Clara passou o dia seguinte inquieta. Entre uma aula e outra, seus pensamentos sempre voltavam ao convite de Daniel. As colegas de trabalho notaram seu ar distraído, mas ela preferiu não comentar nada. Como explicar que um dos homens mais poderosos da cidade havia lhe enviado uma mensagem e a convidado para jantar?
Ao chegar em casa, abriu o guarda-roupa e suspirou. Entre vestidos simples e roupas do dia a dia, nada parecia adequado para um jantar com um CEO. Depois de longos minutos, escolheu um vestido azul-marinho discreto, que realçava seus olhos, e prendeu os cabelos num coque delicado.
No horário marcado, um carro preto estacionou em frente ao prédio. O motorista desceu e abriu a porta para ela.
— Senhorita Clara? O senhor Costa a aguarda.
Seu coração acelerou. Ao entrar no carro, sentiu um frio na barriga. A cidade passava pelas janelas como um cenário distante, até que finalmente chegaram a um restaurante sofisticado, com fachada iluminada e guardas na entrada.
Daniel a esperava na porta. Estava impecável em um terno sob medida, mas o olhar era menos frio do que o da manhã anterior.
— Você está linda. — disse, com um sorriso raro.
Clara corou levemente.
— Obrigada. Você também parece… bem formal.
Ele riu.
— O terno é parte do uniforme. Mas esta noite não quero ser apenas o CEO. Quero ser apenas Daniel.
Entraram no restaurante. O ambiente tinha música suave ao piano, mesas bem postas e garçons discretos. Sentaram-se em um canto reservado, onde a iluminação suave destacava o brilho dos olhos dela.
— Confesso que não esperava vê-la aqui. — disse Clara, tentando quebrar o gelo. — Achei que meu “não” viria mais fácil que o “sim”.
— Eu não sou de desistir fácil. — respondeu ele, com firmeza. — E, além disso, há algo em você, Clara… que não consigo ignorar.
Ela desviou o olhar, mexendo nervosa na taça de vinho.
— Eu sou apenas uma professora. Minha vida é simples demais comparada à sua.
Daniel se inclinou para frente, olhando-a nos olhos:
— Você não é “apenas” nada. Quando quase a machuquei, senti algo que não sentia há muito tempo: medo de perder alguém que eu nem conhecia.
Clara respirou fundo. A sinceridade dele a desarmava.
O jantar seguiu entre conversas sobre livros, memórias de infância e até risadas inesperadas. Clara falou com paixão sobre literatura e os sonhos que tinha para os alunos; Daniel contou como se sentia sufocado no mundo dos negócios, cercado de falsidade.
Em um momento de silêncio confortável, ele perguntou:
— Posso ser honesto?
— Claro. — respondeu ela, curiosa.
— Eu tenho um filho. Rafael, oito anos. É a razão da minha vida.
Clara sorriu com doçura.
— Isso é lindo. Ele deve ter muito orgulho de você.
Daniel suspirou.
— Eu tento ser o melhor pai possível… mas às vezes sinto que o mundo dos negócios me rouba tempo demais.
Ela tocou suavemente a mão dele sobre a mesa, num gesto espontâneo:
— O mais importante é estar presente de verdade quando está com ele.
Daniel olhou para ela como se aquela fosse a resposta que sempre quis ouvir.
Na saída do restaurante, o ar fresco da noite os envolveu. Daniel a acompanhou até o carro. Antes que ela entrasse, segurou a mão dela por mais um instante.
— Clara… isso é apenas o começo.
Ela sentiu o coração disparar.
— Veremos, Daniel. Veremos…
Enquanto o carro partia, Clara se perguntou no que estava se envolvendo. Havia algo nele que a atraía intensamente, mas também uma sombra por trás daquele olhar firme.
E, em algum lugar do alto de um prédio distante, alguém observava os dois entrarem no carro, anotando cada detalhe em um caderno preto.
O encontro que parecia o início de um romance… poderia também ser o início de uma intriga.
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Atualizado até capítulo 78
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