Clara passou o resto do caminho até o colégio em silêncio, ainda atônita com o que havia acontecido. O rosto de Daniel Costa não saía de sua mente. Não era apenas pela elegância impecável ou pela forma magnética como falava, mas pelo contraste curioso entre sua postura rígida de executivo e a humanidade que transpareceu em seus olhos quando quase a atropelou.
Ela entrou na sala de aula, tentando recuperar a compostura. Os alunos já a aguardavam, animados e barulhentos. Clara ajeitou os óculos, apoiou os livros sobre a mesa e, com a voz calma que costumava impor respeito, disse:
— Vamos abrir os livros na página 42. Hoje falaremos sobre o romantismo.
As palavras saíam automaticamente, mas sua mente divagava. O som dos carros freando, o toque firme da mão de Daniel, a intensidade do olhar dele. Clara tentava afastar a imagem, mas era como uma página de um romance que se recusa a ser virada.
Do outro lado da cidade, em um prédio espelhado que dominava a paisagem urbana, Daniel caminhava pelo corredor de sua empresa. O ambiente era sofisticado, cheio de pessoas de terno passando apressadas com pastas e tablets.
— Senhor Costa, temos reunião em quinze minutos. — Informou sua assistente, Júlia, acompanhando seus passos.
— Já estou indo. — respondeu ele, sério, mas a mente longe dali.
Enquanto as vozes de executivos o cercavam, Daniel recordava o momento na rua. A professora de olhar doce, o sorriso nervoso, o jeito simples que contrastava tanto com o mundo em que ele vivia. Ele estava acostumado a encontros frios, negócios, contratos. Mas aquela mulher... havia algo diferente.
Júlia notou sua distração e arriscou:
— Está tudo bem, senhor?
Ele piscou, voltando ao presente.
— Sim, claro. Apenas pensando em alguns números.
Mas não eram números. Eram palavras. Era “Clara Martins, professora de literatura”.
Naquela noite, Clara chegou em casa cansada. O pequeno apartamento era aconchegante, cheio de livros empilhados em prateleiras, plantas nos cantos e uma luminária amarelada que dava ao espaço uma sensação de lar. Preparou um chá de camomila e se sentou no sofá, abrindo um dos cadernos dos alunos para corrigir.
Mas sua caneta parou sobre a primeira redação. Suspirou e, baixinho, murmurou:
— Daniel Costa... por que não consigo tirar você da cabeça?
Nesse exato momento, seu celular vibrou sobre a mesa. Uma mensagem inesperada de um número desconhecido:
“Boa noite, Clara. Aqui é Daniel. Consegui seu contato com o diretor do colégio. Espero não ser invasivo, mas… não consegui deixar de pensar em você desde hoje cedo.”
O coração dela acelerou. Os dedos tremeram antes de digitar a resposta.
— “Boa noite… confesso que fiquei surpresa com sua mensagem. Achei que já teria esquecido esse encontro.”
A resposta veio quase imediata:
“Esquecer? Pelo contrário. Quero me redimir do susto que causei. Aceitaria jantar comigo amanhã?”
Clara mordeu o lábio, hesitante. Sabia que aquele convite poderia mudar muita coisa. Ele era um CEO poderoso, um homem do qual todos falavam. Ela, apenas uma professora simples. Dois mundos tão diferentes…
E, ainda assim, havia algo dentro dela que a empurrava para aceitar.
— “Amanhã… sim. Aceito.” — respondeu, antes que a coragem escapasse de seus dedos.
Ao enviar a mensagem, encostou a cabeça no sofá e fechou os olhos. Sentia-se como uma personagem de um romance que estava prestes a viver um capítulo inesperado.
Do outro lado da cidade, Daniel sorriu pela primeira vez em semanas ao ler a resposta.
O destino havia acabado de unir duas vidas improváveis.
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Atualizado até capítulo 78
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