Elisa permaneceu ali, parada à porta da enfermaria, sentindo cada segundo se arrastar. Noah a observava com olhos atentos, e, por um instante, ela percebeu que o menino não apenas a via — ele estava avaliando, testando, tentando compreender aquela estranha presença que prometia ser algo mais que desconhecida.
Com um leve gesto, Elisa colocou a fotografia sobre a cama, perto do ursinho que Noah segurava. Queria que ele a visse, que reconhecesse algo familiar, mesmo sem entender totalmente.
— Eu… eu sou sua madrasta, Noah — disse, escolhendo cada palavra com cuidado. — Gabriel sempre me falou de você… e eu… eu quero muito te conhecer.
O menino inclinou a cabeça, os olhos verdes brilhando com curiosidade e, talvez, um pouco de desconfiança. Ele não respondeu, mas não desviou o olhar. Elisa respirou fundo, sentindo a mão gelada do medo se afastar, mesmo que lentamente.
— Está com frio? Quer que eu sente aqui do seu lado? — perguntou, apontando para a cadeira ao lado da cama. Noah permaneceu em silêncio, mas não recuou quando ela se aproximou. Sentou-se devagar, respeitando o espaço dele, enquanto o menino apertava o ursinho com mais força.
Elisa estendeu a mão, oferecendo um contato tímido, mas cheio de intenção. Noah hesitou por alguns segundos antes de colocar sua mão pequena sobre a dela. Um calor suave percorreu o braço de Elisa, como se um fio invisível tivesse sido estendido entre eles, conectando dor, esperança e cuidado.
Nesse instante, Daniel entrou na sala, acompanhado da enfermeira. O olhar dele encontrou Elisa, e algo dentro dele se alterou — um misto de surpresa, reconhecimento e leve apreensão. Ele sabia que aquele momento não era apenas mais um atendimento. Havia história ali, havia emoção, havia algo maior do que qualquer protocolo médico.
— Boa manhã — disse Daniel, mantendo a voz calma, tentando não assustar Noah. — Eu sou o Dr. Daniel Rios. Você está se sentindo bem hoje?
Noah olhou para ele por um instante, e depois desviou o olhar para Elisa. Ela sorriu levemente para encorajar o menino, como se dissesse: “Está tudo bem, você não precisa decidir agora.”
A enfermeira, percebendo o silêncio e a tensão delicada, deu espaço para que Elisa e Noah se conectassem sem pressa. Daniel observava, impressionado com a paciência e o cuidado que aquela mulher desconhecida demonstrava, e não pôde deixar de se perguntar: quem era ela, e por que parecia já pertencer àquele lugar, àquela criança?
— Podemos conversar um pouquinho? — perguntou Elisa, a voz firme agora, ainda que suave. — Só se você quiser, Noah.
O menino apertou o ursinho com força e finalmente esboçou um pequeno sorriso, tímido, mas genuíno. Elisa sentiu o coração bater mais rápido. Era um gesto simples, mas era o primeiro elo de confiança, a primeira porta se abrindo no coração de Noah.
Daniel respirou fundo, observando aquela cena, percebendo que, às vezes, o que uma criança mais precisa não são apenas medicamentos ou diagnósticos, mas presença, paciência e coragem. E Elisa, naquele momento, carregava tudo isso em suas mãos trêmulas, mas determinadas.
Enquanto o sol da manhã entrava pelas janelas, iluminando o quarto com uma luz suave, Elisa percebeu que havia dado o primeiro passo. O passo que transformaria não apenas a vida de Noah, mas também a sua própria, guiando-a de volta à esperança, à possibilidade de amor e à reconstrução de uma família que, embora ferida, ainda podia se curar.
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Atualizado até capítulo 40
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