Capítulo 2 — Território inimigo

O carro de luxo preto atravessou os portões altos da mansão da família de Win. Guardas armados alinhavam-se em posição, os olhos desconfiados acompanhando cada movimento dos homens de Jay. O clima era de guerra, mesmo diante de uma trégua assinada.

Dentro do veículo, Jay observava a arquitetura imponente do casarão. Colunas altas, lanternas orientais iluminando o caminho, estátuas de leões guardando a entrada. Ele sorriu de canto.

— Belo teatro. — O tom era baixo, mas carregado de ironia.

Oleg, sentado ao lado, comentou em russo:

— Eles querem mostrar poder, mas parecem nervosos.

Jay ajeitou o paletó.

— Nervosos, Oleg, são sempre os mais perigosos.

O carro parou diante da entrada principal. Win já estava ali, esperando, braços cruzados, a tatuagem do dragão aparecendo discretamente pelo decote da camisa. O olhar era puro veneno.

— Bem-vindo à minha casa, Volkov — disse Win, sem esforço para soar cordial.

Jay saiu do carro com calma, ajustando as mangas da camisa. Sua presença era um desafio em si.

— Casa bonita. — Ele passou os olhos pelo lugar. — Espero que tenha espaço para todos nós.

Win apertou a mandíbula.

— Você não está em Moscou. Aqui não dita as regras.

Jay deu um passo à frente, diminuindo a distância, e respondeu em tom baixo, frio:

— Eu nunca preciso estar em Moscou para ditar regras.

O silêncio pesou entre eles. Ton, ao lado de Win, levou a mão discretamente ao coldre, mas um olhar rápido de Win bastou para contê-lo.

Nin apareceu no topo da escadaria. O vestido branco simples contrastava com a tensão ao redor. Ela desceu com passos firmes, tentando transmitir calma.

— Senhor Volkov — disse, inclinando levemente a cabeça. — Espero que a viagem tenha sido tranquila.

Jay sustentou o olhar dela por alguns segundos.

— Tranquila, até certo ponto. — Ele então olhou para Win. — Sua irmã sabe se portar melhor do que você.

Win explodiu imediatamente.

— Cuidado com a língua.

Jay arqueou uma sobrancelha.

— Só falo o que vejo.

Nin suspirou, colocando-se entre os dois.

— Já basta. — O tom dela era firme. — Esse pacto existe para cessar sangue, não para começar outro dentro da minha casa.

Jay desviou o olhar para ela, curioso.

— Vejo que alguém aqui tem bom senso.

Win fechou os punhos, mas conteve a raiva.

— Vamos entrar. — A voz dele era cortada, seca. — Antes que eu mude de ideia sobre essa trégua.

---

A sala principal da mansão era um espetáculo de luxo: piso de madeira brilhante, grandes janelas com vista para os jardins, quadros antigos de guerreiros tailandeses. Jay caminhou pelo ambiente como quem inspeciona território conquistado.

— Bonito. — Ele comentou, tocando o braço de uma das poltronas. — Mas vejo rachaduras.

Win estreitou os olhos.

— Se procura fraquezas, Volkov, vai encontrá-las em você mesmo.

Jay virou o rosto devagar, encarando-o de perto.

— Você fala muito para quem tem tanto a perder.

Nin interrompeu antes que o ar pegasse fogo.

— Senhores, vocês têm um mês. — O tom dela era firme, quase autoritário. — Um mês para aprender a conviver sem arrancar a garganta um do outro. Ou esse casamento será o funeral de todos nós.

Jay sorriu de canto.

— A senhora tem mais coragem do que muitos homens que conheci.

Win respondeu com sarcasmo, olhando para a irmã:

— Ou mais ingenuidade.

Ela revidou de imediato:

— Ingênuo é quem pensa que pode lutar sozinho contra o mundo inteiro.

O silêncio que veio depois deixou claro: Nin não era apenas peça de troca. Era parte ativa do jogo.

---

Naquela noite, Jay foi levado até um dos quartos de hóspedes da mansão. Luxuoso, mas claramente preparado às pressas. Ele fechou a porta e tirou o paletó, revelando o braço tatuado. Aproximou-se da janela e observou o jardim iluminado.

Um reflexo no vidro chamou sua atenção. Win estava parado à porta, encostado ao batente, braços cruzados.

— Espero que se sinta confortável — disse Win, carregado de ironia.

Jay virou-se lentamente.

— Não costumo dormir bem em território inimigo.

Win deu um passo para dentro do quarto, a expressão carregada de orgulho e raiva.

— Então não durma.

Jay avançou até ficar a poucos centímetros dele. A diferença de altura não era tão grande, mas a presença de Jay preenchia o espaço.

— Você gosta de me provocar.

Win não recuou.

— Eu gosto de lembrar você de que não manda aqui.

O ar entre os dois era denso, carregado de ódio. Olhares se cruzaram como lâminas. Por um instante, o silêncio disse mais que qualquer palavra: a atração proibida já estava ali, disfarçada de hostilidade.

Jay inclinou levemente a cabeça, o sorriso frio surgindo nos lábios.

— Vamos ver quem quebra primeiro, Win.

Win respondeu com um meio sorriso, mas os olhos eram pura chama.

— Vai ser você, Volkov. Sempre você.

Ele se virou e saiu do quarto, batendo a porta com força. Jay ficou parado, respirando fundo, a tatuagem no braço ardendo como se tivesse vida própria.

— Veremos — murmurou para si mesmo, olhando novamente pela janela.

---

Na sala principal, Nin observava pela janela o encontro tenso de dois mundos que deveriam permanecer separados. Ela sabia, melhor que ninguém, que a guerra não havia acabado. Apenas mudado de forma.

E, em algum lugar dentro dela, crescia um medo que não ousava confessar: que o ódio entre Jay e Win se transformasse em algo ainda mais perigoso.

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Comments

Sir Elfo

Sir Elfo

sempre que vejo esse negócio penso que quem escreveu o capítulo foi um inumano... é bem típico

2025-09-26

1

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Capítulos
1 Capítulo 1 — O pacto de sangue
2 Capítulo 2 — Território inimigo
3 Capítulo 3 — No centro do tabuleiro
4 Capítulo 4 — O corredor dividido
5 Capítulo 5 — Fogo cruzado
6 Capítulo 6 — Sombras no coração da casa
7 Capítulo 7 — Entre sombras e ferros
8 Capítulo 8— O traidor
9 Capítulo 9 — O peso do silêncio
10 Capítulo 10 — Entre a chama e a corrente
11 Capítulo 11 — Correntes de ouro
12 Capítulo 12— Máscaras e fendas
13 Capítulo 13 — Espetáculo de máscaras
14 Capítulo 14 — Fogo atrás das grades
15 Capítulo 15 — A cama dos inimigos
16 Capítulo 16 — O silêncio da manhã
17 Capítulo 17 — Chama nos lábios
18 Capítulo 18 — Negação em chamas
19 Capítulo 19 — O espelho do sangue
20 Capítulo 20 — Dor como desejo
21 Capítulo 21 — Entre correntes e ciúmes
22 Capítulo 22 — A festa de noivado
23 Capítulo 23— Ouro e silêncio
24 Capítulo 24 — O peso da véspera
25 Capítulo 25 — O dia do ouro manchado
26 Capítulo 26 — Correntes e aço
27 Capítulo 27 — O limite do aço
28 Capítulo 28 — O silêncio de Win
29 Capítulo 29 — Estrada de Fogo
30 Capítulo 30 — Entre Cicatrizes e Silêncios
31 Capítulo 31 — A manhã em que o mundo bateu à porta
32 Capítulo 32— A Noite dos Invasores
33 Capítulo 33 — Entre Ódio e Promessas
34 Capítulo 34 — Uma semana de carne viva
35 Capítulo 35 — O campo de batalha às seis
36 Capítulo 36— O dragão e a faca
37 Capítulo 37 — O jogo começa
38 Capítulo 38— O Dragão e a Faca
39 Capítulo 39 — O Dia Seguinte
40 Capítulo 40 — Correntes Invisíveis
41 Capítulo 41 — Depois do Estalo
42 capítulo 42: continuação
43 Capítulo 43 — A Isca
44 Capítulo 44 — Vozes no Escuro
45 Capítulo 45 — O Fantasma
46 Capítulo 46 — Fantasmas não morrem fácil
47 Capítulo 47 — Quando Fantasmas Provocam Dragões
48 Capítulo 48 — Choque de Titãs
49 Capítulo 49 — Entre o bar e a sombra
50 Capítulo 50 — Manhã de ressaca, manhã de suspeita
51 Capítulo 51 — Reencontros e Mentiras que Protegem
52 Capítulo 52 — Fantasma na Linha de Fogo
53 Capítulo 53 — Silêncios que Queimam
54 Capítulo 54 — Sangue, Ciúmes e Pomada
55 Capítulo 55 — Entre Fantasmas e Correntes
56 Capítulo 56 — Cabelos, Chaves e Feridas
57 Capítulo 57 — O Peso da Carga
58 Capítulo 58 — Sombras e Fogo
59 Capítulo 59 — Novos Jogadores
60 Capítulo 60 — Primeiros Golpes
61 Capítulo 61 — Planos e Confissões
62 Capítulo 62 — Sangue na Noite
63 Capítulo 63 — Promessas de Sangue
64 Capítulo 64 — Emboscada em Três Atos
65 Capítulo 65 — Vozes que se Calam
66 Capítulo 66 — A Promessa Cumprida
67 Capítulo 67 — Ecos do Dia Seguinte
68 Capítulo 68— Noite de Rendição
69 Capítulo 69 — Lua de Mel Trocada
70 Capítulo 70— Ciúmes e Verdades
71 Capítulo 72 — Fraturas no Porto
72 Capítulo 73 — Linhas de Lealdade
73 Capítulo 73 — Sangue e Escolhas
74 Capítulo 74 — Vozes e Silêncios
75 Capítulo 75— Entre Ruínas e Promessas
76 Capítulo 76 — Fim e Recomeço
77 Último capítulo— Um Mês Depois
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Atualizado até capítulo 77

1
Capítulo 1 — O pacto de sangue
2
Capítulo 2 — Território inimigo
3
Capítulo 3 — No centro do tabuleiro
4
Capítulo 4 — O corredor dividido
5
Capítulo 5 — Fogo cruzado
6
Capítulo 6 — Sombras no coração da casa
7
Capítulo 7 — Entre sombras e ferros
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Capítulo 8— O traidor
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Capítulo 9 — O peso do silêncio
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Capítulo 10 — Entre a chama e a corrente
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Capítulo 27 — O limite do aço
28
Capítulo 28 — O silêncio de Win
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31
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Capítulo 32— A Noite dos Invasores
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Capítulo 41 — Depois do Estalo
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