Medo

Acordei sentindo minha cabeça latejar, quando tentei levar a mão ela estava presa, com a dificuldade de me movimentar veio a lembrança, a corrida, o carro e a batida.

Assim que dei por mim me desesperei, meus braços estavam presos, estava esticada, a cabeça doía tanto que pendia para frente, meus pés estavam presos igual os braços, com medo do que veria olhei a minha frente, o que vi foi assustador.

— Finalmente a princesa acordou, já não era sem tempo. — Lincon gritou enquanto alisava um cachorro muito parecido com o do tio Giovanni.

— O que está acontecendo? Lincon, você nos traiu? — questionei com a voz embargada, eu sempre fui muito sensível, e aquela cena ali me apavorava, lembro das histórias que meu tio contava, de como Thór matava os inimigos ferozmente.

— Trair? Sim, com certeza, me chamo Juan Hernandez, sou irmão de Carlo Hernandez, morto pelo seu primo há três anos, me infiltrar foi fácil, sua família não investigou nada além da ficha de Lincon, e eu não sou ele. Leonardo matou meu irmão, e o maldito cão comeu os pedaços, comprei um cachorro igual, e o ensinei a comer carne, não é difícil, ele come o que mando, e adora o cheiro da dor, ia trazer a princesa Aurora, até ver que você e seu primo tem uma relação... interessante. — ele respondeu, então era isso, ele queria atingir Leonardo me usando, mas ele não se importa tanto comigo.

— Você está louco, Leonardo é meu primo, não tem nada de interessante nisso, nós não temos nenhuma relação além dessa, por favor, me solta, eu não falo nada, só me deixa ir para casa. — Resmunguei tentando me explicar.

Ele levantou sem paciência, e a primeira coisa que ouvi foi o som do rosnado do cão que se se aproximava junto, ele deu um latido, mas parecia mais um trovão, eu podia facilmente me desesperar, mas era isso que ele queria, Lincon me olhava com ódio, e sua mão acertou meu rosto de forma dura, ele usava um anel no dedo que deixou um corte em meu rosto, os homens que estavam ali riam, alguns falavam coisas nojentas sexuais, outros destilavam ódio, mas nada era pior do que a cara do cachorro.

Ele caminhava de um lado para o outro, o cachorro a seu lado, obediente, mas com aquele olhar selvagem que me fazia querer encolher até desaparecer. Cada vez que ele rosnava, meu corpo reagia sozinho, como se o medo tivesse virado um reflexo.

De repente, o som da chamada de vídeo cortou o silêncio do casarão, Juan, como descobri segundos atrás, segurava o celular com um sorriso satisfeito, como quem saboreia a vitória antes mesmo de conquistá-la.

A tela se acendeu, revelando o rosto de Leonardo. Ele estava em pé, ombros rígidos, o maxilar travado como pedra. O olhar azul, normalmente frio, queimava como aço em brasa.

— Onde ela está? — a voz dele saiu grave, cada palavra carregada de ameaça. — seu desgraçado, vou destruir você.

Juan riu baixo, aproximando o rosto da câmera.

— Ah, então o príncipe veio salvar a donzela… Leonardo Rossi. Eu sou Juan Hernandez, irmão de Carlo Hernandez… lembra dele? — fez uma pausa, saboreando a lembrança. — Três anos atrás, você o matou. E o seu maldito cachorro ajudou a acabar com o corpo, agora meu cachorro vai fazer o mesmo, mas vou te esperar.

O silêncio de Leonardo foi curto, mas afiado.

— Eu lembro de cada detalhe, o abusador de crianças, cada um de vocês terá o mesmo fim. — a voz dele ficou mais fria, mais letal. — E vou lembrar de cada detalhe do que vou fazer com você, não preciso do Thór, ou dos filhos dele para acabar com a sua vida.

Juan sorriu, satisfeito, e girou o celular para me enquadrar.

— Veja, Rossi. A sua princesa não está tão perfeita agora… — disse, enquanto o cachorro rosnava baixo ao meu lado.

Eu estava tremendo. Quando meus olhos encontraram os dele na tela, algo dentro de mim cedeu. Leonardo me olhava como se nada mais importasse, como se o mundo inteiro tivesse parado naquele segundo.

— Bella… — a voz dele quebrou levemente, mas logo se firmou, forte, inabalável. — Eu vou te tirar daí. Com a minha vida, se for preciso.

As lágrimas escorriam sem controle. Eu assenti devagar, sentindo minha força se esvair, mas me agarrando àquela promessa como se fosse a única coisa que me mantinha de pé.

— Bonitinha… sabe que ele sente o cheiro, né? — Lincoln sussurrou, inclinando-se para perto, tão próximo que eu podia sentir o hálito carregado. — Medo. Ele adora.

O cachorro se aproximou, a respiração quente batendo no meu rosto, e um arrepio percorreu minha espinha. Eu não conseguia afastar a imagem dele avançando, como meu tio descrevia nas histórias sobre Thór.

— Sai de perto dela, maldito, vou te matar Lincon. — Leonardo gritava, podia ouvir ao fundo meu pai nervoso, e Gael, marido da minha prima.

Foi então que um dos outros homens se moveu para trás de mim. Senti algo gelado encostar na minha pele, um clique baixo, e antes que eu pudesse entender, uma descarga atravessou meu corpo, fazendo meus músculos se contraírem involuntariamente. Meu grito ecoou pelo salão vazio, arrancando risadas deles.

— Não olha para baixo, princesinha — Lincoln debochou, com o celular ainda na mão — Olha para câmera. Quero ver seu primo enlouquecer, quero que eles saibam o que é a impotência de se ver quem ama sofrer.

— Eu vou te matar maldito, por cada grito de dor que a minha filha está dando, o seu vai ser pior. — neste momento que meu pai falava, ouvi um latido, era Thanus, o filho do Thór, treinado pelo Leonardo, era impossível não sorrir, ele viria, eu sei que sim.

Lincon desligou, mas a tortura não acabou.

Eu tremia, não sabia mais se era pelo frio ou pelo pânico. A cada segundo, minha mente gritava o nome dele. Leonardo.

Era como se só ele pudesse arrancar aquele peso do meu peito.

E enquanto o cachorro permanecia sentado, imóvel, observando cada mínimo movimento meu, eu entendi que Lincoln não queria apenas me machucar. Ele queria que eu acreditasse que Leonardo não viria. Que eu estava sozinha.

Mas ele estava errado. Eu conhecia o olhar do meu primo. E aquele na chamada de vídeo… prometia sangue.

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Comments

Irene Saez Lage

Irene Saez Lage

É guerra que o traidor quer é guerra que vai ter surpresa aguarde e verá

2025-08-18

5

Leitora compulsiva

Leitora compulsiva

deve ser uma aflição o cachorro ali querendo te devorar, esse lincon está ferrado

2025-08-18

0

Fatima Gonçalves

Fatima Gonçalves

E QUE SURPRESA ELA TEM RASTREADOR SEU ENERGUMENO

2025-08-20

0

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