O sábado amanheceu calmo, mas Clara não conseguia relaxar. Desde o jantar com Daniel, sua mente girava em torno das palavras dele, da intensidade em seu olhar e, principalmente, da revelação sobre o filho. Ela se perguntava se realmente deveria continuar essa aproximação.
No meio da manhã, seu celular vibrou. Era uma mensagem curta de Daniel:
“Clara, Rafael adoraria conhecer você. Almoce conosco hoje?”
O coração dela bateu mais forte. Conhecer o filho dele era um passo grande demais, mas ao mesmo tempo… algo dentro dela a impulsionava a dizer sim.
— Está bem, Daniel. — respondeu, após alguns segundos de hesitação. — Onde nos encontramos?
Poucas horas depois, um carro elegante a buscava novamente. Dessa vez, o destino não era um restaurante sofisticado, mas a mansão dos Costa.
A casa era imponente, com jardins impecavelmente cuidados e uma fachada de vidro que refletia o sol da tarde. Clara engoliu em seco quando o portão se abriu e o carro estacionou diante da entrada.
Daniel a aguardava na porta. Estava sem terno, usando apenas uma camisa branca dobrada nos cotovelos e calça casual. O ar sério parecia mais leve.
— Seja bem-vinda, Clara. — disse ele, sorrindo. — Espero que não se assuste com a “fortaleza”.
— É… impressionante. — respondeu, olhando ao redor. — Mas o que importa não são as paredes, e sim quem vive dentro delas.
Ele pareceu surpreso com a resposta, como se não estivesse acostumado com alguém que olhasse além da aparência.
De repente, um garoto de cabelos castanhos desgrenhados surgiu correndo pelo hall, com um carrinho de brinquedo na mão.
— Papai!
Daniel se abaixou e abriu os braços.
— Rafael! Venha cá, campeão. Quero que conheça uma amiga muito especial.
O menino parou diante de Clara, a observando com desconfiança. Seus olhos, iguais aos do pai, eram curiosos e inteligentes.
— Quem é ela? — perguntou direto.
Daniel riu com naturalidade.
— Essa é a Clara. Ela ensina literatura, uma das coisas que mais gosto.
Clara se agachou para ficar na altura do menino.
— Oi, Rafael. É um prazer te conhecer. Seu pai fala muito bem de você.
Ele arqueou as sobrancelhas.
— Fala mesmo? Ele quase nunca fala de nada fora do trabalho.
Daniel tossiu, sem graça. Clara riu suavemente.
— Pois ele falou, sim. Disse que você é a razão da vida dele.
Rafael ficou em silêncio por um momento, e então deu um meio sorriso tímido.
— Hm… acho que gosto de você.
Clara sentiu o coração se aquecer.
O almoço foi servido no jardim, com uma mesa elegante, mas em clima familiar. Entre pratos sofisticados preparados pelo chef da casa, Rafael puxava assunto sobre seus brinquedos, seus jogos favoritos e até sobre a escola.
— Você dá aula para crianças? — perguntou ele, mastigando distraído.
— Para adolescentes, na verdade. Mas às vezes sinto que tenho que ser meio mágica para prender a atenção deles. — respondeu Clara, divertida.
— Se você fosse minha professora, eu ia prestar atenção. — disse o menino, arrancando risadas do pai e um rubor das bochechas dela.
Enquanto observava aquela cena, Daniel sentiu uma sensação estranha. Era como se Clara preenchesse um espaço que ele nem sabia estar vazio. O riso de Rafael parecia mais livre na presença dela.
Depois do almoço, caminharam pelo jardim. Rafael correu adiante, e Clara ficou ao lado de Daniel.
— Ele é incrível. — disse ela, com ternura.
— É tudo que tenho de verdade. — respondeu ele, com um brilho nos olhos. — E é por ele que preciso ser seletivo com quem entra na nossa vida.
Clara parou por um instante, encarando-o.
— Você está dizendo que…?
Daniel segurou suavemente a mão dela.
— Estou dizendo que não quero que você seja apenas uma lembrança passageira, Clara.
Ela ficou sem palavras. O coração acelerou, e ao mesmo tempo, uma sensação de perigo a envolveu. Algo dentro dela dizia que se entregar àquele homem não seria simples.
De longe, atrás de uma das janelas da mansão, uma mulher observava a cena com os olhos semicerrados. Tinha os braços cruzados e um sorriso amargo nos lábios.
— Então é essa a mulher que está mexendo com Daniel… — murmurou. — Vamos ver quanto tempo ela aguenta nesse jogo.
Era Verônica, a assistente pessoal de Daniel, conhecida por sua eficiência, mas também por sua lealdade extrema — e obscura — ao chefe.
E, naquele instante, começava uma intriga que colocaria Clara no centro de um turbilhão de segredos, mentiras e paixões
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Atualizado até capítulo 78
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