A madrugada caiu pesada sobre a casa silenciosa. Ayra rolava de um lado para o outro em sua cama, incapaz de dormir. O corpo ardia, a mente não parava de repetir cada gesto, cada palavra e, principalmente, cada olhar trocado com Dean. Era uma tortura. Uma parte dela implorava para esquecer, mas a outra clamava para se perder de vez naquele abismo.
Levantou-se, os pés descalços encontrando o chão frio. Sem pensar, pegou um casaco leve e saiu do quarto. O corredor escuro parecia mais longo do que nunca, cada passo ecoando como se a casa inteira pudesse ouvi-la. O coração batia tão forte que Ayra temia que Dean pudesse ouvir mesmo estando a cômodos de distância.
Ao descer as escadas, notou a luz da sala ainda acesa. Ele estava ali. Sentado no sofá, com uma taça de vinho na mão, camisa aberta até o peito, olhar fixo em nada, perdido em seus próprios demônios.
Ayra parou no último degrau, hesitante. Ele ergueu os olhos e a viu. Um silêncio denso tomou conta do ambiente.
— Não consegue dormir? — perguntou ele, a voz baixa, rouca, carregada de algo que ela não soube decifrar.
— Não. — respondeu em quase um sussurro. — E você?
Dean soltou um riso sem humor, erguendo a taça antes de beber. — Alguns pecados não me deixam em paz.
As palavras pairaram no ar como uma confissão velada. Ayra sentiu o estômago se revirar. Aproximou-se lentamente, cada passo aumentando a tensão entre eles. Sentou-se no sofá, a poucos centímetros de distância, tão perto que podia sentir o calor do corpo dele.
— E se a paz não for o que você realmente quer? — provocou ela, os olhos cravados nos dele.
Dean a encarou em silêncio por alguns segundos, o maxilar tenso, a respiração pesada. Então, num gesto inesperado, largou a taça na mesa de centro e levou a mão até o rosto dela, segurando-o com firmeza.
— Você não faz ideia do que está pedindo, Ayra — disse, a voz grave, quase um rosnado.
O toque dele queimava. O coração dela parecia prestes a explodir. Os olhos se encontraram num campo de guerra silenciosa, desejo contra razão, proibição contra entrega.
— Então me mostre… — murmurou, sem desviar o olhar.
E foi nesse instante que Dean perdeu a batalha que vinha travando consigo mesmo. Seus lábios se colaram aos dela com uma intensidade voraz, como se quisesse punir e ao mesmo tempo saciar um desejo guardado por tempo demais. Ayra correspondeu com a mesma fome, agarrando-se ao pescoço dele, sentindo o gosto de vinho misturado ao sabor proibido que tanto sonhara.
O beijo foi um incêndio. Não havia mais espaço para dúvidas ou medos. Apenas o choque de corpos que, finalmente, deixavam de fingir. As mãos dele deslizaram pela cintura dela, puxando-a para seu colo num gesto possessivo, desesperado. Ayra arfou contra a boca dele, mas não recuou.
Quando finalmente se afastaram, ofegantes, Dean encostou a testa na dela. Seus olhos ardiam em tormenta.
— Isso… não pode acontecer. — murmurou, mas as mãos ainda a seguravam com força, como se fosse incapaz de soltá-la.
Ayra sorriu de leve, mesmo com o coração em chamas. — Já aconteceu.
Dean fechou os olhos, respirando fundo, como se buscasse algum resquício de controle. Mas o corpo não mentia: ele a queria, mais do que qualquer coisa.
Ayra pousou as mãos sobre o peito dele, sentindo o coração acelerar sob sua pele quente. Aproximou os lábios novamente, roçando-os contra os dele de forma provocante.
— Eu não tenho medo das suas sombras.
Dean a encarou, e naquele instante, soube que estava perdido. Não havia mais volta. Os segredos que escondiam agora queimavam não apenas sob a pele, mas em cada fibra de seus corpos.
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Atualizado até capítulo 51
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