Naquela noite, Clara voltou para casa com o coração em turbilhão. A imagem de Rafael sorrindo para ela, e principalmente a sensação da mão de Daniel segurando a sua no jardim, a acompanhavam como uma chama acesa.
Ela se jogou no sofá, tocando os próprios lábios.
— O que você está fazendo comigo, Daniel Costa? — murmurou para si mesma.
Enquanto isso, na mansão, Daniel fechava alguns relatórios no escritório. Mas sua mente não estava nos números. Estava em Clara. O jeito como ela conquistara Rafael em tão pouco tempo o surpreendia. E mais ainda: o jeito como ela conseguia atravessar sua armadura de CEO frio e intocável.
No andar de cima, Verônica o observava discretamente. A assistente carregava pilhas de papéis, mas seus olhos se estreitavam com desconfiança.
— Uma professora de literatura? — sussurrou. — Isso não vai durar. Daniel precisa de alguém à altura, não de uma sonhadora.
Ela sabia que havia muito em jogo. Daniel não podia se distrair. A empresa enfrentava uma negociação internacional arriscada e qualquer sinal de fraqueza seria fatal. E Verônica estava disposta a fazer de tudo para “protegê-lo” — mesmo que isso significasse destruir Clara.
No dia seguinte, um domingo ensolarado, Daniel enviou outra mensagem a Clara:
“Preciso vê-la. Só nós dois. Jantar comigo hoje?”
Ela demorou alguns minutos para responder. Estava dividida. O coração dizia “sim”, mas sua mente lembrava dos riscos, da diferença de mundos, dos boatos que já poderiam surgir se alguém os visse juntos. Ainda assim, seus dedos digitavam antes que pudesse pensar demais:
“Sim.”
À noite, um carro elegante a levou até a cobertura de Daniel, no centro da cidade. Diferente da mansão, aquele espaço era moderno, intimista e rodeado por janelas de vidro que mostravam a cidade iluminada.
Quando a porta se abriu, Clara encontrou Daniel sem o habitual ar corporativo. Ele usava uma camisa preta levemente aberta no colarinho, sem gravata, e exalava um perfume sofisticado que a envolveu no instante em que ele se aproximou.
— Clara… — disse em tom grave, segurando sua mão. — Eu esperei o dia todo por isso.
Ela sorriu, sentindo o rubor subir às bochechas.
— Está me deixando mal-acostumada, Daniel.
— Esse é exatamente o meu objetivo. — respondeu ele, conduzindo-a para a sala.
A mesa estava posta de forma impecável, mas havia apenas duas taças de vinho e pratos leves. Estava claro que ele não queria apenas impressionar: queria intimidade.
Durante o jantar, falaram de literatura, de infância, de sonhos esquecidos. Daniel se surpreendia com cada resposta de Clara, como se finalmente alguém o enxergasse além da imagem do CEO implacável.
Quando ela comentou sobre como sempre se sentiu mais confortável entre livros do que em festas, ele a interrompeu:
— Talvez seja por isso que me sinto tão atraído por você. Você é real, Clara. Não usa máscaras.
Ela desviou o olhar, tímida, mas ele tocou seu queixo com delicadeza, fazendo-a encará-lo. O ar pareceu rarefeito entre eles.
— Daniel… — sussurrou ela.
— Diga que sente o mesmo. — pediu ele, a voz carregada de desejo contido.
Clara respirou fundo, o coração disparado.
— Eu sinto. Mas tenho medo.
— De mim? — ele perguntou, os olhos fixos nos dela.
— Do que tudo isso pode significar.
Daniel se aproximou ainda mais, os lábios quase roçando nos dela.
— Então permita que eu te mostre.
O beijo aconteceu lento, carregado de uma intensidade que parecia prender o tempo. As mãos de Daniel pousaram em sua cintura, firmes, enquanto Clara se rendia, sentindo sua pele arrepiar inteira.
Quando o beijo se aprofundou, ela se afastou por um instante, ofegante.
— Daniel, eu… não sei se estou pronta para atravessar essa linha.
Ele encostou a testa na dela, respeitando o espaço, mas sua voz veio baixa, quase um sussurro:
— Não precisa decidir agora. Só quero que saiba que, com você, eu não quero pressa. Mas quando esse momento chegar… prometo que será inesquecível.
Clara fechou os olhos, tomada por uma mistura de medo e desejo. Ela sabia que estava entrando em um território sem volta.
Na calçada, do outro lado da rua, um carro preto estava estacionado. Dentro dele, Verônica observava a cena pela janela da cobertura. Ela viu o beijo, viu a aproximação. E um ódio silencioso começou a arder em seus olhos.
— Então é guerra. — Murmurou. — E eu nunca perco
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Atualizado até capítulo 78
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