POV: Mark
Três da manhã. Qualquer pessoa normal estaria na cama, talvez arrependida das decisões tomadas durante a noite. Mas nós? Estamos no meio da areia, com caixas de som berrando e uma fogueira improvisada feita pelo Win (que claramente não sabe acender fogo, mas merece pontos pela tentativa).
— Não acredito que vocês trouxeram Lia nisso — digo, enquanto Ren tenta equilibrar ela no ombro como se fosse uma criança hiperativa.
— Ela não quis dormir. — Ele dá de ombros. — E eu também não podia deixar ela sozinha.
— Então trouxe pro paraíso do caos? Inteligente, príncipe. — Dou um sorriso torto.
Ren não responde, porque tá ocupado rindo da Lia cantar algo no microfone imaginário. Ela é a energia pura da noite, mesmo depois de litros de álcool. E eu… eu tento não pensar demais no quanto esse cara é perfeito até carregando a namorada bêbada sem reclamar.
A galera se espalha: Jo pega o violão (vai tocar mal, mas ninguém liga), Nan já tá abrindo outra garrafa, e eu puxo Ren pra perto da fogueira.
— Vai querer o quê? — pergunto, chacoalhando duas garrafas na mão.
— Água.
— Água é pra covardes. — Entrego uma cerveja. Ele me encara. — Relaxe, é sem álcool. Não vou te derrubar hoje.
Ele pega, resmunga qualquer coisa e senta. Eu sento do lado, porque, bom… sempre sento do lado.
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Lia aparece de repente, jogando o corpo na areia como uma sereia fora d’água.
— Bora jogar alguma coisa! — ela grita.
— Não tô em clima de karaokê — Ren comenta, mas já sei que vai perder essa batalha.
— Nada de karaokê! — Lia sorri, diabólica. — Jogo da Verdade, versão praia!
— Isso existe? — Ren pergunta.
— Vai existir agora! — Ela ergue o celular, ligando a lanterna pra iluminar o círculo. — Cada um pergunta, ninguém pode mentir. Quem mentir… — ela olha pro mar com um sorriso suspeito — …vai dar um mergulho de roupa.
A galera vibra, claro. Porque todo mundo ama ver gente pagando mico. Eu amo ver Ren tentando fugir disso.
— Começa você, Mark! — Lia aponta.
Sorrio. Isso vai ser divertido.
— Ok… Ren, pergunta básica: qual foi a primeira impressão que teve de mim?
Ele revira os olhos.
— Que você falava demais.
— Injusto. Eu falo o necessário para manter a vida interessante.
Ele ri. Um som rápido, mas que bate no meu peito como foguete.
A rodada continua, risadas, respostas idiotas. Até que Lia vira pra mim, olhos brilhando:
— Minha vez! Mark, você já se apaixonou por alguém do grupo?
A pergunta cai como uma bomba. A roda inteira grita, todo mundo esperando meu show.
— Talvez. — Dou um sorriso lento. — Mas segredo é segredo, Lia.
— Mentira! — ela grita. — Mergulho!
— Eu nunca minto. Só não conto tudo. — Jogo um beijo no ar e me levanto. — Mas adoro um banho.
Vou até a água, rindo com as vaias atrás. Quando mergulho, a água gelada me acorda, mas não lava nada do que sinto. Nem nunca vai.
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De volta à fogueira, Lia já tá deitada na areia, mandando emojis aleatórios pra alguém no celular. Ren olha por cima, curioso, mas ela vira rápido, rindo sozinha. Estranho.
Quando a roda esfria, a galera começa a fazer apostas bobas: quem consegue correr até a água e voltar sem cair, quem faz mais flexões bêbado… essas coisas idiotas que adoro. Em uma delas, Lia grita:
— Ren contra Mark! Quem perder carrega o outro até o carro!
— Eu não entrei nisso — Ren protesta.
— Entrou sim! — Eu sorrio. — Bora, príncipe. Não vai me decepcionar.
Ele resmunga, mas levanta. Corrida até a beira da água. Fácil. Ou seria… se eu não tivesse deixado ele ganhar. Porque ver Ren rindo, comemorando vitória, vale mais que qualquer aposta.
— Anda, gigante — ele provoca. — Pro carro!
Eu suspiro teatralmente e me abaixei.
— Sobe então. Mas só porque sou um cavalheiro.
Ele hesita, mas acaba subindo nas minhas costas. E é oficial: vou morrer hoje. Não por causa do peso. Mas porque nada nunca me deixou tão vivo e tão quebrado ao mesmo tempo.
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POV: Ren
Mark é maluco. Essa é a única explicação. Quem deixa alguém subir nas costas às quatro da manhã depois de uma noite dessas? Mas ele faz isso como se fosse natural. Como se carregar um amigo fosse só mais uma piada pra contar.
— Confortável aí, majestade? — ele pergunta, andando pela areia.
— Anda logo, antes que eu caia e quebre a coluna.
Ele ri, aquele riso alto que sempre chama atenção. E eu tento ignorar a estranha sensação de que… sei lá. É bom. Bom demais.
Sacudo a cabeça, porque isso não faz sentido. Tenho a Lia. E ela tá logo atrás, rindo, filmando tudo.
— Isso vai pro meu story! — ela grita.
— Deleta essa porcaria! — digo, mas já é tarde demais.
Quando chegamos no carro, Lia senta no banco de trás, ainda rindo, e pega o celular de novo. Tá digitando rápido, com um sorriso que não vi antes. Um sorriso… diferente.
— Quem é? — pergunto, curioso.
— Segredo — ela responde, sem me olhar. Depois bloqueia a tela e apoia a cabeça no vidro.
Estranho. Muito estranho.
No caminho, Mark liga a música e começa a cantar alto, desafinado de propósito. Eu rio, porque não dá pra não rir. E, por um instante, esqueço de tudo: da Lia estranha, da madrugada fria, de qualquer coisa além daquele idiota gritando meu nome no refrão errado.
Mas algo me diz que as coisas não vão continuar assim por muito tempo.
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Chegamos no prédio da Lia. Ela sobe cambaleando, e eu vou atrás pra ajudar. No meio da escada, ouço ela sussurrar, rindo baixinho:
— Amanhã… vou te ver, tá?
Olho em volta. Ela tá sozinha. E a voz dela… suave demais.
— Lia? — chamo.
— Nada, amor — ela responde rápido, com um sorriso estranho. — Só falando sozinha.
Mas quando chegamos na porta, o celular vibra. E eu vejo na tela, por um segundo:
> “Não vejo a hora de amanhã, Ploy 💕”
Ploy? Quem é Ploy?
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Atualizado até capítulo 60
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