𝘓𝘤
LC acelerava o carro pelos becos da Penha, a moto do passado esquecida por alguns instantes. O ronco do motor ecoava pela favela enquanto ele passava em frente à clínica comunitária. Foi quando a viu uma morena,mochila nas costas, concentrada em algum caderno ou protocolo de enfermagem. Ele percebeu o movimento discreto dela, o jeito cauteloso de olhar ao redor.
Seus olhos encontraram os dela por um instante. Ela desviou o olhar rapidamente, um rubor leve surgindo, mas LC percebeu cada gesto. Um sorriso pequeno e discreto se formou nos cantos da boca dele.
Depois, ele dirigiu até a casa de dona Maria.O carro parou com precisão em frente ao portão, e LC desceu com a presença imponente que só ele sabia ter. Entrando na sala, começou a conversa firme
— dona Maria… sobre o restaurante. — ele começou, olhando fixo, a voz grave — sua filha pode ficar com o lugar. Mas tem condição ,todas as quentinhas pra vapores, de graça. Sua quentinha é a melhor do morro, e o seu Luiz amava o lugar. Cobrei um preço baixo pra não prejudicar a menina, mas ela precisa respeitar.
Maria assentiu, satisfeita com a decisão, enquanto Ana entrava, cabeça baixa, evitando contato visual. LC levantou uma sobrancelha, observando,havia algo estranho nela. Medo? Estranheza? Parecia tímida demais para alguém vivendo naquele morro. Aquilo só fez ele franzir os olhos.
— Ela tá estranha… — murmurou, mais para si do que para Maria — parece que tem medo de mim.
Mais tarde, LC se encontrou com WL no QG. Sentados, ele falou sobre a situação
— E essas filhas da dona Maria… o que tem de bom? — perguntou, cruzando os braços.
WL riu, meio debochado
— Mano, Bianca sou doido pra comer , LC. Ana… é a mais nova. Quase não sai de casa, parece super medrosa.
LC sorriu, um meio sorriso calculista.
— Eu nem lembrava dela, só de Bianca. Mas aquela menina… a Ana. Ela era aquela que zoavam na escola por ser feia. E olha agora… morena, gostosa… pra caralho.
— Pena que não dá moral pra ninguém do morro, sempre na dela. ela faz curso na clínica —disse Wl.
— Eu vi ela lá hoje. E parece que tem medo de mim.
WL arqueou a sobrancelha.
— Medo dela?
LC olhou de lado, sério, mordendo levemente o lábio:
— Acho bom. É assim que me respeitam. Só assim.
Ele recostou no banco, observando os becos e o morro, calculando cada movimento, cada olhar, cada medo. Ana era cautelosa, talvez mais do que qualquer outra, e isso só aumentava o respeito que ele exigia. No morro da Penha, confiança se comprava com medo, e respeito se mantinha com controle.
O barulho da porta batendo fez Ana levantar o olhar do caderno. Um dos vapores entrou correndo, ofegante:
— chefe, tem briga no meio da rua! duas mulheres brigando- disse um vapor entrando na Salinha
LC esticou o braço, acendendo um cigarro, a frieza tatuada no olhar.
—Que porra é essa agora? — gritou, a voz reverberando pelo QG. —deixei bem claro que não quero briga dentro da minha favela porra! quem tá fazendo merda?!
Quando ele saiu correndo para o beco, viu as duas mulheres se enrolando no chão. Uma delas era Luiza, e a outra, Bianca, filha de Maria.
— Amor...— Luísa disse, tentando se aproximar dele de forma provocativa. — Essa vadia da Bianca começou...
Bianca, toda ensanguentada e suada, retrucou
— Mentira! Eu não comecei nada! Só disse que você, LC , Não é o homem dela, e pronto!
Mas Luísa não deixou barato e partiu para cima de Bianca com raiva. Ana, que estava passando pelo beco, correu na hora, o coração disparado:
— Bianca! — gritou, tentando separá-las.
Ela se jogou sobre Bianca, tentando tirá-la da confusão, mas Luísa agarrou o Cabelo de Ana com força, impedindo que ela se movesse.
— Olha só...— disse Luísa, quase rindo com malícia — se não é a puta balofa da escola! você não tira ela daqui enquanto eu não terminar de quebra os dentes dessa puta.
Ana sentiu o choque. Esse era o apelido que a zoavam na escola quando ela era mais gordinha. Mas ela não abaixou a cabeça. Cara a cara com Luísa, puxou a mão dela do cabelo e disse:
— Repete o que você disse ,sua marmita de bandido.
Luísa arregalou os olhos, ofendida e quase pronta para reagir, mas foi interrompida pelo som seco de passos pesados. LC tinha chegado, raiva pura estampada na cara.
— Chega porra! — gritou ele, atirando para o alto. O estampido ecoou pela rua, fazendo todo mundo recuar. — Que porra tá acontecendo na minha favela ?
Antes que Luísa pudesse atacar Ana, LC deu um tapa seco na cara dela. Em seguida, apontou a Glock e disparou na cabelo de Luiza , que caiu no chão, sem vida, com o sangue se espalhando pelo asfalto.
— Isso aqui é pra ficar de exemplo pra vocês, porra! — berrou LC, a voz cortando a noite. — Ninguém briga na minha favela, tá ouvindo, porra?!
Ele olhou para Bianca, respirando fundo e firme
— Vaza daqui, Bianca.Se eu te ver brigando de novo, você será a próxima.
Ana ficou tremendo, chocada, o sangue respingando nela enquanto via o corpo de Luísa ali, no chão, o cérebro explodido. O cheiro metálico e o calor da adrenalina misturados com o silêncio aterrorizante do morro.
Ela segurou Bianca com força, lágrimas nos olhos, sem acreditar no que acabara de acontecer. A sensação de medo, respeito e horror gravou na mente dela.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 73
Comments
Leitora compulsiva
é gata tas no radar dele rsrsrs
2025-08-30
0