A cidade parecia mais sombria naquela noite. As luzes amareladas dos postes passavam rápidas pela janela do carro, mas tudo o que eu via era o rosto de Bella na tela, o corte na sua pele, as lágrimas correndo.
Quando estacionei no ponto combinado, Lucca já estava lá, junto com meu pai, Enrico Rossi segurava Thanus, meu fiel amigo e filho de Thor.
Ao lado deles, Marcello e Dominique, prontos para a caçada. Ninguém falou nada no primeiro instante. O silêncio era pesado, como o momento antes de um disparo.
— Maldito, quero arrancar a cabeça daquele maldito. — tio Lucca falava furioso.
Thanus olhava para mim, ele sentia, esperava um aviso, meu pai ao nosso lado assim como todos estava descontrolado, e disse:
— Eu vi a chamada, Leonardo. — A voz dele não tremia, mas o olhar estava carregado. — O que aquele bastardo fez… não vai ficar sem resposta.
Marcello ajeitou o coldre, ele voltou de viagem e veio direto.
— E não vamos esperar muito para cobrar, voltamos com força total.
Meu tio Giovanni se aproximou, os olhos faiscando.
— Ele mexeu com a menina errada. — A frase saiu como um veredito.
Todos tinham visto. Juan mostrou de propósito: Bella amarrada, o rosto marcado, o medo estampado. E quando ele desligou a chamada, deixou no ar um desafio que nenhum Rossi deixaria sem resposta.
A tensão aumentava a cada quilômetro enquanto seguíamos para o casarão abandonado. O rugido baixo no banco de trás me fez olhar para trás: Thanus. O cão estava inquieto, as presas à mostra, como se sentisse meu ódio.
Quando paramos a poucos metros do portão enferrujado, soltei o cinto e virei para ele.
— Hoje você vai comer bem, garoto. — Minha voz saiu baixa, firme, e ele respondeu com um rosnado profundo, como se entendesse exatamente o que eu queria.
Meu pai, tio Giovanni, Lucca, Marcello e Dominique desceram junto comigo. O som de botas contra o asfalto foi a única música na escuridão. O casarão estava à frente, sombras se movendo pelas janelas quebradas.
Meu coração batia forte, não pelo medo, mas pela fúria.
Juan Hernandez tinha cometido dois erros imperdoáveis: tocar no sangue dos Rossi… e achar que poderia sair vivo.
O casarão se erguia à nossa frente como um monstro adormecido, todo de concreto rachado e janelas quebradas. O vento atravessava as frestas, carregando um cheiro de mofo e metal. Eu podia sentir a presença dela ali dentro… e o bastardo que a mantinha.
Dominique estava logo atrás de mim, a mão firme na arma. Pelo rádio, meu pai e Marcello já se posicionavam na lateral esquerda, enquanto Lucca contornava pelos fundos com tio Giovanni. Era como cercar uma presa — mas, naquela noite, eu era o predador.
Empurrei a porta com força. O rangido ecoou pelo saguão vazio, mas não precisei procurar muito. Ele estava lá, no centro da sala.
Juan.
O corpo ereto, a postura arrogante, um sorriso que pedia para ser apagado, seus poucos homens todos atentos, mas ninguém se movia. E ao lado dele… Bella. Amarrada, o rosto marcado, os olhos vermelhos de chorar. Meu estômago virou.
E como se a cena não fosse suficiente para me enlouquecer, um cão enorme — cópia maldita de Thór — estava sentado ao lado dela, rosnando baixo. Juan acariciava o animal como quem exibia uma arma carregada.
— Bonito, não? — ele disse, a voz carregada de veneno. — Igual ao que você usou para arrancar meu irmão do mundo. Hoje ele vai devolver o favor… na sua princesa.
Dominique avançou um passo, mas levantei a mão para contê-lo. Mantive meus olhos em Juan.
— Larga ela, agora. E talvez eu te deixe respirar mais cinco minutos.
Ele riu, puxando Bella pelo ombro para mais perto do cão.
— Um passo em falso, Rossi, e ele arranca a garganta dela antes mesmo de você piscar.
Foi quando fiz. Um som agudo, cortante. Meu assovio.
E pela janela lateral, um vulto negro e ágil entrou como uma sombra viva. Thanus. Ele atingiu o outro cão com um impacto seco, derrubando-o de lado, dentes e rosnados preenchendo o ar, e uma briga feroz, brutal, onde um só sairia vivo.
O foco de Juan se quebrou. Era tudo o que eu precisava. Avancei.
Nossos corpos se chocaram com força, meus homens entraram e nossa família se envolveu. Juan tentou sacar a arma, mas segurei seu pulso e o torci para trás, sentindo o estalo seco. O soco que dei em seguida fez seu sorriso desaparecer.
Thanus mordia o outro cachorro, o sangue que escorria mostrava que meu amigo era bom.
Pelo canto do olho, vi Lucca atravessando a porta dos fundos como uma tempestade.
— Bella! — a voz dele saiu como ordem e promessa ao mesmo tempo. Ele caiu de joelhos, cortando as cordas que prendiam a filha.
Bella soluçava, os olhos fixos em mim e em Juan, mas Lucca a ergueu nos braços e a puxou para fora. Meu pai e Marcello apareceram do outro lado, armas em punho, bloqueando qualquer saída para Juan.
Ele estava acabado, mas ainda teimava em lutar. Eu o joguei contra a parede, sentindo o impacto vibrar pelo meu braço.
— Você mexeu com a pessoa errada. — falei, com a respiração pesada. — E agora vai pagar.
Cada soco que dava nele era pior, usei minha faca tantas vezes que deixei seu corpo uma peneira, podia estender aquilo por dias, mas não podia levar tanta fúria para casa.
Enquanto Thanus mantinha o corpo do cão no chão, meu mundo se resumia àquele momento. Não havia mais barulho, nem vento, nem cheiro de mofo. Só o som da minha própria fúria.
— Thanus. — chamei. — comida garoto.
Juan gritou, mas o destino já tinha sido traçado, era o fim de só mais um, ninguém tocava em nossas mulheres, e Bella era mais do que importante para mim.
— Bom trabalho filho, rápido e agil, vamos para casa. — falou meu pai.
Olhei para meu cão e sorri, o chamei e ele veio, afaguei sua cabeça e seguimos para o carro.
— Limpem tudo. — falei e eles assentiram, e nós voltamos para casa, ali eu tinha uma certeza, vamos resolver isso, não posso mais deixar ela longe.
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Atualizado até capítulo 35
Comments
Dulce Tavares
eu não gosto de cães grandes kkkk 😂 tenho muito medo kkkk 😂😂🤭🤭
2025-08-17
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Irene Saez Lage
É esses cachorros são um perigo cruz credo
2025-08-18
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Simone Silva
parabéns autora pelo seu livro
2025-08-21
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