Meu nome é Armando Garza, tenho 25 anos e sou o dono absoluto de Novo Império, a empresa número um do país.
Desde pequeno soube qual era o meu destino. Não me desviei nem um centímetro até consegui-lo, mesmo que isso significasse caminhar sobre cinzas alheias. Meu sobrenome carregava uma maldição: meu pai foi acusado de lavagem de dinheiro quando eu era apenas uma criança e isso nos apagou do topo. Tivemos que começar do zero. Ou melhor, eu tive que fazê-lo.
Hoje, como prometi aos meus pais, eles vivem rodeados de comodidades. Eles descansam. Agora é a minha vez.
—Armando, por que Alexa não veio com você? —pergunta minha mãe, levantando os olhos enquanto eu verifico o celular.
—Ela tem coisas para fazer. Assim como eu.
Levanto-me do sofá e minha mãe se aproxima para me abraçar.
—Amanhã quero fazer um jantar em família.
—Mãe, você tem um cartão. Use-o.
—É que seu pai se incomoda... Você poderia falar com ele?
—Tudo bem.
Deixo-a para trás e saio para o jardim. Meu pai está sentado, imóvel, sem sequer olhar para as flores. Aproximo-me e ele, sem se virar para me ver, percebe a minha presença.
—Sua mãe pode fazer o que quiser —diz com voz áspera—. Que ela faça, se ainda quer fingir que faz parte da sociedade que nos cuspiu quando mais precisávamos.
—Pai… para a mamãe é uma forma de escapar de tudo o que aconteceu.
—Mas não com aqueles que nos deram as costas.
Ele fica calado por um segundo, depois muda abruptamente de assunto
—E você e Alexa? Como estão?
—Normal.
—Já têm data para o casamento?
—Sim.
—Quando?
—Em seis meses.
—É muito tempo.
—Eu sei.
Meu celular vibra. É Alexa. Suspiro antes de atender.
—Armando, meus pais querem que você venha esta noite. Querem começar a planejar a festa de noivado.
—Estou ocupado.
—Meus pais estão te esperando. Vão ficar chateados se você não for.
—E você acha que eu me importo? Eu não sou o maldito empregado deles!
—Sinto muito, amor. Eu me viro —responde com sua voz mimada antes de desligar.
—Modere a forma como fala com ela —resmunga meu pai.
Saio sem responder. Estou prestes a entrar no meu Ferrari quando minha mãe aparece apressada.
—Alexa me ligou. Os pais dela estão te esperando esta noite… por que não vamos?
—Já disse a ela que tenho coisas para fazer.
Ela acena com a cabeça, mas não consegue esconder a tristeza em seus olhos.
—Só quero que tudo volte a ser como antes. Temos uma segunda oportunidade… mas pareço um bicho estranho entre você e seu pai.
—Sinto que veja assim. Tenho que voltar para o escritório.
Entro no carro e me afasto daquela casa que, embora luxuosa, sempre me pareceu mais fria que minha cobertura.
Ao chegar, tiro a gabardine. Começou a nevar. A lareira já está acesa. Sento-me em frente a ela, afrouxando a gravata.
Desde criança, não tive opção. Minha mente foi treinada para conseguir isso. Ser o dono de tudo. A qualquer preço.
Meu celular toca. É Julián.
—Armando, suponho que você está celebrando a nova linha de roupas da sua namorada.
—O que você quer? —respondo, esfregando o rosto. Tem sido um dia de merda desde que minha secretária renunciou sem aviso prévio.
—Saiu a vaga, mas você deveria aceitar a candidata que Alexa e os pais dela recomendam. Se não, vai acontecer o mesmo que com a última. Vai acabar renunciando.
—Julian, amanhã preciso de alguém nesse cargo. Pra ontem.
—Você está na sua cobertura? Estou indo para aí.
Desligo, sabendo que ele virá mesmo que eu diga que não. Trinta minutos depois, o elevador toca.
Mas quem entra não é Julián. É Alexa.
Traz um casaco branco que tira assim que entra, deixando ver a lingerie que usa por baixo. Caminha até mim, senta-se nas minhas pernas e coloca as mãos nos meus ombros.
—Coloque o casaco. Julián está a caminho —digo, afastando as mãos dela. Em vez de me relaxar, está me irritando mais.
—É Julián… ou Violeta?
Ela me olha com raiva.
—Odeio reclamações. Pegue seu casaco e saia da minha casa. Vá para casa dos seus pais. Se quiser cancelar o casamento, faça-o.
Ela limpa as lágrimas em silêncio, pega seu casaco e aperta o botão do elevador.
—Está cancelado o casamento.
—Por mim, tudo bem.
As portas se abrem. Julián sai do elevador justamente quando ela entra, fazendo com que as portas se fechem.
—E agora o que aconteceu? Ela encontrou mensagens de Violeta de novo?
Não respondo. Meu olhar diz tudo, que não vou responder. Serve dois copos de vodca.
—Já chegaram os currículos. Escolha um.
—Descarte todas as que já trabalharam como secretárias, as que têm conexões com famílias ricas e as que foram recomendadas pelos Vitres.
—Ok, fora as do clã abutre —diz, rindo. E é que sim, são assim. Carroceiros que só se aproximam quando sentem cheiro de derrota.
—Também descarte as nascidas aqui. Quero alguém que tenha chegado recentemente a esta cidade. Que tenha família. Que precise do trabalho de verdade e não o deixe abandonado.
—Com esses filtros só sobram cinco.
Ele me mostra as opções, mas eu não olho. Continuo vendo o fogo.
—Escolha qualquer uma. Que se apresente amanhã. Preciso urgentemente.
Julián pega o celular e me mostra uma notícia.
> "A modelo Alexa Vitres lança sua nova linha de roupas de verão e expressa seu entusiasmo pelos preparativos do seu casamento com o empresário Armando Garza."
—Impressionante. Sai chorando daqui e cinco minutos depois está em uma live anunciando o casamento com entusiasmo.
E o que mais me surpreende… é que você a suporte. Embora, bem, algo ela deve fazer bem.
Serve mais vodca.
—Às vezes me pergunto por que você a aguenta… mas depois lembro quando a ouvi dizer que você se achava Christian Grey.
—Quem?
—Um cara que gostava de amarrar mulheres na cama e fazer não sei quantas coisas estranhas..... faz elas assinarem não sei o que e mete......
Tiro o copo das mãos dele.
—Jáaaa, vá para a sua casa. Você já está falando besteiras.
Grito segurando a têmpora que pulsa, ele se levanta sem se ofender. Vejo-o partir e bloqueio o elevador. Não quero mais ninguém subindo esta noite.
Subo para o meu quarto, tomo um banho quente, coloco a calça do pijama e me deito na cama.
Dou por terminado o meu dia de merda.
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Atualizado até capítulo 80
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