Os dias seguintes foram um verdadeiro campo de batalha invisível. Ayra percebia cada detalhe, cada mudança sutil na maneira como Dean a olhava, mesmo quando ele tentava esconder. E, no fundo, ela sabia que o mesmo acontecia com ela. O silêncio entre eles se transformara em um jogo perigoso — um jogo em que cada gesto era uma provocação velada.
Naquela noite, a casa estava novamente em calma. Clara, como de costume, havia saído para um jantar de negócios, deixando-os sozinhos. Ayra caminhava pela sala, inquieta, sentindo a tensão crescer. Estava ciente de que Dean estava no andar de cima, no quarto que compartilhava com sua mãe, e a simples ideia era suficiente para despertar nela uma mistura insuportável de ciúme e desejo.
Decidiu se distrair. Colocou um filme qualquer na televisão, deitou-se no sofá com uma manta leve sobre as pernas, mas a mente estava distante. Cada cena passava sem que ela prestasse atenção. Tudo o que conseguia pensar era na última vez que estiveram tão perto, no toque quase imperceptível, nas palavras que ardiam mais do que qualquer chama.
O som de passos firmes descendo a escada fez seu coração disparar. Dean surgiu na sala, vestindo apenas calça de moletom escura e uma camiseta preta. Simples, mas nele, tudo parecia carregado de presença.
— Sozinha? — perguntou, lançando-lhe um olhar que fez a respiração dela falhar.
— Minha mãe não volta cedo hoje — respondeu Ayra, tentando soar indiferente, mas sua voz saiu baixa demais, quase frágil.
Dean caminhou até a cozinha, pegou uma garrafa de água na geladeira e voltou, parando atrás do sofá. A proximidade era sufocante. Ayra podia sentir sua presença mesmo sem virar o rosto.
— Você gosta de provocar, não é? — murmurou ele, a voz baixa, carregada de uma acusação sutil.
Ayra mordeu o lábio, erguendo o olhar para ele. — E você gosta de fingir que não percebe.
Um silêncio denso caiu sobre eles. Dean apoiou uma das mãos no encosto do sofá, inclinando-se levemente para frente. O olhar dele a prendeu no lugar, e Ayra teve a sensação de que não conseguia respirar.
— Você não faz ideia de onde está se metendo, Ayra. — O tom era firme, mas os olhos ardiam em contradição.
Ela sorriu de leve, com um ar desafiador. — Então me mostre.
As palavras pairaram no ar como uma faísca prestes a incendiar tudo. Por um instante, Dean pareceu à beira de perder o controle. Sua respiração se alterou, os dedos se fecharam em punho contra o sofá. Ayra sabia que ele lutava contra si mesmo, contra tudo o que era certo — e isso a excitava ainda mais.
Ele se afastou de repente, como se precisasse recuperar o fôlego. Foi até a estante, fingiu procurar algum objeto, mas Ayra percebia cada movimento contido, cada músculo tenso.
O jogo do silêncio continuava. E ela não estava disposta a desistir.
Levantou-se do sofá lentamente, caminhando até ficar perto dele. Parou a poucos passos, tão próxima que podia sentir o calor de seu corpo.
— Você sempre fala de limites… — disse em tom baixo. — Mas até agora, só vejo você tentando não atravessá-los.
Dean virou-se bruscamente, e o olhar que lançou a ela foi devastador. Havia raiva, desejo, culpa e algo mais profundo, algo que Ayra ainda não conseguia nomear.
— Você não entende… — murmurou, mas a voz falhou.
Ela ergueu a mão e, ousada, passou a ponta dos dedos de leve pelo braço dele, subindo até a dobra da manga da camiseta. O arrepio que percorreu o corpo de Dean foi visível.
— Então me faça entender — sussurrou.
O tempo pareceu parar. Ele a encarava como se estivesse diante da própria ruína, mas ao mesmo tempo incapaz de recuar. O silêncio era ensurdecedor, e cada segundo apenas alimentava o fogo entre eles.
Dean fechou os olhos por um instante, respirou fundo e se afastou de novo, quase num gesto desesperado.
— Chega por hoje, Ayra. — A voz estava grave, rouca, carregada de esforço. — Vá dormir.
Ela o observou por alguns segundos, o peito subindo e descendo rapidamente, como se tivesse corrido uma maratona. Por fim, sem dizer nada, virou-se e subiu as escadas. Mas antes de desaparecer no corredor, lançou-lhe um último olhar por cima do ombro.
E foi nesse olhar que ela deixou claro: o jogo apenas começara.
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Atualizado até capítulo 51
Comments
lua 🌙
muito sem vergonha! ela é capaz de matar a mãe pra ficar com ele
2025-09-09
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