O carro de luxo preto atravessou os portões altos da mansão da família de Win. Guardas armados alinhavam-se em posição, os olhos desconfiados acompanhando cada movimento dos homens de Jay. O clima era de guerra, mesmo diante de uma trégua assinada.
Dentro do veículo, Jay observava a arquitetura imponente do casarão. Colunas altas, lanternas orientais iluminando o caminho, estátuas de leões guardando a entrada. Ele sorriu de canto.
— Belo teatro. — O tom era baixo, mas carregado de ironia.
Oleg, sentado ao lado, comentou em russo:
— Eles querem mostrar poder, mas parecem nervosos.
Jay ajeitou o paletó.
— Nervosos, Oleg, são sempre os mais perigosos.
O carro parou diante da entrada principal. Win já estava ali, esperando, braços cruzados, a tatuagem do dragão aparecendo discretamente pelo decote da camisa. O olhar era puro veneno.
— Bem-vindo à minha casa, Volkov — disse Win, sem esforço para soar cordial.
Jay saiu do carro com calma, ajustando as mangas da camisa. Sua presença era um desafio em si.
— Casa bonita. — Ele passou os olhos pelo lugar. — Espero que tenha espaço para todos nós.
Win apertou a mandíbula.
— Você não está em Moscou. Aqui não dita as regras.
Jay deu um passo à frente, diminuindo a distância, e respondeu em tom baixo, frio:
— Eu nunca preciso estar em Moscou para ditar regras.
O silêncio pesou entre eles. Ton, ao lado de Win, levou a mão discretamente ao coldre, mas um olhar rápido de Win bastou para contê-lo.
Nin apareceu no topo da escadaria. O vestido branco simples contrastava com a tensão ao redor. Ela desceu com passos firmes, tentando transmitir calma.
— Senhor Volkov — disse, inclinando levemente a cabeça. — Espero que a viagem tenha sido tranquila.
Jay sustentou o olhar dela por alguns segundos.
— Tranquila, até certo ponto. — Ele então olhou para Win. — Sua irmã sabe se portar melhor do que você.
Win explodiu imediatamente.
— Cuidado com a língua.
Jay arqueou uma sobrancelha.
— Só falo o que vejo.
Nin suspirou, colocando-se entre os dois.
— Já basta. — O tom dela era firme. — Esse pacto existe para cessar sangue, não para começar outro dentro da minha casa.
Jay desviou o olhar para ela, curioso.
— Vejo que alguém aqui tem bom senso.
Win fechou os punhos, mas conteve a raiva.
— Vamos entrar. — A voz dele era cortada, seca. — Antes que eu mude de ideia sobre essa trégua.
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A sala principal da mansão era um espetáculo de luxo: piso de madeira brilhante, grandes janelas com vista para os jardins, quadros antigos de guerreiros tailandeses. Jay caminhou pelo ambiente como quem inspeciona território conquistado.
— Bonito. — Ele comentou, tocando o braço de uma das poltronas. — Mas vejo rachaduras.
Win estreitou os olhos.
— Se procura fraquezas, Volkov, vai encontrá-las em você mesmo.
Jay virou o rosto devagar, encarando-o de perto.
— Você fala muito para quem tem tanto a perder.
Nin interrompeu antes que o ar pegasse fogo.
— Senhores, vocês têm um mês. — O tom dela era firme, quase autoritário. — Um mês para aprender a conviver sem arrancar a garganta um do outro. Ou esse casamento será o funeral de todos nós.
Jay sorriu de canto.
— A senhora tem mais coragem do que muitos homens que conheci.
Win respondeu com sarcasmo, olhando para a irmã:
— Ou mais ingenuidade.
Ela revidou de imediato:
— Ingênuo é quem pensa que pode lutar sozinho contra o mundo inteiro.
O silêncio que veio depois deixou claro: Nin não era apenas peça de troca. Era parte ativa do jogo.
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Naquela noite, Jay foi levado até um dos quartos de hóspedes da mansão. Luxuoso, mas claramente preparado às pressas. Ele fechou a porta e tirou o paletó, revelando o braço tatuado. Aproximou-se da janela e observou o jardim iluminado.
Um reflexo no vidro chamou sua atenção. Win estava parado à porta, encostado ao batente, braços cruzados.
— Espero que se sinta confortável — disse Win, carregado de ironia.
Jay virou-se lentamente.
— Não costumo dormir bem em território inimigo.
Win deu um passo para dentro do quarto, a expressão carregada de orgulho e raiva.
— Então não durma.
Jay avançou até ficar a poucos centímetros dele. A diferença de altura não era tão grande, mas a presença de Jay preenchia o espaço.
— Você gosta de me provocar.
Win não recuou.
— Eu gosto de lembrar você de que não manda aqui.
O ar entre os dois era denso, carregado de ódio. Olhares se cruzaram como lâminas. Por um instante, o silêncio disse mais que qualquer palavra: a atração proibida já estava ali, disfarçada de hostilidade.
Jay inclinou levemente a cabeça, o sorriso frio surgindo nos lábios.
— Vamos ver quem quebra primeiro, Win.
Win respondeu com um meio sorriso, mas os olhos eram pura chama.
— Vai ser você, Volkov. Sempre você.
Ele se virou e saiu do quarto, batendo a porta com força. Jay ficou parado, respirando fundo, a tatuagem no braço ardendo como se tivesse vida própria.
— Veremos — murmurou para si mesmo, olhando novamente pela janela.
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Na sala principal, Nin observava pela janela o encontro tenso de dois mundos que deveriam permanecer separados. Ela sabia, melhor que ninguém, que a guerra não havia acabado. Apenas mudado de forma.
E, em algum lugar dentro dela, crescia um medo que não ousava confessar: que o ódio entre Jay e Win se transformasse em algo ainda mais perigoso.
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Atualizado até capítulo 43
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