O celular de Cecil parecia uma bomba prestes a explodir em suas mãos. A tela brilhava, e a imagem de Marco em sua foto de perfil era a única coisa que a ancorava. Ela ajeitou a franja, respirou fundo e aceitou a chamada. A conexão foi quase instantânea. E então, o som e a imagem de sua fantasia se tornaram uma realidade.
Marco era ainda mais atraente ao vivo. A pele lisa, os olhos escuros, a maneira como a sombra da barba recém-feita se projetava sobre sua mandíbeto. A barba recém-feita se projetava sobre sua mandíbula. Sua expressão facial, que nas fotos era misteriosa e distante, agora se suavizava com um sorriso caloroso. Ele estava vestido com uma camiseta simples, e o fundo atrás dele parecia ser o interior de uma casa moderna, com uma grande janela que dava para uma paisagem urbana.
"Olá, Cecil. É um prazer finalmente te ver", disse ele, e a voz dele, que ela já havia ouvido em um áudio, agora parecia ter uma nova profundidade, uma intensidade que a fez suspirar.
"Olá, Marco. O prazer é meu", ela respondeu, sentindo o rosto corar. O nervosismo se dissipou, substituído por uma euforia inebriante. Eles conversaram por quase vinte minutos, sobre a prova que ela havia feito, sobre um filme que ele recomendou e sobre as pequenas coisas da vida. Ele era tão eloquente e atencioso quanto em suas mensagens. A conversa era leve, engraçada, e por um momento, Cecil esqueceu completamente suas preocupações. A razão lhe dizia que não era normal se sentir tão à vontade com um estranho, mas seus sentimentos gritavam o contrário.
A calma da conversa foi quebrada de repente. Marco se virou para olhar para a porta, sua expressão mudando em um piscar de olhos, de calorosa para fria e séria. A câmera se moveu ligeiramente, e foi naquele segundo, enquanto ele ajustava o ângulo, que Cecil viu.
Não era apenas um detalhe, era um vulto. Um homem alto, de terno, com um olhar duro e sem emoção. Ele parecia estar parado na entrada de um corredor, imóvel como uma estátua de mármore. O que chamou a atenção de Cecil, no entanto, foi o que estava em sua cintura: a ponta de um coldre de couro, escondido sob o paletó, e o brilho metálico de algo que parecia ser uma arma. A imagem durou menos de um segundo. Marco moveu a câmera rapidamente, cortando o quadro antes que ela pudesse ter certeza do que viu.
"Desculpe a interrupção", disse ele, voltando a sorrir, mas o sorriso não alcançava seus olhos. "Meu motorista... Ele é um pouco impaciente."
A desculpa soou fraca. Motorista? Por que um motorista estaria dentro da casa, com um paletó e uma arma na cintura, com uma expressão tão gélida? As perguntas martelaram a mente de Cecil. A euforia que ela sentia antes se transformou em uma pontada de ansiedade. Ela forçou um sorriso, tentando não demonstrar o choque.
"Sem problemas", ela murmurou, mas sua voz era um pouco mais alta do que o normal.
A conversa continuou, mas o tom havia mudado. A leveza se foi. Marco parecia um pouco mais tenso, e Cecil estava distraída, tentando se lembrar dos detalhes do que viu. O homem, o terno, a arma... Era real ou apenas uma ilusão da sua mente, cansada e impressionada? O olhar vazio daquele homem a assombrava.
Poucos minutos depois, Marco encerrou a chamada. "Preciso resolver um assunto importante agora, mas falo com você mais tarde. Foi ótimo te ver, Cecil."
"Igualment..." a voz dela falhou. A tela ficou escura.
O celular escorregou de suas mãos, caindo suavemente no tapete. Ela ficou ali, sentada, com o coração ainda acelerado e a mente em um turbilhão. A memória do vulto na janela era nítida e perturbadora. Ela fechou os olhos, tentando se convencer de que havia sido um engano, que o homem era apenas um segurança, talvez... mas a verdade é que algo em seu instinto a alertava sobre o perigo. O homem que a havia encantado nos últimos dias era agora um enigma ainda maior. E, pela primeira vez, Cecil sentiu que a trama em que estava se envolvendo era muito mais perigosa do que ela havia imaginado.
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Atualizado até capítulo 62
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