Capítulo 6
~primeira amiga on~
Às vezes, demora pra enxergar certas coisas.
A gente confia, acredita, dá segundas chances…
Mas chega uma hora que o coração cansa de insistir por quem nunca mudou de verdade.
Eu sempre tentei entender a segunda amiga.
Sempre acreditei que ela era só alguém difícil de lidar, que precisava de tempo.
Mas hoje eu vejo: ela nunca quis melhorar.
Houve uma época em que a gente brigou feio.
Ela falava com o grupo como se fosse superior, sempre com um tom ríspido, sempre elevando a voz como se isso fosse normal.
Mas não era. Nunca foi.
A gente tentou conversar, mostrar que aquilo machucava, que ela precisava parar de tratar as pessoas como se fossem menos.
Ela pediu desculpas…
Chorou até.
E a gente acreditou.
Achamos que dessa vez ela ia mudar.
Mas as palavras dela sempre foram vazias.
Não demorou muito pra tudo voltar a ser como era.
Gritos. Respostas secas. Olhares impacientes.
Ela só falava com carinho quando queria algo — quando precisava de atenção, ajuda com alguma matéria ou quando se sentia deixada de lado.
Mas o que mais me doía era ver como ela tratava a nossa amiga…
Aquela que mais sofreu na sala.
A que nunca teve coragem de reagir às humilhações.
A que só queria um pouco de paz.
A segunda amiga raramente estava lá por ela.
E quando tentava, parecia que fazia por obrigação.
Se o garoto popular zombava da nossa amiga, ela defendia ele.
Dizia que era só brincadeira.
Ria junto.
E ele a elogiava. Dizia que ela era diferente.
E ela acreditava.
Fazia tudo pra continuar sendo notada por ele.
Foi aí que tudo ficou claro pra mim.
Ela não estava com a gente por afeto.
Estava com a gente pra não ficar sozinha.
Porque os populares nunca a aceitavam de verdade.
Sempre a usavam, zombavam por trás, mas ela fingia não perceber.
E quando se sentia rejeitada por eles, voltava pro nosso lado como se nada tivesse acontecido.
Ela nunca se importou com os nossos sentimentos.
Nunca se importou com a nossa dor.
Só com a imagem que queria manter.
E agora… agora que a verdade está diante dos meus olhos, só me resta aceitar:
ela nunca foi uma amiga de verdade.
E talvez nunca vá ser.
~primeira amiga of~
~Garota on~
Eu fiquei quieta por tanto tempo.
Deixei que zombassem de mim, que me diminuíssem, que rissem da minha cara como se eu fosse só isso: a piada da sala.
Fiquei quieta quando o garoto popular me expôs, me ridicularizou, me humilhou só porque eu não sou como eles.
Fiquei quieta quando a sala toda riu.
Fiquei quieta porque, se falasse, eu iria chorar.
E eu cansei de chorar.
Mas agora... agora eu percebo que o silêncio também machuca.
Porque mesmo em silêncio, eu vejo.
Eu escuto.
Eu sinto.
E o que mais dói não são os risos da sala, nem as piadas do garoto.
O que mais dói é ver quem deveria estar do meu lado me tratando com o mesmo desprezo.
A segunda amiga.
Ela sempre foi grossa.
Comigo, com a primeira amiga, com todo mundo que não servia aos interesses dela.
Dizia que era o jeito dela.
Que falar alto era normal.
Mas pra mim, não era.
Nunca foi.
Machucava.
Era como um grito que feria meu peito mesmo sem bater.
E o pior... ela só era doce com quem poderia lhe dar algo em troca.
Comigo, era impaciência.
Com a primeira amiga, era gritaria.
Mas com o garoto popular… ah, com ele, era doçura.
Ela defendia ele.
Dizia que ele só estava brincando.
Mesmo quando ele me fez querer sumir.
Teve uma vez que a primeira amiga se irritou e respondeu ela do mesmo jeito: grossa, firme.
A segunda amiga desmoronou.
"Por que ela é tão grossa comigo?"
"Ela me odeia?"
"E por que você ainda é minha amiga?"
Essas palavras ainda ecoam na minha cabeça.
E por dentro, tudo que eu queria dizer era:
"Ela só está te tratando como você sempre tratou a gente."
Mas eu fiquei quieta.
De novo.
Como sempre.
Só que agora... agora tá diferente.
O cansaço chegou antes das lágrimas.
O vazio veio antes da tristeza.
E eu estou começando a pensar que talvez seja melhor me afastar.
Talvez eu precise de paz.
Talvez eu precise de um silêncio que não doa.
Porque ficar perto de quem não te valoriza só pra não ficar sozinha…
é a pior forma de solidão.
~Garota of~
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Atualizado até capítulo 32
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