido não teve escolha. Paulina foi levada, casou-se com César, e durante seis meses foi exibida como troféu. Mas Calígula se cansou. Despediu-a como quem despede uma serva, proibindo-a de jamais se casar de novo, como se quisesse que vivesse eternamente no vazio, recordando-se de ter sido “dele”.
E não eram apenas as esposas escolhidas por ele.
Nos banquetes, Calígula ordenava que os senadores trouxessem suas esposas e filhas. Entre uma taça e outra, apontava:
— Você, venha cá.
E a levava diante de todos. Depois voltava com comentários cruéis, humilhando não apenas a mulher, mas o marido, o pai, a família inteira.
Roma não tinha homens, tinha marionetes. Cada laço era corda que ele cortava, apenas para provar que podia.
Mas o ato mais insultuoso ainda estava por vir.
No Senado, entre mármores e estátuas, Calígula preparou a maior afronta: nomeou seu cavalo Incitatus como senador.
mais, preparando-se para o juízo.
— Veja, senador — dizia, passando a mão pela pele de uma jovem —, como sua esposa agrada mais aos meus olhos do que aos seus.
O riso dele caía como lâmina. Os homens, impotentes, se curvavam. Roma inteira sabia: não havia honra, não havia pudor, não havia salvação quando Calígula desejava.
O Banquete dos Deuses e a Fenda do Espelho
Roma já não respirava — arfava. Cada dia no reinado de Calígula era um mergulho mais fundo no abismo. Mas a noite que se seguiu ficou marcada como o banquete dos deuses, uma festa em que o imperador resolveu escancarar de vez sua loucura.
O falso deus
O salão do Palácio Dourado estava tomado por tochas e perfumes fortes. As mesas transbordavam de iguarias, os escravos quase se arrastavam sob o peso das bandejas. No trono central, Calígula não se contentava em vestir seda ou púrpura: vestia-se como Júpiter em pessoa, com coroa de ouro e raio de metal forjado na mão.
— Eu sou deus! — bradou, a voz reverberando nas colunas de mármore. — Não há poder acima de mim. O Olimpo é meu palco.
Senadores, generais, esposas, cortesãos… todos se curvaram. Uns de medo, outros de vergonha. Ninguém ousava negar a farsa.
Ele se levantou, arrastando a capa cintilante, e apontou para os céus.
— Se Júpiter existe, que desça agora e me conteste. Se não desce, é porque já fui coroado em seu lugar!
Risos nervosos ecoaram. Calígula gargalhou alto, satisfeito.
A afronta
Entre uma taça e outra, ordenou que as mulheres presentes se levantassem. Esposas de senadores, concubinas, jovens filhas de patrícios. Ele as fez desfilar pelo salão, uma a uma, enquanto avaliava como mercador em praça pública.
— Esta… — apontou para a esposa de um senador idoso. — Sabe cozinhar, mas não sabe deitar.
— Esta outra… — puxou uma jovem pelos cabelos —, tem corpo de deusa, mas alma de serva.
As lágrimas escorriam discretas, mas ninguém ousava protestar. O medo pesava mais que a indignação.
— Vocês, senadores, têm a honra de ver suas mulheres escolhidas pelo deus que vos governa! — disse, rindo, como se fosse piada.
Os homens baixaram a cabeça, esmagados pela vergonha.
O cavalo no trono
E então, em meio àquela exibição cruel, Calígula fez sinal. Portas laterais se abriram, e Incitatus, seu cavalo, entrou adornado de ouro e pedras preciosas. O animal relinchou, incomodado com o peso das joias.
O imperador ergueu os braços:
— Eis o novo cônsul de Roma! Incitatus governará melhor que todos vocês juntos!
O silêncio foi sepulcro. Nenhum senador ousou contestar. Alguns até aplaudiram, com as mãos trêmulas, na esperança de sobreviver.
Calígula acariciou a crina do cavalo e se sentou novamente, triunfante.
O espelho desperta
Foi então que algo mudou no salão.
No fundo, atrás do trono, havia um grande espelho de moldura dourada, usado para refletir a glória do imperador. Só que, naquela noite, o vidro começou a ondular, como se fosse água. As bordas escureceram, a prata do fundo se corroeu diante dos olhos atônitos.
Alguns convidados taparam a boca para não gritar. Outros se benzeram às escondidas. Mas Calígula, bêbado de poder, apenas sorriu.
— Até o espelho me reverencia — disse, abrindo os braços. — Até o reflexo se curva a um deus.
Foi nesse instante que o salão inteiro ouviu: o chocalhar das serpentes. Um som metálico, áspero, vindo de dentro do vidro.
As tochas tremeram. O ar pareceu esfriar.
E então ela apareceu.
A Medusa
Do outro lado do espelho, olhos que não eram humanos brilharam como brasas. Serpentes deslizaram em cabelos que se mexiam sozinhos. A boca da criatura se abriu em um sorriso que misturava beleza e horror.
— Calígula… — a voz não vinha apenas do vidro. Vibrava nas colunas, no chão, nos ossos de cada convidado. — Você foi julgado. Você foi condenado.
O salão inteiro caiu de joelhos. Gritos abafados ecoaram. Mas o imperador apenas gargalhou.
— Mais um espetáculo! — disse, batendo palmas. — Vejam, Roma, até os monstros me servem.
Deu um passo à frente, aproximando-se do espelho.
— Que comece a peça! Eu entro no palco!
E sem medo, sem recuo, tocou o vidro.
O espelho não resistiu: cedeu como lago de águas negras. Calígula atravessou a superfície e sumiu diante de todos, tragado em silêncio.
O salão petrificado
Os convidados ficaram imóveis. Alguns acreditaram que tinham enlouquecido. Outros acharam que era mágica, truque, ilusão.
Mas o espelho, agora, refletia apenas o salão vazio — sem Calígula, sem rastro.
E foi nesse instante que a Medusa, ainda visível por um sopro de tempo, disse:
— O verdadeiro imperador não voltará. O que vos restar será apenas eco, sombra e substituto.
E desapareceu.
O Labirinto da Loucura
O silêncio pesava como pedra. Do outro lado, Calígula se viu cercado de espelhos por todos os lados. Eram corredores sem fim, portas que não levavam a lugar algum, reflexos que multiplicavam sua imagem ao infinito.
Ele deu alguns passos, o som das sandálias ecoando sobre o mármore frio. E então ergueu a voz, ainda arrogante:
— Onde está o meu cavalo? Onde está Incitatus? Quero meu cônsul! Quero ouvir os conselhos dele!
O silêncio respondeu com ecos de cascos. Ele virou-se e, por um instante, acreditou ver seu cavalo ao longe, a crina branca reluzindo sob tochas invisíveis. Mas quando correu até ele, encontrou apenas o reflexo multiplicado de Incitatus, em milhares de espelhos, relinchando em zombaria.
— Vocês não me enganam! — gritou, com o punho erguido. — Eu sou o César! Eu sou o deus de Roma!
Seguiu andando, ofegante, até encontrar figuras femininas ao longe. Reconheceu os véus, os rostos.
— Minhas mulheres! — disse, abrindo os braços. — Por que não vêm a mim? Vocês me pertencem, todas vocês! Orestilla, Paulina, Drusila… vocês são minhas!
As mulheres estavam ali, sim, mas não como ele lembrava. Nenhum sorriso, nenhum gesto de adoração. Apenas olhares de pedra, refletidos ao infinito, como testemunhas mudas.
Ele bateu no espelho com raiva.
— Por que não falam? Por que não vêm até mim? Vocês são minhas esposas, minhas concubinas, minhas irmãs! Vocês não podem me deixar sozinho!
Mas o vidro apenas devolvia sua própria fúria, multiplicada em mil versões.
Exausto, ele parou diante de um espelho maior que os outros. Ali estava sua imagem completa, trajado ainda de púrpura, coroa reluzindo na cabeça. Por um instante, esqueceu o labirinto. Sorriu para si mesmo.
— Eu sou lindo — murmurou, acariciando o próprio reflexo. — Ninguém em Roma, ninguém no mundo tem a beleza de César. Minha pele, meus olhos, minha coroa… Eu sou um deus.
Enquanto falava, outros reflexos surgiam atrás do seu: Calígulas deformados, com olhos vazios, bocas abertas em gritos silenciosos, rostos apodrecidos. Mas ele, cego em sua vaidade, não os via.
Então, ouviu uma voz familiar.
— Filho.
Ele estremeceu. Lentamente, virou-se. E lá estava Agripina, a Velha, sua mãe. Mas não como lembrava: não havia poder em seus olhos, apenas sombra.
— Mãe… — sussurrou, hesitante. — Você está aqui comigo?
Ela não respondeu. Apenas olhou. E esse olhar pesava mais do que qualquer palavra.
Calígula se ajoelhou diante dela, não de devoção, mas de medo.
— Você me moldou. Você me fez assim. Se estou aqui, é por sua causa.
Agripina permaneceu em silêncio. Atrás dela, outros espelhos refletiam não só a mãe, mas todas as sombras de seu sangue: irmãs, ancestrais, vítimas esquecidas.
Calígula levantou-se, furioso, tentando impor sua voz sobre o silêncio.
— Guardas! Guardas! Abram estas portas! Eu sou o imperador de Roma! Abram para o César!
Correu, socou os espelhos, tentou quebrá-los com os punhos, mas cada pancada apenas devolvia outro reflexo seu, mais enlouquecido, mais deformado.
E foi então que a Medusa apareceu, surgindo atrás de um vidro como sombra viva. Suas serpentes chocalhavam, e seu sorriso era feito de escárnio.
— Você não é César aqui. — Sua voz ecoava como trovão. — Aqui você é apenas mais um reflexo.
— Solte-me! — gritou ele, os olhos arregalados. — Eu sou imperador! Eu sou deus! Você não pode me prender!
A Medusa gargalhou.
— Você pediu por isso. Entrou de livre vontade, acreditando que era palco. E agora, o palco é prisão.
Os espelhos tremeram, e todos os reflexos de Calígula começaram a rir junto com a Medusa. Riam dele, com ele, contra ele. Mil Calígulas enlouquecidos, mil gargalhadas ecoando sem parar.
Calígula tapou os ouvidos, caiu de joelhos, mas não havia silêncio. Apenas riso. Apenas eternidade.
E assim, o “deus de Roma” tornou-se apenas mais um prisioneiro do espelho.
Do lado de dentro, o mundo era feito de reflexos infinitos.
Calígula caminhava por corredores de espelhos, vendo sua imagem multiplicar-se em milhares de coroas, milhares de mantos púrpura, milhares de risos doentios.
Mas não estava sozinho.
— Drusila, — murmurou, ao ver sua irmã preferida diante dele. Ela não sorria. Seu olhar era de acusação eterna.
— Agripina, Júlia Lívia, — as outras irmãs surgiam, refletidas mil vezes, como testemunhas de seu crime.
Atrás, surgiram as esposas roubadas: Orestilla, Paulina, tantas outras. Todas em silêncio, apenas fitando-o.
E então vieram os senadores mortos, com gargantas abertas, e os atores mutilados, e os escravos sacrificados. Cada rosto perdido, cada vida arrancada, cada vítima injustiçada agora se refletia ao infinito.
No centro do labirinto, Incitatus surgiu. Mas não era mais um cavalo adornado: era um reflexo eterno de relinchos, cada um zombando, cada casco batendo como martelo de sentença.
Calígula caiu de joelhos, mas ainda tentou rir.
— Vocês não são nada. Eu sou César! Eu sou deus!
A Medusa apareceu diante dele, maior que qualquer trono.
— Você não é deus, Calígula. Você é apenas mais um monstro. E aqui, monstros não reinam. Aqui, monstros apodrecem na eternidade.
As serpentes sibilavam como sinos fúnebres.
O imperador tentou correr, mas em cada espelho havia outro Calígula correndo, outro Calígula desesperado, outro Calígula rindo sozinho. Não havia saída.
E assim, o imperador enlouqueceu dentro do próprio reflexo.
Do lado de fora, Roma acreditou que ele havia sido morto numa conspiração. Os senadores contaram uma versão conveniente: punhaladas, sangue, e fim.
Mas a verdade era outra.
O verdadeiro Calígula já estava preso no labirinto do espelho, muito antes de Nero chegar.
A Mensagem da Medusa
A Medusa, de dentro do labirinto, não fala apenas com Calígula.
Ela fala com você.
“Não pense que está seguro. Não pense que estas histórias ficaram presas ao passado. Cada injustiça, cada desejo obscuro, cada mentira que você contou diante de um espelho me chama, como um sussurro.”
O sibilo das serpentes se espalha como vento frio.
“Olhe bem para o espelho do seu banheiro. Olhe para aquele do quarto, para o retrovisor do seu carro, para a vitrine de vidro em que gosta de se admirar. Em todos eles eu posso estar.”
O vidro se estremece, quase imperceptível.
“Você acha que se penteia diante de um espelho comum? Ingênuo… Cada reflexo é uma porta. Cada reflexo pode ser um julgamento. Se sua alma é inocente, eu nada farei. Mas se houver culpa ah, se houver culpa…”
O riso dela ecoa como guizos.
“Um dia, você pode se ver no reflexo e perceber que o reflexo não o imita mais. E então será tarde. Você será apenas mais um dos meus brinquedos, um dos meus bichinhos de estimação, preso para sempre no labirinto, refletindo sua própria degradação.”
O silêncio volta. Mas o próximo espelho em que você se olhar talvez já não seja o mesmo.
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Atualizado até capítulo 32
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