O Mistério de Júlia e o Início da Investigação

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Guilherme dirigiu por 40 minutos através das ruas iluminadas da cidade, verificando constantemente o retrovisor para ter certeza de que não estavam sendo seguidos.

Helena havia adormecido no banco do passageiro, seu rosto ainda marcado pela tensão mesmo no sono.

De vez em quando, ela murmurava palavras inaudíveis e Guilherme percebeu que mesmo seus sonhos não lhe ofereciam paz.

Sua cobertura no trigésimo andar de um edifício residencial de luxo, sempre fora seu santuário pessoal.

Um ambiente meticulosamente organizado, onde cada objeto tinha seu lugar específico. As paredes de vidro ofereciam uma vista panorâmica da cidade e o mobiliário minimalista refletia sua personalidade controlada e disciplinada.

Ela despertou sobressaltada, seus olhos se movendo rapidamente pelo ambiente enquanto avaliava possíveis ameaças e rotas de fuga.

Guilherme percebeu que aquela reação era resultado de semanas vivendo em constante alerta e sentiu uma pontada de dor no peito ao imaginar o que uma criança tão pequena havia enfrentado sozinha.

- É seguro aqui? Perguntou Helena, agarrando sua mochila contra o peito.

- Sim, há segurança no prédio, câmeras em todos os andares e apenas eu tenho acesso a este apartamento.

Ao entrarem, Helena permaneceu próxima à porta, seus olhos percorrendo cada detalhe do ambiente. Guilherme notou como ela catalogava mentalmente as saídas, as janelas, os lugares onde poderia se esconder se necessário.

Aquela capacidade de observação aguçada era impressionante para alguém de sua idade, mas também quebrava seu coração ao perceber que ela havia desenvolvido essas habilidades por pura necessidade de sobrevivência.

- Você deve estar com fome. Disse Guilherme, dirigindo-se à cozinha imaculada que raramente usava para algo além de café matinal.

- Eu não quero incomodar... Helena respondeu automaticamente, mas o estômago vazio traiu suas palavras com um ronco audível.

Guilherme sorriu pela primeira vez em horas.

- Não é incômodo quando foi a última vez que você comeu uma refeição completa? Helena baixou os olhos claramente envergonhada.

- Anteontem encontrei algumas frutas que um comerciante jogou fora. Elas ainda estavam boas.

A simplicidade devastadora daquela confissão atingiu Alexandre como um murro.

Sua geladeira estava repleta de comidas caras, que frequentemente estragavam, porque ele preferia jantar em restaurantes sofisticados ou pedir comida entregue por aplicativos.

A discrepância entre seu desperdício inconsciente e a fome real de Helena o fez questionar muitas de suas prioridades.

Ele a colocou sentada no sofá, enquanto preparava sanduíches, um leite quente e os biscoitos.

Guilherme observou Helena explorando cautelosamente a sala de estar.

Ela se aproximou da estante de livros, passando os dedos pelas lombadas, como se fossem tesouros preciosos.

- Você gosta de ler? Perguntou ele.

- Minha mãe me ensinou. Ela dizia que os livros são portas para mundos onde podemos ser seguros, mesmo quando o mundo real não é.

Helena puxou um volume de contos clássicos.

Ela sempre lia para mim antes de dormir, até nas noites mais difíceis.

Guilherme sentiu um nó na garganta.

Ele pegou um copo de leite quente e biscoitos, e o sanduíche e sentou-se à sua frente.

- Helena, eu prometo que vou te ajudar, mas você precisa me contar tudo, ele disse.

- Quem é sua mãe, e por que aquele homem está atrás de você?

Helena, já mais calma e confiante, pegou a mochila e tirou a foto de sua mãe.

- Essa é a minha mãe, Júlia, ela disse.

- Ela é jornalista e estava investigando pessoas muito poderosas. Pessoas que são donas de empresas, que controlam a cidade.

...Guilherme sentiu um arrepio. ...

A descrição era vaga, mas a seriedade com que a garota falava era assustadora.

- O que aconteceu com ela?

- Ela desapareceu há duas semanas, Helena continuou.

- Antes disso, ela me ensinou códigos e rotas de fuga.

- Desapareceu como? Perguntou, embora parte dele já temesse a resposta.

- Ela sabia que algo ia acontecer. E me deixou uma mensagem, me mandou fugir e se esconder, e prometeu que ia me encontrar.

Helena, com a calma de um adulto, explicou sobre a mensagem cifrada e o perigo que a cercava.

Ela contou sobre a perseguição e como ela usou sua inteligência para se manter um passo à frente. Guilherme ouviu tudo, chocado.

- Aquele homem, apareceu três dias depois que minha mãe desapareceu... ela começou.

- Primeiro ele só ficava do outro lado da rua, observando. Depois, começou a me seguir pelos lugares onde eu me escondo para dormir. Ontem à noite, ele tentou me agarrar quando eu estava procurando comida perto do mercado municipal.

A revelação deixou Guilherme em silêncio por alguns momentos. Sua empresa havia lidado com situações delicadas envolvendo informações confidenciais, mas nunca algo que colocasse vidas em risco, especialmente a vida de uma criança inocente.

- Helena, esse homem já te disse o que quer?

Ela balançou a cabeça, mas Guilherme percebeu a hesitação em seus olhos.

- Não exatamente, mas eu ouvi ele falando no telefone ontem. Ele disse que a garota sabe mais do que deveria, e que precisa ser silenciada antes que cause problemas.

Guilherme sentiu sua respiração acelerar.

A situação era mais grave do que havia imaginado inicialmente.

Não se tratava apenas de um estranho perseguindo uma criança vulnerável, mas de algo muito mais sinistro e organizado.

- Onde você tem dormido? Perguntou já formulando um plano em sua mente.

- Em lugares diferentes, estacionamentos, marquises, de lojas, às vezes em prédios abandonados, aprendi que não posso ficar no mesmo lugar duas noites seguidas, senão eles me encontram.

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...(Continua...)...

...ΩΩΩΩΩΩΩΩ 📚📚📚 ΩΩΩΩΩΩΩΩ...

...Ai, ai, ai... ...

...O que vem por aí???...

...Quero a Helena pra mim... como essa criança tem sofrido em tão pouco tempo... ...

...O que mais ela tem a dizer?? ...

...O que vem por aí??...

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