Capítulo 2 — O Homem de Gelo

A cidade nunca dormia.

Arranha-céus se erguiam como gigantes de vidro e aço, refletindo as luzes artificiais de uma capital que respirava pressa. No coração desse império de concreto, erguia-se a sede da Castellani Corporation, um conglomerado que movia bilhões e definia o destino de setores inteiros da economia. E, no centro de tudo, estava ele: Enrico Castellani.

Com apenas trinta anos, Enrico já havia herdado o título que muitos julgavam cedo demais: CEO. Mas não era apenas o sobrenome que sustentava sua posição — era a frieza calculada, a inteligência afiada e a ausência completa de indulgência.

Onde outros viam sentimentos, ele via fraquezas. Onde outros buscavam companhias, ele preferia o silêncio da própria solidão.

Naquela manhã, sua rotina seguia o mesmo ritmo impecável.

O relógio marcava seis horas quando ele terminou a corrida matinal em sua esteira particular. O corpo definido era resultado não de vaidade, mas de disciplina. Enrico não acreditava em excessos. Não acreditava em nada que o desviasse de sua missão: manter e expandir o império que recebera do pai, agora doente e afastado dos negócios.

Sentou-se à mesa do café, onde relatórios o aguardavam. O olhar verde, gélido, deslizava pelas páginas com precisão, como quem devora dados e transforma em estratégias.

Ao seu redor, a mansão Castellani parecia mais um palácio moderno: mármore, vidro e silêncio absoluto. Nada nele era improvisado. Nada nele era vulnerável.

Ou quase nada.

Mais tarde, ao entrar em sua sala no último andar da empresa, Enrico foi recebido por sua irmã mais nova, Giuliana Castellani. Ao contrário dele, Giuliana era expansiva, vibrante, sempre buscando quebrar a rigidez do irmão.

— Bom dia, homem de gelo — ela provocou, deixando-se cair na poltrona diante da mesa dele. — Está preparado para conhecer sua futura esposa?

Ele ergueu os olhos do relatório, impassível.

— Não é uma esposa. É um contrato. Um acordo que favorece os dois lados.

— Claro, claro... — Giuliana riu, cruzando as pernas. — Mas, convenhamos, Enrico. Você vai se casar. E por mais que tente parecer indiferente, todos sabemos que isso mexe com você.

Enrico não respondeu de imediato. Encostou-se na cadeira, avaliando a irmã.

No fundo, ela tinha razão. Não porque houvesse expectativa de romance — isso ele descartava de imediato —, mas porque a ideia de dividir sua vida, mesmo que de forma protocolar, com alguém, feria seu instinto de isolamento. Ele aprendera cedo que sentimentos eram fraquezas. E agora teria de conviver com uma mulher estranha, imposta, dentro de sua casa.

— Contanto que ela saiba respeitar limites, não haverá problema — disse por fim, encerrando o assunto.

Mas, ainda assim, uma inquietação que não queria admitir latejava em seu peito.

Do outro lado da cidade, Helena Duarte encarava seu reflexo no espelho do quarto. O rosto ainda carregava o peso da noite anterior, quando descobrira a traição de Patrick com sua irmã. Os olhos vermelhos denunciavam lágrimas que ela preferia esquecer.

Sentia-se partida.

Mas, ao mesmo tempo, havia uma estranha clareza. Patrick, com sua covardia, apenas confirmara o que ela já sabia: seu destino não estava nas próprias mãos. Nunca estivera. Agora, mais do que nunca, sua vida era um tabuleiro movido pelas ambições da família.

Sobre a cama, um vestido de seda azul-marinho a esperava. Fora escolhido por sua mãe, como sempre. O tecido parecia frio ao toque, pesado como as obrigações que carregava. Helena suspirou. Aquela noite marcaria o início de algo maior — um encontro com um homem de quem só ouvira histórias. Um homem que todos descreviam como implacável.

— Enrico Castellani... — murmurou, como se o nome tivesse gosto amargo na boca.

O restaurante cinco estrelas escolhido para a reunião era discreto, mas imponente. Lustres de cristal iluminavam as mesas privadas, onde negócios e alianças se firmavam longe dos olhos curiosos. Helena entrou acompanhada dos pais, o coração acelerado, as mãos trêmulas escondidas no colo.

E então o viu.

Enrico Castellani já estava sentado. A postura impecável, o terno sob medida em tom escuro, a expressão impenetrável. Os olhos verdes a fitaram com intensidade — não de curiosidade, mas de avaliação. Como se estivesse analisando um relatório, não uma pessoa.

Helena engoliu em seco. Sentiu-se pequena sob aquele olhar. Mas não desviou. Não depois de tudo que já enfrentara. Mesmo com a voz trêmula por dentro, manteve-se firme por fora.

Enrico inclinou levemente a cabeça, um gesto mínimo de cumprimento.

— Helena Duarte — disse ele, a voz baixa, grave, com um tom que parecia ao mesmo tempo educado e indiferente. — Finalmente nos conhecemos.

Ela assentiu, sentando-se diante dele.

Capítulos
1 Prefácio — Entre o Passado e o Desejo
2 Capítulo 1 — O Peso do Ontem
3 Capítulo 2 — O Homem de Gelo
4 Capítulo 3 — O Primeiro Encontro
5 Capítulo 4 — Correntes Invisíveis
6 Capítulo 5 — Sob os Olhos do Mundo
7 Capítulo 6 — Sob o Mesmo Teto
8 Capítulo 7 — Verdades à Sombra
9 Capítulo 8 — Entre as Fendas do Gelo
10 Capítulo 9 — Vozes do Mundo
11 Capítulo 10 — Sob as Luzes e as Sombras
12 Capítulo 11 — As Repercussões do Beijo
13 Capítulo 12 — A Voz Que Nunca Tivera
14 Capítulo 13 — O Casamento das Aparências
15 Capítulo 14 — Lua de Mel em Silêncio
16 Capítulo 15 — O Despertar do Silêncio
17 Capítulo 16 — Entre Dois Mundos
18 Capítulo 17 — Vozes de Sangue e Silêncio
19 Capítulo 18 — A Primeira Prova
20 Capítulo 19 — Entre Aliados e Inimigos
21 Capítulo 20 — O Jogo das Aparências
22 Capítulo 21 — Entre Murmúrios e Promessas
23 Capítulo 22 — Entre Beijos e Facas
24 Capítulo 23 — O Domingo da Vergonha
25 Capítulo 24 — A Voz da Verdade
26 Capítulo 25 — A Inveja em Carne Viva
27 Capítulo 26 — O Espetáculo da Crueldade
28 Capítulo 27 — Ecos de Escândalo
29 Capítulo 28 — A Coroa Invisível
30 Capítulo 29 — O Fantasma do Passado
31 Capítulo 30 — A Armadilha Perfeita
32 Capítulo 31 — Quando a Luz Aprende a Ficar
33 Capítulo 32 — Entre Provas e Promessas
34 Capítulo 33 — A Fotografia e o Nome
35 Capítulo 34 — O Nome Que Não Cala
36 Capítulo 35 — Primeiros Passos da Verdade
37 Capítulo 36 — Vozes do Passado
38 Capítulo 37 — O Rosto do Destino
39 Capítulo 38 — Entre Verdades e Sombras
40 Capítulo 39 — O Eco das Sombras
41 Capítulo 40 — A Verdade no Sangue
42 Capítulo 41 — A Sentença da Verdade
43 Capítulo 42 — A Mentira Perfeita (I)
44 Capítulo 42 — A Mentira Perfeita (II)
45 Capítulo 43 — O Peso dos Nomes
46 Capítulo 44 — Quando as Máscaras Caem
47 Capítulo 45 — O Dia em que o Eco Virou Voz
48 Capítulo 46 — A Hora dos Espelhos
49 Capítulo 47 — O Julgamento das Sombras
50 Capítulo 48 — A Sentença do Silêncio
51 Capítulo 49 — O Legado da Verdade
52 Epílogo — Onde a Luz Permanece
Capítulos

Atualizado até capítulo 52

1
Prefácio — Entre o Passado e o Desejo
2
Capítulo 1 — O Peso do Ontem
3
Capítulo 2 — O Homem de Gelo
4
Capítulo 3 — O Primeiro Encontro
5
Capítulo 4 — Correntes Invisíveis
6
Capítulo 5 — Sob os Olhos do Mundo
7
Capítulo 6 — Sob o Mesmo Teto
8
Capítulo 7 — Verdades à Sombra
9
Capítulo 8 — Entre as Fendas do Gelo
10
Capítulo 9 — Vozes do Mundo
11
Capítulo 10 — Sob as Luzes e as Sombras
12
Capítulo 11 — As Repercussões do Beijo
13
Capítulo 12 — A Voz Que Nunca Tivera
14
Capítulo 13 — O Casamento das Aparências
15
Capítulo 14 — Lua de Mel em Silêncio
16
Capítulo 15 — O Despertar do Silêncio
17
Capítulo 16 — Entre Dois Mundos
18
Capítulo 17 — Vozes de Sangue e Silêncio
19
Capítulo 18 — A Primeira Prova
20
Capítulo 19 — Entre Aliados e Inimigos
21
Capítulo 20 — O Jogo das Aparências
22
Capítulo 21 — Entre Murmúrios e Promessas
23
Capítulo 22 — Entre Beijos e Facas
24
Capítulo 23 — O Domingo da Vergonha
25
Capítulo 24 — A Voz da Verdade
26
Capítulo 25 — A Inveja em Carne Viva
27
Capítulo 26 — O Espetáculo da Crueldade
28
Capítulo 27 — Ecos de Escândalo
29
Capítulo 28 — A Coroa Invisível
30
Capítulo 29 — O Fantasma do Passado
31
Capítulo 30 — A Armadilha Perfeita
32
Capítulo 31 — Quando a Luz Aprende a Ficar
33
Capítulo 32 — Entre Provas e Promessas
34
Capítulo 33 — A Fotografia e o Nome
35
Capítulo 34 — O Nome Que Não Cala
36
Capítulo 35 — Primeiros Passos da Verdade
37
Capítulo 36 — Vozes do Passado
38
Capítulo 37 — O Rosto do Destino
39
Capítulo 38 — Entre Verdades e Sombras
40
Capítulo 39 — O Eco das Sombras
41
Capítulo 40 — A Verdade no Sangue
42
Capítulo 41 — A Sentença da Verdade
43
Capítulo 42 — A Mentira Perfeita (I)
44
Capítulo 42 — A Mentira Perfeita (II)
45
Capítulo 43 — O Peso dos Nomes
46
Capítulo 44 — Quando as Máscaras Caem
47
Capítulo 45 — O Dia em que o Eco Virou Voz
48
Capítulo 46 — A Hora dos Espelhos
49
Capítulo 47 — O Julgamento das Sombras
50
Capítulo 48 — A Sentença do Silêncio
51
Capítulo 49 — O Legado da Verdade
52
Epílogo — Onde a Luz Permanece

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