Finjo que Não Me Importo,Mas Dói.

Capítulo 2

~Garota on~

Ele sempre tem algo a dizer. Sempre tem uma piada pronta, um comentário sarcástico, um olhar debochado. E sempre é sobre mim. Eu não sei exatamente quando virei alvo dele. Talvez tenha sido no dia em que entrei na sala com uma roupa que ele achou estranha. Ou talvez tenha sido só porque eu não rio das piadas dele, não o idolatro como o resto da sala faz.

Ele me chama de "esquisita". De "sem graça". De "parada". Ele imita meu jeito de andar, de falar, até quando eu fico quieta. Como se o meu silêncio incomodasse.

Como se só o fato de eu existir já fosse provocação suficiente para ele me atingir.

E o pior de tudo é a plateia. A sala ri. Sempre ri. Como se fosse um show. Como se humilhar alquém fosse entretenimento. E eu estou ali no palco, sem ter pedido por isso. Sem conseguir sair.

Eu nunca respondi. Nunca olhei nos olhos dele com raiva. Nunca rebati uma piada. Porque eu sempre achei que, se eu não alimentasse aquilo, ele cansaria. Mas ele nunca cansa. E agora eu não sei mais se ficar quieta me protege ou me destrói aos poucos.

Às vezes, eu penso em gritar. Em levantar da cadeira, olhar no fundo dos olhos dele e dizer: "Você não é engraçado. Você é cruel." Mas as palavras morrem na minha garganta. Não é medo só dele. É medo da reação dos outros. Medo de virar mais ainda o centro da atenção. Medo de perder o pouco que ainda tenho.

Minhas amigas... às vezes tentam me defender. Às vezes se levantam por mim. Mas eu vejo o cansaço nos olhos delas também. Elas têm medo de se tornarem o próximo alvo. Medo de falar demais. Medo de que a crueldade dele pule de mim para elas. E eu entendo.

Mas, mesmo entendendo... dói.

~Garota off~

~Garoto on~

Sinceramente, eu nunca entendi aquela garota. Ela é tão estranha. Sempre na dela, sempre calada, com aquele olhar vazio, como se estivesse em outro planeta. Parece até que se esforça pra ser diferente, pra chamar atenção de um jeito bizarro.

É irritante

Eu passo por ela e ela nem se mexe, nem pisca. Nem olha. É como se eu nem existisse. Quem ela pensa que é? Todo mundo da sala me respeita, dá risada das minhas piadas, quer sentar perto de mim.

Menos ela.

Ela só... existe daquele jeito esquisito dela. Parada. Fria. Sem graça.

E sei lá, isso me tira do sério. Talvez seja por isso que eu implico tanto. Porque ela age como se estivesse acima de tudo. Como se nada a afetasse. Como se ela não ligasse para a minha presença - e, sinceramente, todo mundo liga. Sempre ligam.

Quando eu faço uma piada sobre ela, a sala toda ri. É automático. É divertido. E no fundo, é meio fácil também. Ela nunca responde. Nunca briga. Nunca faz nada. Fica lá, com aquela cara de quem está se segurando pra não desabar. Mas não desaba.

As vezes eu penso que ela merece. Que se ela fosse mais normal, mais como todo mundo, ninguém mexeria com ela. Ela se isola, depois se faz de vítima. Parece que gosta de ser diferente, só pra depois querer piedade.

Mas...

Sei lá.

Às vezes, quando a sala ri dela e eu vejo o jeito que ela abaixa a cabeça... tem alguma coisa estranha que bate aqui dentro. Algo meio desconfortável. Só que eu ignoro. Faço outra piada, dou outra risada alta, e finjo que tá tudo certo.

Porque, no final das contas, é mais fácil rir dela... do que tentar entender por que ela me incomoda tanto.

Às vezes eu acho que o que mais me irrita nela não é nem o jeito esquisito. É o que ela fez no ano passado.

Todo mundo finge que esqueceu... mas eu lembro.

Ela se meteu onde não foi chamada. No meu relacionamento.

Minha ex era toda tímida, meio

envergonhada até pra dizer o que queria. Eu brincava, dava uns empurrões de leve, zoava, pegava na cintura dela, apertava o braço dela às vezes. Nunca achei que estava passando dos limites. Nunca achei que fosse algo sério.

Mas aí veio ela. A certinha.

A salvadora da pátria.

E não bastou só ficar cochichando pelos cantos. Ela mandou um áudio.

Três minutos.

Três minutos inteiros no grupo da sala.

Todo mundo ouviu.

"Você acha certo tocar no corpo dela sem ela querer? Você acha bonito? Sério? Ela ficou desconfortável, ela ficou com medo! E você achando graça disso? Você se acha demais, né? Acha que todo mundo tem que rir das suas piadinhas idiotas? Você não é o rei do mundo. Você é só mais um medíocre que acha que ser popular é ter o direito de humilhar os outros."

Foi isso.

Palavra por palavra.

Gravado pra todo mundo ouvir.

Pra todo mundo julgar.

Ela me humilhou.

Ela destruiu minha imagem.

Fez a minha ex terminar comigo. Fez o pessoal me olhar diferente por semanas.

Como se eu fosse um monstro.

E é por isso que eu não suporto ela.

Não é só porque é estranha.

É porque ela me atacou.

Me fez perder respeito.

Me fez perder o controle.

E toda vez que eu vejo aquela cara dela fingindo que é inocente, fingindo que não aconteceu nada... é como se o ódio voltasse. Cada vez mais forte.

Por isso eu não deixo passar.

Por isso eu sempre cutuco.

Ela precisa lembrar que eu não esqueci.

~Garoto off~

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